Capitulo I - Balada do desajeitado

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A rotina, a minha melhor amiga e ao mesmo tempo inimiga, pois não faço questão de mudar. Mais um dia, mais duas horas de aulas dadas de inglês e pensar que passei anos na universidade para hoje poder apenas dar algumas horas. Ok, não me posso queixar, muitas das minhas colegas nem isso têm, todavia caramba, creio que merecia mais.

Entrei no carro, o rádio começou a tocar. Estou satisfeita, finalmente as rádios portuguesas começaram a valorizar a música portuguesa, todavia já me irritava a moda do Kizomba. Liguei o carro, respirei fundo, afinal estava no meu local de maior privacidade e sorri. Sexta-feira, dia de estar com os amigos e esquecer a monotonia.

Viver no interior, por entre montes não permite termos muitas escolhas. O que valia era as companhias. Vamos ao bar habitual cantar no karaoke, jogar umas cartadas, quem sabe uma matraquilhada, acabando a noite na casa de algum a ver um filme qualquer acompanhado de chá e pipocas.

Segunda-feira, novamente a costumeira, contudo era a ultima semana de aulas. O verão estava a chegar e as aulas a findar. Para mim era sinal de não receber salário no final do mês, mas também era sinal de festas.

– Oh teacher, não quer vir connosco ao concerto dos D.A.M.A a Macedo? Vai ser demais. – perguntou a Matilde assim que o toque se ouviu.

– D.A.M.A? É mais algum daqueles cantores de Kizomba? – questionei sem grande importância, pois sabia o que estava na moda, ou pensava eu.

– Não me diga que não sabe quem são! É somente o grupo sensação do momento. São três rapazes que cantam, dois em modo de hip hop e outro de pop. – meteu-se a Ana juntando-se ao pequeno grupo que se formava. Tudo bem que eu tinha apenas mais seis anos que ela, porém não gostava muito de me enturmar.

– Provavelmente já devo ter ouvido. – matutei.

– Às vezes não sei o que queres e digo ok. – cantaram as duas e eu fiquei tipo com cara de tacho, sem saber o que dizer, afinal de contas essa era uma das minhas músicas favoritas, mas nunca fizera questão de saber de quem se tratavam.

– Pela sua cara vejo que conhece. Ande lá com a gente. – insistiu a Matilde, sorri, sabia bem demais o motivo de tanta persistência.

– Vocês querem é uma boleia. – afirmei a rir.

– Não era somente por causa disso, achamos a Teacher uma fixe, temos poucos anos de diferença. Vejo-a muitas vezes com os seus amigos no bar. – Matilde.

– Eles são lindos. É o Miguel Cristovinho, o Francisco e mais o Miguel Coimbra. Nós já os vimos três vezes. São super simpáticos. – comentou a Carminda animada.

– Quando era do vosso tempo era fanática pelos BackstreetBoys. Sei exatamente pelo que estão a passar. Aposto que já fizeram inúmeras fanfics sobre eles, amores impossíveis. Mas sinceramente não me apetece ir ter com os One Direction tugas. – findei apesar de eu própria gostar das músicas da banda pop britânica.

– Os D.A.M.A nada têm a ver com os OD. – respondeu a Matilde ofendida quase a chorar – Eles são demais, queridos, amigos, então o meu Miguel Cristovinho. Foi super fixe comigo, responde sempre aos meus post no facebook.

– Ora ai está algo bom, os famosos falarem com os fãs, detesto que lá porque são famosos não possam falar com quem lhes dá a falar. – voltei ao passado quando tinha mandado inúmeras cartas aos BackStreetBoys e jamais obtivera resposta.

– A Teacher acabou a universidade faz dois anos, tem 25 anos, os D.A.M.A também estão na casa dos vinte e poucos. – Ana.

– Minhas queridas, vocês sabem que vos adoro mas ir a um concerto desses não me cativa, desculpem. Mas quem sabe um dia. – sugeri animada, todavia fiquei triste ao ver a cara delas. Não é que não gostasse do grupo, mas imaginar-me no meio de miúdas fanáticas, com cartazes a dizerem D.A.M.A façam-me um filho... oh pah, sinceramente já tinha passado essa idade, se bem que se fosse no dos BackStreetBoys pensaria de outra maneira. Mas não, não podia ir com elas. – Simplesmente de momento não faço questão.

Deixa-me aclarar-te a Mente, amigoOnde histórias criam vida. Descubra agora