Parecia que cada osso meu estava sendo quebrado, que cada órgão estava sendo perfurado. Eu não conseguia mais gritar, tinha perdido minha voz no segundo dia, tinha perdido a conta de quantos dias eu estive nesse estado doloroso.
Podia ter passado meses ou apenas semanas, eu estava atordoado.
A boa notícia era que a dor começa a diminuir, fiquei aliviado. Depois começou a latejar, isso que era um alívio, sentia minha ferida se cicatrizar e minhas cicatrizes sumirem.
Consegui levantar, sem dor alguma, me sentia vivo, comecei a andar, até que me deparei com um espelho e fitei o ser que reflita lá. Literalmente, o ser mais belo que já vi em toda minha existência, eu mesmo.
Estranhei, porque tinha certeza que eu não era tão belo assim.
Percebi que minha visão e audição estavam mil vezes melhores que antes. Conseguia ver até os micróbios no chão, ouvia passos de lugares tão longe de onde eu estava, com certeza eu estava melhor que antes.
Quando voltei minha atenção pro espelho novamente, meu reflexo havia desaparecido, eu tinha me visto pela última vez.
Isso não me incomodou.
Eu me sentia forte, com disposição de quebrar um tanque no meio.
- Garrett - alguém me chamou. - Garrett - a mesma voz me chamou de novo. Segui a direção da voz e me deparei com uma moça, a mais linda que já tinha visto em toda minha vida. - Ah... Que bom que acordou - ela passou o braço nos meus ombros -, venha vamos conhecer os outros.
Outros. Havia outros como eu. Espera o que eu era? Ainda não tinha me perguntado isso. Tinha perdido o tempo, reparando meu reflexo e me perdendo em meus sentidos. O que eu era? O que eu era? Essa pergunta não se calava em minha mente.
- O que eu sou? - perguntei a mim mesmo.
Parece que a mulher não ligou para minha pergunta. Então eu parei de andar e me virei para ela e perguntei bem pausadamente:
- O. Que. Eu. Sou?
- Você vai saber na hora certa...
- Responda logo, moça.
- Um vampiro. Um mercador da morte. Melhorou?
Um vampiro? Eu era um vampiro?
- Vampiro? - comecei a gargalhar - Eu sou um vampiro? Vampiros não existem, dona.
- Então, me explica o porquê dessa sede de sangue que você está sentindo?
Eu nem tinha reparado, eu estava morrendo de sede. Sede por sangue. Sangue humano.
Dei de ombros e continuei a andar com a moça. Deparei-me com possíveis seis vampiros, cada um com uma aparência mais velha que a outra.
A moça ao meu lado, fez reverência ao mais velho de todos, por instinto repeti o ato dela.
- Garrett - começou a dizer-, este é Victor, o líder desse Clã - ela apontou para a mulher que estava ao lado de Victor - essa é Mary, sua esposa. O filho deles dois - ela apontou para um cara musculoso - Felix.
Felix estendeu a mão para mim e eu a apertei.
- Esses são Emmett, Alec e Chelsea, e eu sou Heidi. Somos o clã primordial, a Realeza Vampírica, e você foi o privilegiado de entrar nesse clã.
Todos em uma só voz disseram:
- Bem-vindo Garrett.Voltei ao mundo real, parece que foi ontem que isso aconteceu, mas faz 215 anos que eu entrei a Realeza.
Meu nome é Garrett, e eu sou um Mercador da Morte. Um Anjo da Noite.
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O Anjo da Morte
VampireA Realeza Vampírica se encontra em perigo. E só tem a ajuda de um único clã. Será que eles irão conseguir derrotar os Lobos?