Não esperava visitas, sempre que você tá mal, por mais que você tenha a necessidade de ter alguém te ajudando do seu lado, você quer ficar só, chorar sozinha.
Era Carol, Daniela e Raiane.
A Ray foi uma grande amiga minha de sala quando estudávamos juntas, sempre que estava mal, ela se sentia no dever de vir falar comigo, e quando ela estava mal, eu fazia o mesmo.
Elas chegaram lá com a desculpa de que queriam me entregar alguns testes do colégio, mas obviamente não era só isso.
- Enária, como tá? -Perguntou Carol.
- Bem. - Digo em tom baixo.
- Tem certeza? tá estranha. - Disse Raiane com expressão de preocupação.
- Deve ser por que estava dormindo, ray. - Respondi cabisbaixa. - Estou ótima gente. -concluí não muito convincente.
Daniela apenas observou, me parecia estar mal.
Carol estava um pouco afastada de mim, a gente não andava tão apegada, mas nunca deixando de se preocupar comigo.
- Certo, fica bem. - Disse elas e saíram.
- Tchau, obrigada por se preocuparem. -digo com sorriso de canto.
Me sentia um lixo, mas do que adiantaria falar alguma coisa, ninguém poderia me ajudar, á dor, já havia se tronado minha conhecida.
No outro dia, resolvi ir pro colégio.
Pelo menos tentei.
Querendo ou não, precisamos aturar certas coisas.
Antes, era eu quem passava na cada de Paloma para irmos ao colégio.
Acreditei que ela não sabia de nada. Então preferi não contar, sentia vergonha de tudo, principalmente do que falaram sobre mim.
A gente sempre ia zoando pro colégio, ou falando sobre musica, já que amamos cantar. Ás vezes saíamos cantando no meio da rua.
Mas só que dessa vez, eu estava quieta, não tinha novidades pra contar, quer dizer, até tinha, mas era somente as coisas ruins que viam me acontecendo.
O caminho para o colégio se resumiu em silêncio, e pra quem anda sorrindo e brincando o tempo todo como eu, obviamente Paloma perceberia o meu comportamento diferente.
Chegamos ao colégio, e ela me chamou em um dos bancos que havia lá, eu fui.
- Que foi Enária? Tá triste. Nunca te vi sorrir hoje. -Disse paloma pausadamente.
Paloma me passou tanta confiança ao me perguntar como eu estava me sentindo.
Eu não deveria deixa-la sem saber das coisas, aliás, ela sempre será uma das pessoas mais importantes da minha vida, em meio á indas e vindas, altos e baixos.
Além de tudo, eu precisava desabafar com alguém.
- É que sabe, não to afim de forçar mais sorrisos, cansei, dizer que estou bem, sem estar, sorrir com a alma chorando, sim, sempre foi o meu forte, mas insistiram acabar até com isso. - Digo de cabeça baixa e deitei em seu colo.
- O que aconteceu? - Perguntou angustiada.
- O Italo. - Respondi.
- O que ele fez? aquela brincadeira era pra ser contigo? e aquelas postagens na internet? - Ela me fazia perguntas sem parar.
- Como sabe disso? - Perguntei retoricamente. - bem, não importa. - concluí.
Eu apenas comecei a chorar em seu colo.
E Paloma, é, ela me protegeu, de tudo, e de todos.
Carol passou algumas vezes, mas ela estava com Daniela, e não falou comigo.
Não sei o por que, nunca soube.
Eu pensei em chama-la, claro, ela sempre me ajudou, mas a sentia distante, mas mesmo assim algo em mim gritava por ela e a ajuda dela naquele momento, eu precisava do seu sorriso.
Só que já tinha cansado de implorar carinho ou atenção de alguém, cansado da vida, de ser quem eu era, até mesmo de toda minha inocência.
Então, não fiz isso, não á chamei, a deixei, nunca gostei de preocupar as pessoas com problemas meus mesmo, e onde eu estava eu fiquei, deitada no colo de paloma.
E foi o melhor lugar que eu poderia ter encontrado naquele momento.
É, nunca esquecerei da forma como Paloma me acolheu, isso é uma certeza.
Ficamos um bom tempo ali, sem falar nada, Paloma nunca foi boa com conselhos, mas ela tem algo puro, capaz de te deixar bem, ela sabe ouvir teu silêncio e te passar confiança.
Tínhamos que retornar para a sala de aula, já que vamos pra escola para "estudar".
- Vamos para a Sala? - disse Paloma e eu assenti.
Cumprimentamos o professor e sentamos em nossos lugares, aqueles inúteis estavam na sala, Paloma avistou meu olhar para todos e me olhou com o olhar de "Calma eu to aqui" e eu tentei me concentrar e prestar atenção na aula.
Era o professor Henrique, foi um bom professor, me ajudou bastante e me fazia sorrir bastante na sala. Mas ás vezes perder o juízo de raiva, pois ele sempre foi bem rigoroso.
Não sabia definir se era aquele professor amigo ou inimigo.
Ele passou seu conteúdo, explicou, mas eu nem muito prestei atenção, e nem fiz chacota durante a aula.
O sinal tocou, onde estava, permaneci e avistei o professor Henrique vindo até a mim.
- Enária não sorriu hoje, um milagre. - Disse ele em tom de brincadeira arrumando seus materiais.
Eu apenas o respondi com um sorriso amarelo e ele se retirou da sala.
O dia inteiro se resumiu no silêncio, apenas com o barulho da minha mente.
Não falei com ninguém além de Paloma, nem mesmo com Carol.
Quando cheguei em casa, fui diretamente para o meu quarto, me tranquei e me deitei no chão.
- O que eu estou fazendo apenas existindo? - Pensei.
Fiquei por horas ali, sem sentido algum, apenas o silêncio reinou.
Meus pensamentos chegavam a me assustar mais que os meus profundos cortes.
Me levantei dali, lavei o meu rosto e amarrei meu cabelo tipo um desses coques e fui entrar na internet.
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O diário de uma vida.
PoesíaO diário de uma vida conta uma história verídica. Bem, quem sou eu?