Capítulo 48

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 A respiração ofegante de Paulo era visível.

Ele claramente não era o mesmo,e eu com certeza não sabia o que fazer,em um impulso,já estava carregando minha arma para um tiro,eu tentaria acertá-lo em uma área não letal,já que o corpo ainda era de Paulo,e ele tinha sido um bom amigo,eu não iria matá-lo,pena que ele não pensava o mesmo de mim.

A posição parada e gélida que antes ele tomava,foi substituída por um homem em fúria correndo em minha direção.

Atirei no pé dele,começou a sangrar e isso me deu segundos de vantagem,tentei passar por ele no corredor,mas uma cotovelada no meu quadril fez com que eu ruísse de dor e parasse pelos mesmos segundos preciosos que antes eu obtinha.

Ele impressionantemente pareceu não se importar com o pé distribuindo seu líquido vermelho no chão branco do corredor,e atacou novamente com a arma que usava no meio entre meu pescoço e ombro.

Me perguntei por que ele não estava utilizando a arma,afinal ele me mataria bem mais rápido com balas do que com força física,talvez fosse para que eu sofresse mais,mas enquanto ele não utilizava o seu fogo,eu iria utilizar o meu.

Atirei mais uma vez,agora em sua coxa direita,mais uma vez ele ignorou a dor,e bateu minha mão na parede me fazendo derrubar a arma,agora eu não tinha nada além de minhas mãos para defesa.

Ele estava jogado em cima de mim,e eu me assustei muito com o modo como ele rangia os dentes e sussurrava coisas horríveis em meu ouvido com aquela voz satânica.

"Eu vou te trazer comigo Elisa...você vai ser minha...todos vocês serão" ele sussurrava.

"Não!" eu gritei o chutando para longe.

Tentei pegar minha arma novamente,mas meus braços não tinham o comprimento certo,estava muito longe,me arrastei com todo meu corpo para mais perto da arma,e em menos de dois segundos,Paulo novamente subia em cima de mim,agora com a arma em mãos,e pelo jeito que ele a carregava,pretendia usá-la.

Eu novamente estava imobilizada,pés e mãos atados pelo peso de Paulo contra meu corpo,eu não tinha saída,finalmente,depois de tantas escapadas,havia chegado meu momento.

Lentamente comecei a rodar um filme em minha mente,de tudo que eu tinha vivido,e pedia ao Senhor incessantemente para que quando eu estivesse longe daqui,pudesse estar mais perto de Seus braços.

Uma vez que ele carregou a arma,a colocou apontada para minha cabeça,na têmpora esquerda,se ele atirasse eu não teria como sobreviver,um tiro na cabeça não tem volta.

Eu tentava escapar de todas as formas,chamava Gabriel com minha mente,imaginava se ele já estaria morto,se o pegaram,se ele ao menos tinha conseguido ir ao local que havia me falado minutos atrás,impressionante como um pequeno espaço de tempo muda tudo,Há um tempo atrás eu estava feliz com Gabriel,finalmente,e agora,prestes a morrer longe dele,talvez ele nem saiba o que aconteceu comigo,talvez ele nunca saiba que foi seu melhor amigo que me matou.

Escutei o gatilho.

Ele havia puxado.

Uma dor incrivelmente grande percorreu todos os meus neurônios,parecia que eu tinha levado um choque elétrico por toda minha cabeça.

Afinal não era desse jeito que eu imaginava um tiro na cabeça...

Espera aí...se ele já puxou o gatilho não era nem pra mim estar criticando o modo como a bala perfurou meu crânio.

Eu deveria estar morta.

Eu não estou morta?

Não ,eu ainda tenho meus sentidos,eu ainda estou pensando.

I Segundo Para o Fim do MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora