Quem eu menos esperava

Capítulo 15

                                 Ethan

Vamos ao aniversário de Robert, irmão de Anna. Estamos dentro do carro. O silêncio me atormenta, mas aproveito cada segundo para apreciar sua beleza.

Ela veste um vestido curto que deixa suas costas e pernas a mostra. É sexy, o vestido, laranja como seus cabelos lisos. Está bonita. Digo isso à ela.

- Obrigada.- Ela responde. Parece nervosa, pois junta suas mãos entre os joelhos e esconde o rosto com o cabelo quando abaixa a cabeça. Não me importo, seus cabelos também são lindos de observar. Tudo é lindo com ela.

Me pergunto se ela me acha bonito também. Se acha, não fala, continua com o rosto abaixado.

Estou no banco de trás com ela. Ela encosta a cabeça na janela logo atrás do motorista, Albert.

- Como está sua mãe, Anna?- Ele pergunta.

- Se recuperando. Do susto, claro. Mas não vai na festa hoje, está muito ocupada.- Ela responde, mas só consigo pensar em sua voz doce e em quanto me encho de alegria só por ouvi-la. Sou sortudo.

Ela está sendo muito breve. Com todos, mas não me importo com todos. Me importo comigo e com ela. Nós dois, juntos.

Está chateada desde aquele dia. O dia em que sua mãe foi para o hospital.

Acabou que o irmão dela estava super bem, só havia um corte logo acima da sobrancelha direita. Ele estava sorrindo e tudo.

"Foi só um susto!" Ele disse.

Naquela mesma noite, logo após sabermos que seu irmão estava bem, cansei de bater à porta do banheiro e pedir a ela para destrancá-la e me contar o que havia de errado.

O que fiz de errado, Anna? Me diga para que conserte. Conserto o mundo para você, só não consigo consertar meu coração pelo o que você está fazendo com ele.

Esmagado, murcho, despedaçado. É sua culpa. Mas eu gosto. Gosto dessa dor, senti-lá me faz feliz, pois se não sentisse, seria porque você não estaria mais ao meu lado.

Odeio o fato de ela não saber o que sinto. Não compreende porque não digo a ela. É minha culpa.

Não digo que tudo com ela ao meu lado é melhor. Ela me deixa feliz. É minha razão, respiração, minhas células. Sem ela eu não serei mais Ethan. Não entende sua importância.

Quero deixá-la feliz, mas tenho medo de que ela não me queira.

Se apaixone por mim, Anna.

As vozes são constantes em minha cabeça implorando por ela.

Não digo nada disso, sou um covarde, medroso. O que ela pensaria? O que diria?

"Está bonita" é tudo o que consigo dizer. Idiota, é isso que penso de mim.

- Ethan?- Ela me puxa das profundezas de minha mente e me salva mais uma vez. Sai do carro. Sorrio ao ganhar mais oxigênio toda vez que ela expira.

- Você vem?- Sorri.

Seu sorriso crava uma estaca em meu peito. Dói não tê-la para mim. A dor de não poder beijá-lá é pior do que morrer de sede.

Ela está em todos os lugares. Caminho para dentro do prédio ao seu lado e tento disfarçar minha obsessão. Falho. Tudo é Anna.

Estamos sozinhos no elevador e o andar se aproxima lentamente. Uma tortura psicológica? Ou física?

Um formigamento percorre meus dedos por não poder simplesmente tocá-lá aqui e agora. Meu toque levaria a um beijo que se transformaria em algo selvagem.

Ou quem sabe encurralá-la contra a parede e perguntar se ela sente o mesmo que eu, se está apaixonada por mim. Pois eu estou por ela.

Mas não faço nada disso. Observo-a abraçar seu irmão e entrar com sua mulher. Sou cumprimentado por ele e convidado para entrar. Aceito.

Ao vê-la sorrindo e brincando com seus sobrinhos gêmeos um nó se faz em minha garganta. Ela olha para mim. O leve aceno com a cabeça indica que é para andar até ela. Meu coração se acelera.

Me imagino com ela e nossos filhos, assim como estamos agora com os filhos de Robert.

Temos 5 meses, Anna.  Você me quer?

Ela não para de me encarar. Quer dizer algo, algo que seus olhos escondem e sua boca perfeita não consegue deixar escapar.

Por que, Anna? Por que faz isso comigo? Não me maltrate tanto assim. Não mereço.

Por que não se lembra de nosso beijo?