A filmadora estava posicionada onde deveria ser o retrovisor de painel, não era desligada nunca e não descarregava, "comia" a bateria do carro desde que roubei-o, por mais que balançasse, não caía, foi bem presa e ficava direcionada para mim de forma que capturasse desde o topo de minha cabeça até um pouco abaixo dos seios e metade do meu ante-braço, meu cabelo rosa pastel com pontas que migravam para o loiro e um pouco de raiz castanho, crescendo, esvoaçava formando uma juba de fios embolados, os olhos verde-escuro brilhavam porque a todo momento eu precisava umedecer-los, o vento entrava muito forte pela janela.
Como havia acabado de amanhecer, eu ainda estava usando um top preto de malha sem mangas, ao vivo era notável que eu estava arrepiada, mas a câmera não tinha resolução boa o bastante, sempre que conseguia sinal a gravação tornava-se online, ao vivo, em meu blog "Insanely Deadly".
Algumas informações adicionais: Eu roubei um carro, uma carteira e matei um cara, não faço a mínima ideia se a polícia já descobriu, postei as histórias detalhadas em meu blog, sabia do perigo mas não é o tipo de história que se deve guardar pra si.
Estou há dois dias longe de casa. Sorrio com os dentes recém-alinhados enquanto batuco com os dedos no volante ao ritmo de "Highway to Hell" da banda "AC/DC", que tocava na playlist.
Não tenho carteira de motorista, recém-completei 16 anos, mas sei o básico porque minha mãe tinha preguiça de dirigir. Joguei as cabeças de alho fora mas mantenho a água benta e um crucifixo comigo, apesar do meu destino.
Minha pele estava oleosa e não tinha a intenção de chegar lá com espinhas, precisava de um banho. A caminho passa por uma região de fazendas e sítios, desacelerei procurando sinais de que algum deles era abandonado. Dois quilômetros e avisto uma casa com mato alto e uma janela quebrada, não tinha cercas, expliquei para a câmera p que eu iria fazer enquanto retirava do porta-luvas um frasco borrifador com água-benta, o crucifixo e uma estaca de madeira suja de sangue humano seco, do banco do passageiro retiro minha jaqueta de couro com logotipos de meus interesses costurados, estava surrada e velha, mas adoro-a. Pensei em pegar o celular mas ele me atrapalharia, me estico até o banco de trás e acabo caindo, meus olhos são levados até o vidro da traseira, fico de joelhos e encontro secas as roupas íntimas que havia posto em cima do porta-malas.
Do lado de fora do carro havia uma pequena estrada de pedras um pouco encoberta por ervas daninhas e mato em suas lacunas. Dentro da casa me certifico de entrar em cada porta que acho e olhar duas vezes ao redor à cada cômodo que entro ou saio, sempre deixando a porta e as janelas abertas e mantendo-me próxima a luz do Sol, todo cuidado é pouco, ainda não era a hora.
A casa era um pouco maior do que parecia por fora, não havia alho em suas janelas então talvez tenha sido abandonada antes do surto, o primeiro banheiro que achei era a segunda porta no segundo andar da casa, uma cortina cobrindo a banheira e limo na pia, ao menos a privada estava fechada. Tranquei o banheiro, abri a janela que ficava ao lado da pia e deixei meus pertences sobre a tampa da privada, o chão de mármore estava muito frio, arrepiei novamente e imaginei o quanto a água estaria gelada, ficando inerte por um tempo de frente para a banheira, como sempre fiz, aquele pequeno temor de ir para a água gelada. Quatro minutos. Finalmente me aproximei da banheira, puxando sua cortina.Uma sensação macia percorreu o tato de meus lábios, levei a mão até a boca por instinto, para não gritar.
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Fuga à Coldtown
FanfictionFanfiction pós-história do livro "A Menina Mais Fria de Coldtown" ou "The Colddest Girl in Coldtown", a história de Tana havia se espalhado pelo mundo após cada detalhe, os amantes de vampiros queriam poder viver o mesmo apesar do risco. Um raio cai...