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— Você vai morrer. — disse o velho médico, enquanto levantava o óculos de grau que escorregava pelo nariz.
— O quê? — perguntou o jovem paciente, alarmado, do outro lado da mesa.
O médico sorriu.
— A não ser que comece a praticar algum exercício físico. — respondeu, juntando as magras mãos sobre a mesa.
— Mas eu sou tão magro! — disse o paciente, confuso. — Como posso correr esse tipo de risco? — perguntou, apoiando os cotovelos sobre a mesa enquanto encarava o homem.
O médico deitou as costas na confortável cadeira giratória em que estava sentado e soltou um suspiro.
— Magreza não é sinônimo de boa saúde e além do mais, os seus exames revelaram altos índices que indicam perigo para a sua saúde cardíaca. E ainda tem suas taxas de diabetes... — informou, folheando alguns exames.
O rapaz, Rodrigo Rodrigues, aborrecido, jogou o corpo para trás, descansando-o na cadeira de ferro.
— Você sabe que o sedentarismo mata, não sabe? — perguntou o médico, olhando para Rodrigo por cima das grossas lentes de seu óculos.
Rodrigo franziu o cenho, chateado, tentando desviar os seus olhos dos do médico.
— Sim, eu sei... — respondeu, quase num sussurro. — Mas o que vou fazer? Sou péssimo com qualquer tipo de exercício físico. Mal sei andar em linha reta!
— Que tal uma caminhada? — sugeriu o velho, enquanto entregava os exames a Rodrigo. — Ou uma corrida?
Rodrigo pareceu animado.
— É, eu gosto de correr. — respondeu, empolgado. — Quando criança, eu era o mais rápido do meu bairro! — disse, visivelmente orgulhoso.
O médico pareceu honestamente feliz por ele.
— Pois então, o que está esperando homem? Vá correr!
— Farei isso! — disse, levantando. — Obrigado, Doutor! — agradeceu, esticando a mão para cumprimentar o velho.
— Não por isso. — respondeu o médico, apertando-lhe a mão.
Rodrigo saiu do consultório e caminhou animado até em casa. A tarde estava nublada. Ótimo clima.
Ao chegar em casa, ele trocou de roupa.
Vestiu uma camisa regata preta e um short de mesma cor. Calçou um surrado par de tênis Nike, pegou o fone de ouvido e o celular, passou pela cozinha e pegou uma garrafa d'água mineral e saiu de casa em direção a uma quadra de esportes que estaria vazia ou pouco movimentada àquela hora.
Construída em um terreno arborizado e afastado do tumultuado centro urbano, a quadra de esportes era circundada por uma passarela de cimento usada exclusivamente para caminhadas e corridas. Alguns bancos de madeira com estruturas de ferro decoradas espalhavam-se por lá. O mato raso era enfeitado por pequenos arbustos e pedras. As árvores eram uma beleza inspiradora.
Era quase como uma xerox do Jardim do Éden, isto para quem acreditava neste tipo de jardim, é claro. Uma xerox bem borrada, mas ainda assim boa de se ver.
Ouvindo "It's My Life" do Jon Bon Jovi, Rodrigo se aproximava da quadra. Passou pela porta de entrada e olhou ao redor. O lugar parecia estar vazio. Pelo seu lado direito, ele caminhou devagar e começou a arriscar passos mais rápidos.
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Os Estranhos
Short StoryQuem somos nós? O que estamos fazendo aqui? De onde viemos e para onde vamos? A humanidade sempre se fez essas perguntas, mas quase nunca consegue uma resposta satisfatória e unânime. Os seres humanos são complexos, a vida é um mistério e o Planeta...