Capítulo 6

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Estacionei meu Jeep algumas quadras do local onde realizaria o serviço. Andei pelas ruas pouco movimentadas.
Nova York nunca dormia, mas à rua que peguei estava bem deserta. O relógio marcava 00h15min, vi a loja sendo fechada do outro lado da rua. Encostei-me ao muro esperando ele sair.
A faca estava na minha jaqueta; a arma presa em minha cintura. O envelope com o dinheiro ficou no carro, totalmente protegido como o deixei.
Ouço o sino da loja, e então ele está trancando a porta.
Ele olha para rua, e me lança um olhar nervoso. Pisca várias vezes e saí andando para o lado oposto. Posso sentir seu medo daqui. Coloco as mãos no bolso e vou seguindo caminho poucos passos atrás dele.
Ele está nervoso, com medo, tentando chegar à rua mais movimentada. Eu não posso deixar isso acontecer
-Júlio? -chamei em uma voz calma

Ele parou como se tivesse levado um tiro. Então se virou devagar, andei calmamente até ficar frente a frente com ele.
Ele parecia um cara que tinha muitos devedores. E pelo estado de suas mãos, com certeza usava drogas.
-Sou eu... - ele gaguejou
-Precisamos conversar- falei dando um sorriso sombrio
-Agora? Eu tenho que ir... eu ...não...tenho tempo...
-Melhor arranjar tempo- grunhi

Ele deu um passo para trás e eu balancei a cabeça negativamente
-Melhor não correr- sussurrei
-não?
-Não, isso me pouparia de atirar minha faca e ir buscá-la - falei de um jeito maldoso.

Eu vi o medo em seus olhos, eu sabia que estava fazendo tudo direito.
-Eu vou pagar! - ele falou por fim- você trabalha pra qual? Pro senhor Dok? O Mayer? O Hawin?
-Você tá devendo muito- comentei- Acho que vou fazer um favor pra você.
-Não, por favor, eu vou pagar. .

Avancei segurando ele pelo pescoço e calando sua boca.
-Nós dois sabemos que você não tem dinheiro- falei ameaçador- e também sabemos que você não vai pagar. Meu chefe cansou de esperar por você Júlio.
-Por favor... -ele choramingou
-Lamento cara, Game over! - falei minutos antes de a bala atravessar seu coração

Ele caiu sobre meus pés; a bala atravessou seu corpo. Peguei a cápsula e bala atirada. Colando os dois em um saco e levando comigo. Estava de luvas, claro, então não tinha digitais. Olhei em envolta, e não tinha ninguém, nem câmeras. Olhei para ele, e estava realmente morto.

Entrei no beco escuro saindo da cena do crime. E então, eu sabia que era oficialmente um Assassino de aluguel.

Estava sentado na minha mesa no beco furado, bebendo uma bebida bem forte. Eu não me sentia mal pelo o que fiz, acho que pelo fato de ouvir reclamações e sempre ser tratado como o errado da família, não me levou a me sentir mal.
Não parecia com um garoto de 16 anos, parecia mais velho, mais maduro. Eu estava muito transformado.
O que a falta de apoio faz não é mesmo?
-Grande A- Jonas disse se sentando
-Obrigado por falar bem de mim- sorri
-Ah, por nada... -Jonas sorriu- você me deixou orgulhoso. Soubemos sobre seu primeiro serviço com sucesso. Você foi ótimo
-Obrigado. Tenho que ir para casa se não se importa- terminei minha bebida e me levantei
-Até grande A- Jonas ergueu seu copo

Cheguei em casa me jogando exausto, agradecendo por não ter esbarrado com meus pais. Não demorou muito para eu pegar no sono.

No dia seguinte, acordei disposto. Não queria ir para a escola, mas estava a fim de comprar uma moto preta para mim. Sorri sabendo que tinha dinheiro para isso.
Me levantei sorrindo, tomei um longo banho, meu pai não esperava para ver que não precisava dele para nada.
Saí do meu quarto com uma roupa casual. Passei pela cozinha pegando apenas uma maça e fui comprar minha moto.
Claro que iria precisar ir sem o Jeep.
Andei algumas quadras e peguei um táxi. Hoje o dia estava ótimo.

-O senhor quer essa?- o lojista perguntou apontando para a bela moto preta reluzente
-Essa mesmo, à vista- falei
-Claro... senhor- ele gaguejou

Fechei negócio, pagando com o dinheiro vivo. E para a surpresa de todos, não hesitei em sair de lá dirigindo ela.
Meu capacete era negro com película, eu parecia um motoqueiro fantasma. Senti meu celular vibrar em uma ligação.
-Alô? -atendi parando no acostamento
~Não veio pra aula amor- a voz de Thalia atravessou a linha
-É. .sim..eu tive umas coisas pra resolver- falei
~Pode vim me buscar? Assim podemos sair para algum lugar.
-Claro. Que horas?
~Agora. Saímos cedo por causa da química. O laboratório foi interditado
-Já passo aí- Falei desligando

Dei a partida voando na minha moto.
Os olhares vieram para mim. Thalia tinha um amplo sorriso ao me ver. Parei na frente dela oferecendo-lhe o outro capacete
-Uau, que moto incrível- ela sorriu
-É- sorri
-Tenho medo disso- ela gemeu
-Medo? -questionei
-Sim...
-Relaxa. Não vai acontecer nada- pisquei

Garotas, tão medrosas.
Ela suspirou e subiu na garupa da moto. Dei a partida indo a toda velocidade.

Levei Thalia para dar um passeio, essa coisa de namorados sabe. Ela falava sobre muitas coisas, parecendo uma criança na verdade, andava pela calçada tentando não pisar nas linhas, de mãos dadas comigo. Ela deve ter quase caído umas três vezes
-Sorvete- ela jorrou
-Quer um?- ofereci

Ela assentiu animada. Ela parecia ter 3 anos.
Por quanto tempo eu aguento isso?
Comprei um sorvete de morango e ela o tomou delicadamente.
-Você é o melhor namorado do mundo- ela agarrou meu pescoço dando um longo beijo.

Eu o devolvi, óbvio. Senti meu celular vibrar uma vez. E me afastei, não podia olhar na frente dela, podia ser trabalho.
-Sabe, sua moto é linda, mas prefiro que me leve para passear no carro- ela falou como se fosse uma ordem
-Mas eu prefiro a moto- discuti
-Eu não gosto! -ela bateu pé

Mas o que é isso?
-Thalia, não vamos discutir sobre isso- falei
-Você não me ama mais- ela murmurou.

Olhei para ela vendo sua expressão perturbada. Essa não!
-Não, não, não. Thalia, eu gosto de você. Pare com isso- falei rapidamente
-Não me deixe Andrew! - ela agarrou forte no meu tronco

Oh. Deus me ajude!
-Thalia, vem cá- a puxei sentando em um banco.

Ela estava chorando agora. Abri sua bolsa vendo várias caixas de remédios.
Oh droga! Qual é agora?
-Thalia, qual é seu remédio? -perguntei
-Não! - ela gritou- não preciso disso. Eu não sou louca
-Amor, olha pra mim- ergui seu queixo- você não é louca. Mas, quero garantir que não vá ficar doente. Me mostra o remédio

Ela piscou pegando uma caixa vermelha. Abri a caixa pegando um comprimido. Comprei uma água rapidamente e dei para ela beber, que o fez obediente.
-Ótimo- sorri.

Ela agarrou-me e beijou-me ferozmente. Não sentia nada com isso, além de culpa. Culpa por está enganando ela assim.
Meu celular vibrou mais uma vez.
-Vamos pra casa- interrompi o beijo
-Tá. . .- ela disse sonolenta.

Caminhamos até a moto, e o remédio pareceu mesmo acalmá-la.

RX"

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