O tempo passa... até para as mães

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Sérgio estacionou o carro na frente do hospital e observou o vai e vem de médicos e enfermeiras. O hospital de Alvorada havia sofrido algumas mudanças. Estava maior e mais bonito. Parecia que o governo municipal cuidava bem da saúde de seus habitantes.


Ele pegou o buquê do banco do carona e saltou do carro. É claro que sua presença foi notada por algumas enfermeiras que praticamente o devoravam com os olhos. Armado com um sorriso irresistível, Sérgio aproximou-se do balcão de informações.

- Oi, boa tarde. - a recepcionista piscou diante da voz profunda - Eu estou procurando a Dra. Marina Campos.

Ela continuou olhando para ele como se estivesse hipnotizada.

- Oi... Doutora Marina Campos? - insistiu ele.

- Ah, sim! Desculpa. - ela voltou os olhos para a tela do computador. - A Dra Campos está em atendimento agora.

Ele sacou a carteira do bolso e mostrou os documentos dele.

- Eu sou filho dela. Ela não me vê há muito tempo e eu queria fazer uma surpresa. Será que eu posso?

Ela pareceu encabulada enquanto negava com a cabeça. - Desculpa senhor. Mas não é o procedimento usual.

Ele debruçou sobre o balcão.

- Ah, por favor... Você vai ser capaz de impedir um filho a rever a mãe?

A moça olhou para os lados, desconfortável.

Uma enfermeira mais velha chegou até eles.

- Laís, está com algum problema aqui? - a senhora perguntou.

- Não, enfermeira Fernandes. Este rapaz diz que é filho da Dra Campos. Mas ela está em atendimento. Não pode receber visitas. Eu estou explicando isso a ele.

A enfermeira olhou para Sérgio e colocou as mãos na cintura.

- Então é você mesmo, Sergio Campos? Pensei que estava tendo uma alucinação.

- Oi, Rafaella. Eu só queria fazer uma surpresa pra minha mãe. Será que entre um paciente e outro eu não posso falar com ela uns cinco minutos.

- São as regras, garoto. Mas os atendimentos dela já estão terminando. Logo ela estará saindo.

- Ah Rafaella, por favor... - ele se ajoelhou na frente dela deixando a velha senhora envergonhada e arrancando algumas risadas ao redor devido à dramaticidade da cena.

A velha enfermeira começou a ouvir alguns pedidos de "Deixa. Deixa." entre os pacientes. Ela pegou na orelha dele, fingindo apertá-la.

- Você sempre foi um encrenqueiro, Sérgio. Agora resolveu provocar um tumulto aqui no pronto socorro. Vai garoto! Vá ver sua mãe. Cinco minutos ou eu mando o segurança atrás de você, ouvir? - Rafaella permitiu. Sérgio encaminhou-se rapidamente a área interna do hospital.

Ele percorreu o corredor procurando pela pediatria. Percebeu que estava no lugar certo quando viu paredes cheias de bichinhos e várias crianças sentadinhas com suas mães.

Outra vez Sérgio foi alvo de olhares especulativos e apreciativos, embora desta vez mais discretos. Ele reparou que uma única mãe não o olhou. Distraída, ela acariciava os cabelos de um menino de cabelos loiros enquanto fitava a parede à sua frente. Com um sorriso simpático, ele se sentou ao lado dela.

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