Capítulo 2

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Entrei pela porta da frente, e por azar, meu pai estava lendo à beira da lareira acesa.
-Está tarde- ele falou
-Digo o mesmo- falei
-Onde estava?
-Agora se importa?
-Sou seu pai- ele me olhou
-Então por quê não age como um?- retruquei
-Sua mãe estava te esperando para cantar parabéns. Você deixou ele esperando, e ela dormiu!- ele berrou
-Falei que tinha planos- comentei
-Até essa hora, Andrew Montez?!- ele berrou jogando o livro forte no chão

Coloquei as mãos no bolso, e o olhei impassível
-Você cheira a álcool- ele falou com nojo
-Whisky, é muito bom- comentei
-Sabe, Andrew- ele caminhou até sua prateleira de bebidas- hoje eu fechei um ótimo negócio na empresa. Um negócio que me fez faturar U$ 350,000,00

Me mexi desconfortável
-Sabe o melhor disso, Andrew? -ele me olhou erguendo seu copo- que nada disso é seu.

Cerrei meus punhos, sentindo a raiva irradiar em mim.
-Sabe, pai- sorri- que se foda você e seu dinheiro. Não quero nada do que é seu.
-Fala direito comigo- ele apontou
-Falo como eu quiser. Quer respeito? Me respeita. Boa noite, e morra com suas notas!

Apressei o passo indo para meu quarto. O álcool aquecia minha mente, me deixando frustrado. Arranquei a roupa do corpo, ficando só de boxe, e me joguei na cama querendo esquecer tudo.

Meu despertador tocou. E se ele tocou é por que é segunda-feira.
Escola....
Eu estava no ensino médio. Quase acabando, o que me dava forças para terminar.

-Bom dia, querido- mamãe me recebeu na mesa
-Bom dia, mãe- falei dando-lhe um beijo na testa
-Como foi seu dia ontem? -ela perguntou
-Ótimo- sorri com as lembranças vagas
-Tome...-mamãe tirou uma caixa de baixo da mesa- pra você
-Mãe. ..- hesitei
-Nem pensar, aceite- ela resmungou

Revirei os olhos e então abri a caixa. Dentro dela havia uma chave. Peguei ela nas mãos confuso
-Seu primeiro carro- ela sorriu animada

Um carro!! Puta merda!
Ouvi papai se engasgar do outro lado da mesa
-Um carro?- ele berrou- você ficou louca?
-Não foi com seu dinheiro de merda, George!- mamãe retrucou
-Mãe, eu não acho que...-falei tentando recusar
-É um Jeep preto- ele contou

Um Jeep! Ai caralho!
-Um Jeep? -indaguei, sem palavras
-Sim. Seu presente, sem devoluções- ele piscou
-Obrigado, mãe- abracei ela contente
-Sr. Andrew- Alfredo chegou
-Sim?- olhei para ele
-Sua correspondência, senhor -ele entregou-me uma carta
-Obrigado- sorri

Era minha carta de habilitação. Eu podia dirigir.
-Bem na hora! - mamãe bateu palmas
-Ótimo, agora vá e despedisse dinheiro- papai resmungou
-Com prazer- falei em deboche

Papai me fuzilou com seu olhar e eu girei às chaves no dedo indo me vestir para a escola.
Coloquei minha roupa casual e segui meu caminho para a escola.

-Um carro!- Danillo Indagou quando estacionei na escola- Um Jeep! Uau...
-Foda né? -falei ativando o alarme
-As maravilhas de ser rico- Danillo sorriu

Fechei a cara. Não gostava de que todos me vissem como o riquinho que tem tudo. Na verdade eu não tinha porra nenhuma.
-Ganhei esse carro da minha mãe- contei- e eu já disse que meus pais são ricos, não eu
-Tá, que seja- Danillo sorriu

Danillo vinha de uma família rica também. Os pais deles tinham muitas ações importantes. Então, meus pais adoravam minha amizade com Danillo. E eu gostava também, acho que ele é um amigo legal. No qual eu podia confiar
-Meus pais querem que eu faça direito- Danillo bufou
-E você? -perguntei
-Quero fazer publicidade- ele sorriu- organizar eventos, lidar com o público. Isso é pra mim
-Então, faça o que você quer fazer- dei de ombros
-Fácil falar, Sherlock- ele revirou os olhos

Eu sei como é isso. Meu pai quer que eu me forme em Engenharia, eu não sou bom em matemática e não quero isso. E claro eu disse que não iria fazer, foi assim que ele me odiou, e me odeia. É por isso que ele me trata assim.
E sabe o que acho?
Foda-se, pra mim tanto faz o que ele gosta ou não.
-Andrew, Danillo!- Jonas Kong chegou
-E aí, Jonas- cumprimentei
-Oi, Jonas- Danillo se mexeu desconfortável
-Nossa, que carro- Jonas falou do Jeep
-É do Andrew- Danillo cutucou
-Muito foda, Andrew- Jonas sorriu- tô indo comprar o meu. Talvez compre um assim.
-Vai comprar um carro?- Danillo indagou surpreso
-Vou, recebi hoje- Jonas sorriu mostrando um bolo de notas de mil
-Uau- Murmurei- deve ter um bom trabalho
-Tenho, e tô contratando novo pessoal, se quiserem.
-Qual a faixa de salário? -perguntei
-50 mil pra cima- Jonas sorriu

Mas o quê? ? Meus olhos quase voaram para fora. Danillo fingia se engasgar e eu com certeza queria esse trabalho.
-Fiquei interessado- falei
-Ótimo, vai ter um encontro hoje. Às nove, no Beco furado, vai lá- Jonas falou
-Beleza- pisquei
-Danillo vai também? -Jonas olhou para Danillo
-Não, eu não tô afim de trabalhar durante período escolar- Danillo falou em tom de agradecimento
-Ok. Até à noite, Andrew- Jonas saiu

Olhei para ele enquanto se afastava. Seu andar confiante como se fosse o dono das ruas, minha mente vasculhava todos os empregos para garotos de 16 anos que pagavam tão bem, mas nenhum chegava a tanto dinheiro
-Isso tá estranho- Danillo murmurou- quem paga 50 mil para adolescentes?
-Por isso fiquei interessado, Aisten- sorri
-Que seja, mas se consegui o emprego, não se esqueça de pagar nossas saídas- Danillo falou recebendo um soco meu de leve no ombro

A campa tocou, e eu fui para a sala de aula. Minha mente ainda ansiosa para esse emprego, e totalmente curioso também.
Me coloquei no fundo da sala recebendo os olhares das garotas, e principalmente de Thalia Jones. Desviei o olhar dela.
Todos sabiam que Thalia tinha uns problemas na cabeça, não que eu tivesse preconceito,mas era melhor manter distância.
-Acho que a Thalia tá afim de você- Zoou Danillo
-Não brinca- adverti- ela tem problemas
-Só comentei- ele ergueu às mãos em ar de inocência

A professora entrou, e eu tentei me ligar na aula.
Meio difícil agora...

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