Capítulo 7: Confissão

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Vê-lo de bermuda atiçava alguns instintos meus que pensava que só existiam nos filmes que assistia. Ele era muito branco, e as pernas mais do que se podia imaginar. Os pelos, entretanto, eram o contraste perfeito. Tentava disfarçar, mas meus olhos sempre voltavam para aquela parte de seu corpo. Depois de admirar as mãos, agora as pernas eram a minha parte favorita do corpo dele.

Thiago estava sentado na cadeira de frente para seu computador, e às vezes girava uma volta inteira e se virava para mim, pedindo ajuda no texto em que escrevia para nosso trabalho de português.

- Você escreve bem melhor, tem certeza que não quer continuar? - Ele me perguntou, me fazendo desviar o olhar da panturrilha para o rosto dele. Sorri ao perceber que ele ficava lindo forjando aquele semblante de cansado.

- Se eu digitar, você não terá feito nada nesse trabalho em equipe. - Disse reforçando a ideia pela terceira vez, já que eu havia dado a ideia para o trabalho, escrito o roteiro da apresentação e feito a maior parte das pesquisas. Ele só teria que redigitar e tentar acrescentar algo que não estragasse o resto do que fiz.

- Para de falar isso, estou começando a achar que você preferia ter feito com a Léo - o bico que ele fez despertou uma gargalhada em mim que caí deitado na sua cama aonde estive sentado o tempo todo.

Se levantou devagar. Colocou as mãos sobre meus joelhos e se curvou diante de mim. Seu rosto estava posicionado na minha frente, e nossos olhos se perdiam na imensidão de cada um. Ele sorriu, se aproximando com os lábios. Eu me levantei, forçando o encontro. Nos beijamos sobre a cama. Quando nos separamos, ele tirou a camiseta e fiquei um pouco sem ar.

- Que cara é essa? - Meu devaneio foi quebrado radicalmente. - Às vezes você me assusta.

Assustaria mais se pudesse ler minha mente, pensei.

Voltei a me sentar. Enquanto o barulho do teclado sendo apertado pelos dedos dele entrava por meus ouvidos, admirava os detalhes do quarto. Havia uma guitarra posicionada atrás da porta e uma cômoda cheia de figuras de ação de super-heróis. Uns cartazes de bandas nacionais espalhado por toda a parede. No espelho, algumas fotos grudadas que eu julgava ser de sua família. Perto do computador tinha uns livros que pelo título me fazia pensar em Direito.

- Você quer ser advogado? - Perguntei, puxando um livro para mim

- É o que dá dinheiro...

- Mas você não tem que fazer algo que gosta? É essa a ideia... faça o que gosta e nunca precisará realmente trabalhar.

- Faça o que gosta e nunca mais precisará viver. Vai morrer de fome. - Thiago puxou o livro da minha mão - Você não vai entender nada.

- Ah, obrigado pelo elogio. - Soltei o livro que disputávamos para ver quem ficaria com ele, me desprendendo do tom sarcástico em minha voz.

- Nem eu entendo direito, Gu... - Devolveu-o junto à pilha a qual pertencia - Acho que terminei aqui. É, terminamos! - Concluiu após passar os olhos pelo monitor.

Girou o corpo junto com a cadeira. Ficou me encarando um tempo que para mim pareceu tempo demais. Meu coração começava a bater mais forte enquanto o silêncio nos pressionava a quebra-lo. Engoli seco. Thiago arqueou as sobrancelhas, como se me desafiasse a fazer alguma coisa. Em resposta, ergui os ombros como se estivesse perguntando o que ele queria. Ele também deu de ombros. Tirou os pés do chão e os colocou na cama, ao meu lado. A perna dele estava mais próxima de mim e juro que queria tocá-la. Desviei os olhos para meu desejo não ser notado.

Thiago pegou o celular e logo em seguida meu celular vibrou. Ele soltou um sorriso quando percebeu que li seu nome no meu visor.

Fala alguma coisa.

Todos os erros que eu cometiOnde histórias criam vida. Descubra agora