Epílogo

2.5K 232 50
                                    

Quando alguém falar que dor de amor não tem jeito, não acredite. Tem jeito sim, e são magníficas as várias formas que se pode viver o amor.

Eu joguei tudo para o alto e fui atrás de um sonho que eu acreditei que viveria intensamente ao lado do Johnata, mas a vida me mostrou que nem tudo é um conto de fadas, e eu me obriguei a vivê-la da forma que era possível naquele momento.

A morte da minha mãe, o aborto que levou o meu bebê e a briga posterior que tive com o meu pai me deixaram mais forte, me fizeram crescer e assumir as rédeas da minha vida. Não posso negar que, por várias vezes, eu pensei em desistir e jogar tudo para o alto, voltando então para a minha casa, e me submetendo à vontade do meu pai. Mas o destino tinha algo muito bom reservado para mim, e eu não me fiz de rogada, aceitei com prazer o que me foi destinado.

Nos conhecemos assim que eu entrei para a faculdade, ele era o professor mais lindo daquele lugar. Gostei dele logo de cara e, desde então, construímos uma bonita e sincera amizade.

Eu estava destruída, meu coração ainda sangrava pela constante dor que eu sentia em minha alma, e eu ainda chorava todas as noites.

Ele foi o meu refúgio e a minha força em todas as vezes em que eu fraquejei e, sem perceber, cultivamos um sentimento que ambos entendíamos de maneiras diferentes. Ele soube desde o primeiro minuto que era amor, já eu via apenas como uma linda amizade, apesar da atração que me fazia escrava de meus desejos, me levando diretamente para os seus braços sempre que ficávamos a sós.

O reencontro com o Johnata após o trágico acidente, que o levou justamente para a minha mesa de cirurgia, era tudo o que eu precisava para me livrar das sombras do nosso passado. Eu nunca poderia ser feliz ao lado dele, e tampouco lhe proporcionar felicidade. As marcas dos terríveis acontecimentos que se desencadearam desde a última vez que nos olhamos, em meio àquela briga na casa do meu pai, ficaram tatuadas em meu coração, e os fantasmas da vida que sonhamos dividir sempre voltavam para me assombrar. Até eu descobrir que a felicidade de amar alguém e ser amada na mesma proporção sempre esteve ao meu lado, e eu me encontrava cega demais pela minha própria entrega de sentimentos ruins para enxergar. E a luz que novamente iluminou minha vida e o meu caminho tinha nome e sobrenome: Guilherme Avery.

Hoje, sentada aqui nesta grama do parque, observando meu marido e meu filho brincar e correr como se ambos estivessem a mesma idade, eu agradeço a Deus mentalmente por me proporcionar tamanha felicidade. Eu nunca imaginei que poderia ser tão feliz. O Rafael é uma criança muito saudável, apesar de ter sido gerado no ventre de uma mulher que usava drogas. Mas as sequelas não foram tão graves quanto nós temíamos. Ele tem alguns problemas para dormir, mas, com o acompanhamento certo e com todo o amor que dedicamos a ele, nosso filhote só fica melhor a cada dia que passa, nos enchendo cada vez mais de alegria.

Houve um tempo em que eu cheguei a pensar que minha vida se resumiria apenas a seguir a minha carreira e me realizar como a ótima profissional que sou hoje, vivendo a vida de loba solitária no quesito amor. Que bom que eu estava enganada. Sou esposa e mãe dos homens mais lindos do mundo, que fazem todos os meus dias valerem a pena.

Um dia destes, folheando uma revista qualquer, me deparei com uma foto do Johnata ao lado de uma garota. Uma dessas modelos magricelas que se matam pela carreira. A matéria anunciava o casamento que ocorreria naquela mesma semana. Eu fiquei me perguntando se seria outra armação do sangue suga do Wagner para tentar mantê-lo na mídia, já que seu futuro como jogador ficou comprometido. Mas lendo um pouco mais, cheguei a um trechinho que falava de uma gravidez, do pequeno herdeiro da grande fortuna de Johnata Wilder.

Bom, ele também está tendo a chance de recomeçar, e eu torço muito para que ele possa experimentar pelo menos um terço da felicidade que eu vivo em meu dia a dia, ao lado desta garota que será a mãe de seu filho. A maternidade é uma dádiva divina e, mesmo não tendo gerado o Rafael, eu me sinto mais mãe do que qualquer outra mãe. Não que ele tenha substituído o meu primeiro filho, porque ele sempre estará em meu coração. Eu vejo o Rafael como uma segunda chance de ser uma mulher realizada em tudo e completamente feliz.

Meu celular tocou, me tirando de meus devaneios, os homens da minha vida já corriam em minha direção em uma disputa de quem me beijaria primeiro. Claro que o meu pequeno grande homem sempre chegava primeiro, zombando da cara do pai que se fazia de cansado, me deixando ainda mais admirada com o seu ótimo desempenho no papel de pai.

— Eu preciso ir, meus amores, emergência no hospital.

— Sério, meu amor? Eu pensei em levar vocês para almoçar naquele restaurante novo que inaugurou lá perto da clínica.

— Podemos fazer isso no jantar. Agora leva esse rapazinho para comer e vê se não enche ele de besteiras. Você sempre faz as vontades dele e ele precisa comer alguma coisa bem saudável. O dever me chama.

Beijo as minhas duas razões de viver e sigo rumo ao hospital, para me dedicar a segunda coisa que me faz muito feliz: Salvar vidas!

O que é o amor senão zelar pela vida do outro? Há várias formas de amar, mas tudo se resume a cuidarmos uns dos outros, dedicando a cada pessoa um afeto diferente, ainda que não recebamos o mesmo de volta.

"Amar é andar de mãos dadas por esse labirinto estranho e mágico que é a vida. É não perder o outro de vista, mas deixá-lo respirar quando preciso for. É enfrentar o medo do abismo, da verdade, da dúvida, da certeza. É abraçar apertado para curar as dores, tristezas, insucessos. 

É dar um sorriso bobo e inocente no meio do dia, simplesmente por saber que o outro existe".

Fim!!!


Uma paixão sem limites (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora