I

20 0 0
                                    


Ainda é cinco para as dez da manhã, quando escuto as discussões de meus pais vindo da sala, mais uma vez eles estão discutindo, só sei que a discussão acabou, quando escuto o motor do Cadillac antigo do meu pai ligar, mais uma vez ele está partindo e dentro de três horas, novamente ele volta, fingindo como se nada aconteceu, tentando disfarçar para que eu não perceba, como se eu não tivesse escutado toda a confusão.

Espero alguns instantes para me levantar e fingir que nada escutei, quando na verdade já tenho escutado toda essa situação a uns quatro meses, é assim quase todos os dias.

Me levanto calço meus pijamas, respiro fundo e abro a porta do meu quarto.

Desço as escadas e lá está mamãe sorrindo, colocando meu café sob a mesa, no começo ela chorava por mais que eu nunca a visse, era notável ver seus olhos vermelhos, mas hoje em dia é quase raro, acho que ela já se acostumou com a situação.

- Bom dia meu bem, já acordou? Fiz panquecas para o café da manhã, tem suco de tangerina na mesa. Coma logo seu pai foi resolver umas coisas na cidade, mas logo está em casa, acordou animadíssimo, sabe como é seu pai né?!

Novamente minha mãe está fazendo aquele tom, ela mesma já inventa alguma desculpa, para que eu não pergunte nada e a pegue de surpresa, mas desde que comecei a escutar suas discussões já não questiono mais nada.

Apenas concordo com a cabeça e sorrio, sirvo meu café enquanto observo ela folhear uma revista, não sei se realmente ela está assim tranquila ou se tudo isso é um teatro, para eu acreditar que nada acontece nessa casa.

Subo para meu quarto e em alguns instantes meu pai chega, com um jornal,

um vinho diferente, e alguma coisa nova para prepararmos para o almoço.

Meu pai deixa tudo na cozinha e sobe as escadas até meu quarto.

- Oi minha pequena - Meu pai bate na porta que já esta entre aberta

- Pequena por enquanto, semana que vem completo dezoito anos não se esqueça

- Mas para mim, você sempre será minha princesinha - Meu pai senta na beira da minha cama e sorri.

Retribuo o sorriso e o observo, gosto de encara meus pais depois que discutem, nunca sei o porque eles brigam tanto, me pergunto isso todo o tempo na cabeça quando os vejo.

Meu pai quebra o silêncio, me pressionando novamente com mais perguntas a respeito do vestibular, que faculdades prestar, qual curso fazer, pra mim realmente é uma pressão e tanto, pois eu ainda não faço ideia do que fazer, mas nesse ponto meu pai é bem chato, pois ele gostaria que eu fosse já bem decidida.

- Aah papai, podemos falar sobre isso na semana que vem ? Até la eu tenho mais tempo de pensar, não completei dezoito anos ainda, dá tempo de pensar mais um pouco - Faço bico e carinha de piedade. Eu realmente não faço ideia do que fazer é tudo muito confuso, tem apenas dois meses que terminei a escola e meu pai já quer me empurra para outra.

Meu pai suspira levanta da cama e antes que pudesse sair, eu já pronta pra ouvir algum comentário a respeito de nossa conversa para deixar claro, que eu não irei escapar. Ele apenas sorri e pede para que eu me apronte iremos almoçar fora.

Respiro aliviada e me visto.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Oct 23, 2015 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Cartas PerdidasOnde histórias criam vida. Descubra agora