INVERNO EM OUTONO

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"Aqueles que se amam e são separados podem viver sua dor, mas isso não é desespero: eles sabem que o amor existe."

Albert Camus

Glicínia, 10 de março de 2010

O sol já se deitava de um lado do horizonte, do outro lado uma montanha de nuvens cinzas já sopravam as folhas do cemitério de Glicínia, que tinha apenas placas de acrílico preto em letras douradas, em cima de um gramado verde límpido e Glicínias bem plantadas no decorrer todo.

Lawrence estava serena debaixo do seu guarda chuva no cemitério de Glicínia, após o cortejo vindo da capela. O óculos escuro era apenas para esconder seus olhos inchados, mirados no caixão de Vincent no centro daquela multidão de familiares, amigos, fãs e alguns guarda-chuvas.

Uma tenda branca cobria o caixão e as ornamentações fúnebre, enquanto pessoas faziam seu rodízio para deixar seu último adeus. Amigos do colegial, da faculdade, do trabalho, da banda e fãs da banda. Quase todos de Glicínia gostavam e tiveram em suas histórias uma parte da história de vida de Vincent. Sr. Frans, o padeiro sempre lembra das vezes em que conversava com um garoto que parecia adulto quando ia comprar pães e doces com ele na sua infância. Sr. Gregori, o dono da antiga cantina que trocava as figurinhas do álbum do seu mais assíduo cliente. Sra. Florence dona da botânica em que toda semana no final do dia, Vincent passava para lhe comprar rosas para Lawrence, e ali sempre ficava para um café e uma boa conversa.
Repórteres ainda faziam a cobertura completa sobre a morte do principal integrante da banda que fez aquela pequena cidade ser conhecida após vencerem um festival nacional de bandas, SoundSun Festival.

"Esta manhã o Vento de Glicínia parou" - Jornal Primeiras Notícias

"Vincent Archier, morre esta madrugada." - A Voz

"Glicínia perde seu grande ídolo" - Jornal de Glicínia

Todos passavam por Lawrence, lhe deixavam seus pêsames e seguiam para deixar algo a Vincent, uma palavra, algum objeto ou apenas umas rosas.
Mas ninguém notava de verdade que quem morrera mesmo aquele dia era Lawrence. Ninguém ali imaginara a dor dela, e não era a perda da pessoa amada, pois para ela, ela não tinha perdido Vincent, ele apenas não estaria mais em matéria ao seu lado.

O nariz fino de Lawrence estava vermelho, o que se destacavam na sua pele branca. Seus cabelos sedosos e ruivos estavam para trás, seguros apenas por um grampo pequeno na altura da nuca.
O físico de uma bailarina logo em alguns dias estaria mais magro debaixo daquele vestido preto, vestido que alguns dias depois viria queimar.

Depois de todos os ritos, desceram o caixão de Vincent pelas cordas em uma estrutura metálica, ao som de sua banda Glicínia Wind, a banda havia perdido o seu melhor guitarrista, compositor e vocal. Puxaram as notas, o público fez a sua parte, cantaram em uma só voz a canção de Vincent, a canção que lhes fizerem vencer o Festival. Cantavam enquanto o vento frio aumentava e a montanha cinza rachava o céu, vibrando as coisas mais leves daqui debaixo. E assim foi até a última placa de concreto ser posta sobre o caixão, sobrando ainda um andar para os familiares seguintes que viessem a falecer.

Todos já haviam partido, Lawrence ainda ficou assistindo os funcionários do cemitério nivelar a terra para logo em seguida colocar o gramado. Sua irmã mais nova Emmily, lhe abraçava convidando-a para partir pois a chuva estava para desabar, Lawrence não respondia.
A chuva caiu, quase não se era possível segurar o guarda chuva com o vento forte. Lawrence enfim seguiu para o carro que lhe esperava na rua interna do cemitério, Rua das rosas, Bateu a porta e seguiu.

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Galera não esqueçam de votar.
E não se preocupem o próximo capítulo já está no rascunho.
Ass. Anderson Fabrício

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