Capítulo 18

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Os meus pensamentos,eles de novo.

Me fizeram sair dali,eu comecei a andar sem rumo,a andar pra longe,a caminhar,à noite,sem nem olhar direito onde eu estava pisando,eu precisava de tempo,eu precisava de ar,eu precisava de uma pequena "liberdade".

Gabriel viu a minha "loucura",pelo menos foi assim que ele chamou,e começou a me seguir perguntando o que eu estava fazendo.

"Eu não sei eu só...eu só..." comecei a desacelerar o passo.

"Eu preciso pensar sabe?" continuei evitando olhá-lo nos olhos antes que chorasse,mas ele me obrigou a olhar.

"Ei,me conta...no que você está pensando?" ele disse .

"No começo disso tudo,você tinha me perguntado se eu acreditava" coloquei minhas mãos nos ombros dele. "Eu hesitei,mas aceitei,depois de você ter me falado que tinha aceitado também...mas eu tenho medo,eu sou sua amiga...te conheço,você...não parece arrependido...você acredita? Se arrepende? Perdoa o seu pai?" eu perguntei aflita e com muita água nos olhos.

"Por que você se importa com isso Lis?..." ele disse triste.

"Porque um dia,eu quero me encontrar com você Gabriel,em um lugar sem dor,em um lugar sem choro,em um lugar de paz,que só há alegria,eu quero viver uma eternidade ao seu lado!" ele deu um leve sorriso,droga Elisa! Ele vai pensar que você está dando em cima dele...foco!,foco!

"Amigos no céu já pensou?" seu olhar murchou,eu não podia deixar aquela quase xavecada no ar,tinha que contornar a situação,e continuei.

"Mas isso só vai ser Possível se você...se realmente..." as lágrimas me impediram de terminar.

"Eu sei que quem me guardou naqueles escombros foi Deus Elisa,o carro...as nossas fugas...eu com certeza acredito!...e...meu pai...bom,tenho certeza que um dia vou conseguir perdoá-lo por inteiro,mas tenha certeza,eu ainda vou te encher por muito tempo!" nós rimos,ele sempre me fazia rir,mesmo nessas horas.

O abracei,e depois que ele me deixou um pouco sozinha para me acalmar,eu voltei,e eles já estavam dormindo.

Paulo ocupou os dois bancos da frente, parecia um contorcionista de circo,e a Catarina... "acidentalmente" caiu no colo de Gabriel,que,como sempre,havia deixado um espaço para mim, Paulo ainda roncava muito,muito,mesmo.

O lugar era pequeno e desconfortável,mas eu consegui entrar sem acordar ninguém,bem,pelo menos foi o que eu achei.

Gabriel abriu os olhos rapidamente,e,me vendo,sussurrou baixinho que estava me esperando mas que não estava aguentando de sono,eu disse que tudo bem,que as dores haviam melhorado e eu estava melhor,ele sorriu,e eu sorri de volta.

Pensei que ele ia voltar a dormir,mas não,ele continuou ali me olhando,eu fechava os olhos,e,quando abria,minutos depois,ele estava lá novamente,me olhando,feliz,eu olhei para o colo dele,onde Catarina se reclinava,e ele deu um simples sorriso que dizia "olha o ciúmes doninha!",dei uma cara de "isso não é ciúmes" e ele fez que fingiu que acreditava,eu dei uma risada baixinho,e continuei a olhar para ele,que também me olhava.

Cheguei mais perto,não desviando o olhar,bem perto mesmo,ele até ficou apreensivo sobre o que eu iria fazer,não sabia se tomava uma atitude,mas aí eu olhei pra Catarina...eu não podia,não podia!

Só desviei minha boca para a bochecha dele,dei um beijinho e sussurrei: "Obrigada!" e voltei ao meu lugar,voltando a dormir,pude ver o olhar decepcionante nele,e senti o meu também,mas eu não podia fazer isso com a menina,ela o amava,eu sabia que sim.

I Segundo Para o Fim do MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora