Capítulo 1

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Aqueles Olhos

Acordo ainda com os olhos embaçados, e me deparo com um rapaz de pele clara, cabelos castanhos, olhos fascinantemente azuis, nunca havia visto olhos tão lindos iguais aqueles.

- Senhorita estas bem?- diz ele desesperado.

Abro a boca tentanto dizer algo, mais não consigo, me sinto tão fraca e volto a sentir meu corpo pesar. Não sei ao certo quanto tempo fiquei desacordada mais quando enfim abri os olhos me levanto um pouco e dou uma reparada em volta.

Estou sentada em uma cama muito macia, com muitos travesseiros, parece ser um quarto bem aconchegante, ele traz serenidade e a luz do sol que vem da sacada o deixa tão relusente, ouço os passáros cantando que sensação maravilhosa, sinto o perfume das flores no jardim e me lembro de casa, do lago que ficava logo ao lado da relva de folhas delicadas que possuiam pequenas flores brancas em seus galhos...

"O que eu ainda estou fazendo aqui, minha mãe deve estar muito preocupada" - digo a mim mesma saindo de meus devaneios.

Num salto levanto da cama e vou correndo em direção a porta acabo esbarrando em alguém.

Aqueles Olhos Azuis parecem duas Safiras brilhantes me fitando dos pés a cabeça.

- Senhorita até que enfim acordou, estava preocupado, me desculpe eu estava a caçar na floresta achei que fosse um animal por detrás das árvores... sinto muito por seu ombro, me perdoe eu não a vi -Ele diz todo arrependido.

Vejo sincero arrependimento em seus lindos olhos, mais sou rude, orgulhosa, e pensar que esse rapaz irresponsável realmente poderia ter me matado na floresta com aquela flecha.

- Será que não sabes que caçar animais indefesos na floresta é totalmente proibido? - digo furiosa.

Ele abaixa a cabeça e eu saio do quarto com muita pressa. Desço as escadas ele não vem atrás de mim, fico admirada que casa espetacular, tão arejada e espaçosa (diria que até demais comparada com a que vivo com minha mãe na floresta), móveis escuros, paredes brancas... sinto um cheiro delicioso vindo da cozinha, imediatamente meu estômago faz um grunhido alto.

"Oh céus parece que não me alimento a dias" - penso.

Minha mãe deve estar à arrancar os cabelos de preocupação comigo, nunca saí sem avisar e demorei tanto tempo para voltar, o que direi a ela? Ela simplesmente não suporta as pessoas da cidade, diz que são cruéis, traidoras, e que apenas causam o sofrimento de quem é "diferente".

Saio da casa do Olhos de Safira (o chamo assim porque não sei seu nome fui tão arrogante com ele, estava muito brava. Não gosto de pessoas maltratando os animais da "minha floresta", eles são criaturinhas inocentes e não merecem ser maltratados por caçadores cruéis e sem coração como ele), sigo até o final da rua que por sinal é bem extensa. Encontro uma das entradas da passagem secreta por entre as grades de um velho armazém que não era habitado a muito tempo, tenho várias outras passagens secretas caso precise de algo ou esteja correndo perigo.

Minha mãe sabe das coisas por isso fez uma a uma para a nossa segurança até porque apesar de morarmos em uma simples cabana de madeira na floresta que é calma e tudo mais não significa que não ocorra imprevistos.

Chego em casa e procuro por minha mãe, ela está a me esperar na cozinha soltando fogo pelas ventas.

"Estou demasiadamente encrencada, se ao menos a culpa fosse minha de fato..."

Safira CupritaOnde histórias criam vida. Descubra agora