Calmaria. Capítulo 36

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Tempos atrás diria que aquela era a própria visão do diabo vestido de Prada, mas agora sabia que ali estava sua mãe. O que já era estranho para alguém que nunca tivera uma por mais de um ano, agora era constrangedor e desafiador também. Já pensou se seus pais te pegassem em pleno ato? Era exatamente assim que a loura se sentia: pega em um flagrante.

—É melhor que tome um banho antes de pegar em Alice, senhorita. –Falou Regina encarando a filha e com aquele risinho de lado.

—Se eu fizer isso, receio que ela irá acordar toda a casa. Rsrs. –Contestou inocente aquele "conselho".

—Não se preocupe querida, isso seu Pirata e você já fizeram. Eu vou amamentá-la, enquanto você tira os feromônios do corpo. –Rebateu com tom rouco e determinada.

—É melhor não fazer isso, Regi.... Ma...Regina. –Advertiu aborrecida.

—Emma, a menina não pode ficar esperando o namorico dos pais para poder comer. Ela precisa se alimentar nos horários corretos ou não irá crescer forte e saudável. –Salientou de forma afável, sabia que aquela loira era tão teimosa e cabeça dura quanto o pai. Pra não dizer que era teimosa igual a ela.

Alice ainda chorava quando Swan abriu a porta e fez um gesto para que a avó entrasse primeiro. Na verdade, ela estava dando espaço e permissão para que ela amamentasse a sua filha. Era estranho, mas Alice aceitou de bom grado o seio cheio de leite e o canto de ninar da avó. A manhã passou rápido e logo a família se reuniu para o almoço. Regina fez uma massa com molho branco e comprou um sorvete de maçã verde para a sobremesa, ao menos, isso era o que ela pensava que estava tudo pronto. Mas lidar com uma comilona Emma e com um pré- adolescente entrando na fase da teimosia e puberdade não era bem um mar de rosas.

NA SALA

Regina se distraiu ao ver Hook e Charming cuidado dos bebês. A conversa era mais incoerente que um bêbado defendendo suas teorias. O bom disso tudo é que os bebês soltavam risadinhas gostosas. A antiga rainha estava vermelha e sentia suas bochechas queimarem ao notar que havia voltado a ser a Regina de sua juventude, a boa, pura e mais sociável. Estava serena. Feliz. Num salto, lembrou-se da comida e foi ver se Henry e Emma havia posto a mesa. Estava tudo certo. Exceto o silêncio e vazio que habitava aquele cômodo da casa.

FORA DA CASA

A morena saiu buscando àqueles dois até debaixo da pia, se querem saber. Eles estavam aprontando algo. Quiçá mais uma dessas missões que o pequeno primogênito de Swan adora. Ouviu cochichos que eram provenientes do jardim e quando visualizou bem, avistou a loura e o menino, sentados debaixo da macieira tomando o sorvete que ela tinha comprado para a sobremesa. Cruzou os braços ali mesmo. Estava "soltando fogo pelas ventas" como dizem por aí. Depois de muitos meses Henry pode ver aquele olhar de reprimenda da ex Evil Queen. Ágil ele escondeu sua taça de sorvete. Temia que ela criasse uma bola de fogo e derretesse a taça e as mãos dele no ato de conseguisse.

—Oops! –Balbuciou de olhos arregalados, felizmente já tinha acabado o seu sorvete. Sorriu interiormente pelo feito.

Emma estava com a colher na boca e tragou aquela colherada de sorvete desconfiada. O danado do menino fez uma cara de "Eu não fui pego, se vira!" e havia se dado bem, saiu correndo pra dentro da casa sem ser impedido por Mills.

—Muito bonito, senhorita Swan. Eu sempre disciplinei o Henry e agora terei que fazê-lo com uma mulher na casa dos 30?! –Rezingou. A loira sentiu suas bochechas arderem, aquela reprimenda era tão boba e tão boa? Só podia estar louca mesmo. Lançou um olhar de cachorrinho abandonado para amolecer a fera.

Aquele era um dos muitos momentos que davam à Emma motivos para sorrir verdadeiramente, agora sentia que sua família era o seu motivo e razão de existir. Mesmo tendo Regina e Charming no seu pé as 24 horas do dia, mas pensando bem talvez fosse essa a magia. Esse era o tipo de razão ou motivação que a sua alma triste ansiava para reescrever seu destino. Hook era sua loucura e tranquilidade. Seu delírio. Seu convés e seu único caminho.

—E, portanto, nada de chocolate com canela em Storybrooke por uma semana. -Disse Regina de braços cruzados vendo uma "princesa" com a cabeça no mundo da lua. Saiu com um sorriso maquiavélico nos lábios, enquanto Swan tentava assimilar aquele "castigo".

—Que? Mas...

—É melhor estar à mesa conosco em 5 minutos ou farei com que nunca se descubra o cacau, querida.-Falou antes de entrar na copa e se recostar na pia. Riu com a careta da sua primogênita.

Agora, era ela (Regina) quem se perdia em seus próprios pensamentos, que logo foram interrompidos por um beijo cálido e longo de David. Eram dias de amor. De paz. Tempo de aprender e reaprender a amar, viver e sonhar. Não há dor que não passe. Ferida que não cicatrize. Amor que não se realize quando ambas partes lutam por ele. Mas tudo acontece no tempo certo. Com a pessoa certa.

A Outra Face (SENDO EDITADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora