VII

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"O mundo sempre nos impõe regras."

Nunca fui uma filha ruim, sempre ouço tudo e fico calada quando se é recomendado para que faça isso. A primeira vez que papai disse que eu já tinha um pretendente com bastante riquezas, não protestei, fingi que estava tudo bem, mas quando sozinha inundei meu travesseiro com lágrimas.
E era isso que estava fazendo agora: chorando.
Nunca tive muitas amigas, tenho somente duas. Meus pais sempre foram muito rigorosos com a escolha de minhas amizades. Papai sempre procurava saber mais sobre a família de minhas amigas. Uma vez quando mais nova, fiquei amiga de uma escrava, ela era muito legal e a gente brincava muito. Papai descobriu, ficou uma fera. Não sei o que aconteceu com Ouro, esse era o nome dela. Alguns anos mais tarde ganhei uma égua de papai, dei o nome à ela de Ouro em homenagem a minha doce amiga de infância. Papai então ficou mais atento em minhas amizades. Sempre fui contra esses valores presumidos de papai.
  Pensar no senhor Soteli me fazia querer vê-lo sempre, algo praticamente impossível. Fechei meus olhos na esperança das lágrimas cessarem. E não, elas não pararam. Me segurei para que meus gritos soassem abafados. Logo adormeci.
Acordei e já era tarde. Ouvi relâmpagos e batidas na janela. Fiquei com medo, porém fui ver o que era. Dei passos lentos em direção dos vitrais. Destravei a trinca e lá estava ele. Senhor Soteli. Estava encharcado por conta da tempestade que estava caindo. Seu cabelo estava pingando e ele tremia. Ajudei a entrar em meu quarto.
- Senhor Soteli! - Falei. - O que faz aqui? - Indaguei.

Nada além do depoisOnde histórias criam vida. Descubra agora