Capítulo um
O silêncio e a solidão
-Só me lembro de vir da festa... Nossa... Eu devo ter bebido muito mesmo! A Pamela e o Pedro me pagam que belos amigos são esses, me deixam dormir sozinha na merda da lanchonete do turco... Ainda depois que o canalha do Téo me trocou por aquela baranga carrancuda da Estela, ele me paga !que fome...vou aproveitar e comer algo escondida aqui, cansei de ser a boazinha.
Abri o freezer e peguei um refrigerante, depois fui até o balcão pegar um pedaço de bolo, mais quando parti, vi que estava estragado, a fome era quase insuportável, quase uma dor, aguda e forte demais, fui até a despensa e peguei uns cheetos e, uns biscoitos sentei no balcão e fui comer, quando terminei, me veio a cabeça de o por que, a lanchonete estaria fechada a essa hora, nem aos domingos aquele vigarista fechava...
-O que houve será que eu bebi demais na festa ontem? Meus pais vão me matar! Tenho que correr pra casa...
Minha cabeça estava confusa, demais com a hora com o silêncio, com tudo... Corri e abri a porta da lanchonete, quando dei de cara com a criatura, o bicho, o ser... Que me causou um congelamento total muscular perdi o fôlego, e o cheiro de morte que ele exalava me causou náuseas, tremi como se estivesse no polo sul, do nada lágrimas escorreram por minha face, e minha única reação, foi me esconder atrás da porta.
Uivos, gritos de agonia chegavam a mim no momento, entrei em pânico, o que era aquilo? O que havia acontecido? Quando aquela criatura passou, tranquei a porta erastejei até o balcão e me escondi.
- meu Deus o que era aquilo? O que tá acontecendo?
Fiquei ali, a noite toda, esperando talvez que alguém aparecesse, mais ninguém apareceu, acho que adormeci, por um tempo e quando vi o dia já estava clareando, fui novamente até a porta e vipela janela , nada daquela criatura, talvez tivesse sido uma alucinação, causada pela fome, e por aquelas comidas estragadas desse turco... Não sei!
- eu tenho que ir pra casa ver meus pais, saber como eles estão...
Corri até a cozinha e peguei uma faca, mesmo com o medo atravessando minha alma, eu tinha que sair dali buscar uma explicação. Mais abri a maçaneta da porta lentamente, ainda tremendo, quando a porta abriu um rangido me assustou, dei um passo, e cautelosamente olhei para fora da lanchonete, a rua estava vazia, só conseguia ouvir os uivos dos ventos, o céu estava preparado para uma chuva, eu tinha que ser rápida dali até minha casa eram dois quarteirões, mais havia uma rua escondida que me daria acesso a minha rua mais rápido. Sai de lá correndo pela calçada, atravessei a rua, corri pela outra calçada, e dobrei pelo pequeno corredor que dava acesso a minha rua, quando dei de cara com um mendigo, nunca pensei que ficaria tão feliz ao ver um mendigo...
- moço! O senhor sabe onde foi parar todo mundo?
- Quem é você? Sai daqui!!! Os demônios! Os demônios! Estão vindo e vão pegar você, vão devorar sua alma, cagá-la no inferno !
-Senhor, quem são esses demônios, que bichos são esses? O senhor viu pra onde foi todo mundo?
- Nãaaao! Eles sumiram! Eu estou com fome, sua vadiazinha, você é um deles não é? Você quer me pegar, mais antes eu mato você!
Ele agarrou minha perna, com aquelas mãos imundas, e suas unhas grandes e enfiou um canivete na minha perna, a dor foi insuportável, nunca tinha sentido algoassim, minha única reação foi enfiar a faca que eu estava em qualquer lugar que o fizesse largar de mim, sem ver enfiei a faca nele, senti ela entrar em sua carne velha ,por suas cartilagens, me senti totalmente enojada, ele soltou um gemido, e eu abri os olhos e vi a faca enterrada no seu ombro, sai mancando, e ele ficou para trás com as mãos agitadas, sem saber o que fazer, entrei em pânico por ter feito aquilo, mas o egoísmo da dor me fez, pensar apenas no meu ferimento, e não no ato que eu havia cometido. Se bem que entre duas vidas você sempre escolhe a sua, a não ser que haja amor no meio ai as coisas mudam.Corri até poder ver minha casa, parecia vazia, o que não me deixou surpresa.