Capítulo 17

73 9 0
                                    

Eu sempre me perguntei,nas poucas vezes que eu ia na escola dominical,pra quem não sabe,é um lugar onde a gente aprende mais sobre a bíblia e tudo o mais,enfim,eu sempre perguntei para mim mesma,que,se Deus sabia do presente,passado e futuro,e Ele sabia que a raça humana seria um problema,que um dia Ele ia ter que enviar seu Filho único para morrer por nós,que nem merecíamos,e que,um dia,até teria que enviar um apocalipse pelo caos que o mundo haveria de se transformar,então...por que ele nos criou?

Eu nunca perguntei pros professores da escola,afinal,eu sempre fui tímida na igreja,mas,depois do apocalipse,eu perguntei para Louis,eu estava meio em um momento de, "faça o que puder,questione o que ainda tiver dúvidas,você vai morrer a qualquer momento!" então decidi perguntar para Louis,uma das pessoas que eu realmente considerei como meu pastor,e ele disse exatamente assim:

"Olha,eu acho que a atitude de Deus,pode ser comparada a uma que várias pessoas tem a cada instante,ter um filho,afinal,os pais sabem que eles vão dar trabalho,que vão fugir das responsabilidades,que podem ou não ouvi-los,que podem seguir os caminhos de Deus,ou,talvez,virar um bandido,mas o fato,é que queremos dar a dádiva da vida,mesmo com todas as nossas falhas,meu pai,sua mãe,nos amam,e principalmente Deus,que nos deu a vida,e nos ama ainda mais,incondicionalmente,talvez,se as coisas tivessem sido diferentes,poderíamos viver em um mundo em paz,mas infelizmente,não foi assim,Deus sabe de todas as coisas,até daquelas que a gente nem imagina..."

Eu me comovi com a história,fazia sentido,logo comecei a ficar com saudade do Louis,ele era como se fosse um amigo,não só um pastor,era assim que meu pai pedia pra mim enxergar o pastor que era da nossa igreja,mas,eu nunca tinha entendido bem,achava que nunca ia poder ser amigo de um cara assim,de um pastor,agora eu vivi a experiência,e acho que é assim que a gente aprende,vivendo.

Por que eu estou contando isso? Você deve estar se perguntando,já respondo.

Porque era exatamente isso que eu estava sentindo naquele momento,eu sabia que,além das feridas físicas que eu tinha,eu teria muitas outras emocionais,se eu continuasse a pensar no Gabriel...daquele jeito...mais que um amigo.

Principalmente com a Catarina por perto...pelo jeito que ela interagia com ele,com certeza ela gostaria de mais do que abraços...enfim,ele não sabia que eu gostava dele,Catarina me via só como a amiga do futuro namorado,Paulo não tinha certeza de nada,e,eu,ia continuar calada,pra que falar? Eu ia me machucar mais.

Mesmo assim,eu não conseguia parar de amá-lo,a cada dia mais via nele ainda um pouco das qualidades que eu tinha posto desde o início,exatamente como Deus dava pra mim...e todas as outras pessoas que tinham ficado...Ele ainda tinha misericórdia,afinal,é uma das infinitas dádivas dele.

Me lembrei das minhas antigas amigas,do Maurício,das burradas...será que eles ainda estavam vivos? Não os via desde o dia que eles decidiram fugir do estado...é isso mesmo! Eles quiseram fugir,viver a vida do jeito deles...mas eu...por mais que eu fosse rebelde, ainda tinha bom senso,como iríamos comer? Onde iríamos dormir? Em quem confiar? O mundo era cruel...e não dava trégua pra ninguém,decidi ficar,eles me xingaram até não poder mais,dizendo que eu era uma amiga falsa,que nunca confiava neles,que estava sempre sendo do contra,e que eu era a mais certinha do grupo,eles fugiram um pouco antes das férias começarem,para não dar tão na cara da diretoria,e disseram aos pais que iriam em um acampamento de verão...nunca voltaram.

Passei a última semana na escola sozinha,nem mesmo os solitários queriam falar comigo,bem,eu nunca fui tão legal com eles...

No final das contas,eles se foram,e depois disso nunca mais tive notícias deles,seus pais me ligaram por várias semanas para ver se eles tinham aparecido,se tinham falado pra mim onde iam,mas eu não sabia,não sabia mesmo,eu queria ajudar,mas não podia.

I Segundo Para o Fim do MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora