1. Fugir de tudo.

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Sou Camila, tenho 12 anos, apesar das pessoas sempre dizerem que pareço mais velha. Não sei se gosto disso, elas me tratam como se eu fosse adulta e eu tenho apenas 12 anos.
É cansativo demais.
Moro em São Paulo. Literalmente na capital.

3 de fevereiro de 2015.

Mais um ano letivo começa, merda. Escola nova. Não estou preparada.
Vou para uma escola pública.
Como é o primeiro dia, minha mãe me leva.
Minha mãe é até engraçado falar, a gente parece aquelas amigas que se veem quase nunca e quando se veem fica aquele silêncio porquê não tem muita intimidade. Essa é a relação com a minha mãe.
Já estou pronta para escola, estou esperando ela sair do quarto.

"Vamos filha, sua escola é meio longe daqui." Ela diz e pega as chaves do carro, eu apenas concordo com a cabeça e saio com ela.

"Mãe, por quê você escolheu uma escola meio fora de mão para nós?" Digo entrando no carro.
"Porque essa escola é muito boa apesar de ser pública." Ela responde rápido e volta a atenção total para o trânsito que não é pouco. Bom, isso é São Paulo. Um estado/cidade totalmente concentrada somente em dinheiro.

Chego na escola e vou na secretária.
"Bom dia moça, você poderia me dizer aonde é a sala do sétimo C?" Ela olha pra mim de cima a baixo, talvez porque estou só com a camiseta do uniforme e não com a camiseta e a calça.
"É no segundo andar na sala 7." Ela voltou a fazer suas coisas e eu sai me dirigindo até a sala.
Chegando na sala procuro um lugar no fundo.
Me sento na última cadeira bem no canto. Não quero interagir com ninguém agora. Mas parece que as pessoas querem interagir comigo. Uma garota de cabelos longos e preto chega ao meu lado.

"Oi, você é novata né? Meu nome é Maria." Ela diz e esticou a mão.
"Sou Camila, sim sou novata aqui." Digo e estico a mão pegando a dela.
"Bom se você quiser andar comigo e com as minhas amigas pode vim." Ela diz sorrindo, não sei se devo confiar nesse sorriso.
"Ok, qualquer coisa eu te procuro." Digo sorrindo para ela.
Ela balança a cabeça como se tivesse falando sim e vai para k seu lugar.
Não da 5 minutos e a aula começa.
São 3 aulas, o intervalo e depois mais 3 aulas, bom, foi o que me disseram.
O sinal do intervalo toca, e eu só sigo o fluxo dos alunos descendo as escadas.
O intervalo é de 15 minutos.
Voltamos pra sala e mais 3 aulas.
As aulas acabam e eu vou embora sozinha.
Tenho que pegar dois ônibus até chegar em casa.
Depois de quase uma hora no ônibus chego em casa.
Estou sozinha. Como se fosse novidade.
Independente do que acontece durante o dia, vai ser sempre assim, eu sempre fico sozinha no final dele.
Eu sempre choro, sei que não vai adiantar mas é o único jeito de me expressar. Ninguém nunca me viu chorar, até porque depois que choro eu simplesmente dou um sorriso como se nada tivesse acontecido.
As pessoas nunca percebem quando você realmente não está bem. Já me acostumei.
Estou em casa. Nem almocei, estou sem fome.
Deitei na cama e comecei a pensar em tudo.
Por que eu ainda tento ficar nesse mundo? Eu não tenho ninguém além de mim mesma e meus demônios.
Meus demônios são meus medos, minhas fraquezas e minha tristeza.
Isso é literalmente uma merda.
Ano passado foi muito difícil, pessoas falsas, amizades destruidas.
É seria mais fácil fugir disso tudo.

A pequena suicidaOnde histórias criam vida. Descubra agora