Capítulo 37

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Estou no meu banheiro, sentada na banheira, ouvindo música aleatórias e bebendo. Já estou no meio da garrafa de whisky, isso está acabando comigo.

- Demetria - Escuto a voz fina de Estela, o que me dá nos nervos - O que está fazendo ? - Ela olhou para mim com os olhos arregalados e começou a rir - VOCÊ ESTÁ HORRÍVEL - Ela não parava de rir, e isso só piorava a situação.

- Se você não sair daqui agora, eu vou cortar a sua garganta com essa garrafa - Disse entre dentes. Ela olhou para mim fingindo estar assustada e riu mais ainda, perdi a paciência.

A minha vontade é fazer um corte bem fundo na perna dela, colocar bosta encima e deixar ela morrer de infecção.

Quebrei a garrafa na pia e coloquei o que sobrou bem perto de seu rosto, ela olhou para mim séria, me desafiando. Eu ia fazer ela sofrer até morrer, mas seria muita burrice da minha parte fazer isso agora.

- Sai daqui - Disse bem devagar - Ela sorriu cinicamente e saiu como se nada tivesse acontecido.

Amanhã é o dia da Ashley, ela sempre caminha de noite. Perfeito para eu dar uma visitinha a ela.

____

No dia seguinte, 19:32

A Dona Maria ficou até mais tarde hoje para cuidar da Estela, porque minha mãe não está em casa, e eu tenho que resolver um problema.

- DONA MARIA - Gritei da escada.

- Já vou - Gritou já subindo as escadas - Precisa de algo ? - Perguntou.

- Eu vou precisar sair para comprar algumas roupas, você pode arrumar o meu quarto ? Eu acabei derrubando uma coisa lá.

- Sim senhora. - Disse indo para o meu quarto.

- Dona Maria ? - Chamei sua atenção. Ela olhou para mim esperando eu dizer algo - Ta precisando de alguma coisa ?

- Não, a sua mãe já fez a compra do mês.

- Não estou falando disso. Quero saber se precisa de roupa ou sapato, alguma coisa desse tipo.

- Não senhora, eu preciso do meu salário inteiro - Disse inocentemente.

- Eu não vou descontar do seu salário, vai ser com o meu dinheiro.

- A senhora não precisa fazer isso. - Disse sem graça.

- Eu vou fazer porque eu quero, irei comprar algumas coisas para você - Disse me retirando.

Se eu fiz isso por bondade ? Claro que não ! A Angelina já morreu, agora a Ashley, depois a Sophie... Eu vou ser a principal suspeita quando a polícia começar a investigar de verdade, porque nós brigamos, e esse seria o meu motivo.

Se eu for no shopping logo após da morte dela, poderei provar que não foi eu, porque irei comprar as coisas com o cartão de crédito.

Coloquei o meu moletom preto que estava no sofá e chamei um táxi, pedi para ele me deixar um pouco longe da casa dela, não deixei ele ver o meu rosto e paguei em dinheiro, tenho que tomar mais cuidado, ser mais profissional.

Fui em direção a casa de Ashley e logo a vi saindo, continuei andando em direção a ela de cabeça baixa. Forcei algumas lágrimas e soltei uns soluços falsos.

- Demi ? - Pergunta ela surpresa.

- Oi, Ashley - Disse derrubando algumas lágrimas.

- Você está bem ? Por que está chorando ? O que está fazendo aqui ? - Perguntou preocupada.

- É que eu briguei feio com a minha mãe e... Eu não tenho ninguém, eu sei que você não quer mais falar comigo, mas eu pensei que...

- Calma, calma. Vem, meus pais saíram. Quer dormir aqui hoje ? - Perguntou com pena da minha "situação".

- Obrigada - Disse forçando ainda mais o choro.

Ela me abraçou e me levou para sua casa, ela me ofereceu um copo de água, mas eu recusei. Não posso deixar minha saliva no copo. Ela me deu lenços para limpar as lágrimas, perguntou se eu queria jantar e tudo. Cadê aquela Ashley que me abandonou no momento mais difícil ? Cadê aquela filha da mãe falsa que só me fez mal ?

- Quer ir para o meu quarto ? Descansar um pouco ? - Ela estava tão preocupada, parecia que sentia culpa e pena.

- Você não ia caminhar ?

- Não vou mais, amanhã eu faço isso. Agora me conta, qual o motivo da briga ? - Perguntou sentando na cama e me chamando para sentar ao seu lado.

- Ela nunca foi como uma mãe, agora quer fingir ser uma. Hoje começamos a discutir feio, então eu sai de casa. - Menti. Sentei ao seu lado e deitei ao seu colo. - Por que está sendo legal comigo ? - Perguntei a encarando.

- Eu acho que eu peguei muito pesado com você naquele dia na escola.

- Está com pena de mim ?

- Culpa, acho que essa palavra define melhor. - Eu deitei na cama dela e fiquei me lembrando das nossas festas do pijama, das nossas conversas bobas e divertidas. Dos nossos momentos felizes. - Vou tomar banho, fique a vontade.

Ela tirou sua roupa e colocou um roupão, pegou sua toalha e entrou na banheira. Fui no banheiro dela e sentei na tampa do vaso sanitário, ela olhou para mim e sorriu.

- Liga a chapinha para mim, por favor ? - Eu concordei com a cabeça e liguei a chapinha na tomada. - Obrigado - Agradeceu ela com um sorriso.

Esperei a chapinha esquentar por mais ou menos 10 minutos, enquanto isso nós ficamos relembrando os nossos momentos e ela ficou falando mal do canalha do namorado dela que eu nem sei quem é. Ela me disse que marcou de se encontrar com ele hoje de madrugada, isso explica a chapinha.
Isso é ruim, ele pode sentir a falta dela e vir aqui, mas ela disse que eles só iam se encontrar 01:00 em frente a uma boate.

- Você poderia evitar tudo isso - Pensei alto.

- Evitar o que ? Que ele me traísse ? - Disse se referindo ao namorado.

- Não - Disse séria.

Ela me encarou confusa e então começou a se levantar devagar, eu rapidamente peguei a chapinha que estava encima da pia, que é ao lado da banheira, e joguei na banheira que ainda estava cheia de água.

Ela ficou parada olhando para mim enquanto morria eletrocutada, depois ela caiu e bateu a cabeça bem forte na banheira.

Que tipo de pessoa coloca a tomada ao lado da banheira ? Essa foi muito fácil, nem me sujei. Quando a chapinha caiu na banheira, a água espirrou na tomada, o que facilitou.

A banheira começou a ficar vermelha, o seu sangue que saia de sua cabeça começou a se espalhar pela água. Que imagem esplêndida

A EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora