Assim que chegaram à casa de Shizuka, Luiz sentiu a mão de Sean apertar a sua com força, mais uma vez temeroso quanto ao evento.
— É apenas nossa família, meu amigo — disse, acariciando a mão bronzeada. — Não tem qualquer motivo para ficar nervoso.
— Preciso de um tempo — pediu, respirando fundo. — Apenas alguns minutos.
Assentindo, ele ajeitou Kazuya no colo do pai e desceu do carro, a fim de preparar a cadeira de rodas.
— Quer que fique aqui com você? — perguntou Marcela, ao vê-lo parado à entrada, lançando um olhar preocupado em direção ao carro. — Pelo jeito como se agarrava à sua mão lá no carro, não me parece que ele se juntará a nós tão cedo.
— Não sei... Não posso deixa-lo sozinho — disse, incomodado com a ideia de abandonar o amigo. — Vou tentar conversar com ele. Pode ir na frente, se quiser.
Luiz encontrou Sean com os braços firmemente apertados ao redor de Kazuya, que parecia tentar consolá-lo acariciando os cabelos negros, como quando tentava coloca-los para dormir. Incapaz de conter-se, ele tirou uma foto.
— Não acredito que fez isso! — protestou Sean, ao ouvir o barulho do flash.
— Preciso registrar esse momento para Zuzu! — defendeu-se, com um sorriso inocente. — Além do mais, vocês ficam perfeitos juntos...
— Eu sou perfeito — corrigiu, tentando se arrastar até ele no carro. — Mesmo que, no momento, esteja apresentando alguns defeitos.
Rindo, Luiz tirou o bebê de suas mãos, entregando-o para Marcela que correra para seu lado assim que os viu começarem a sair. Depois, pegando a figura magra e pequena nos braços, ajeitou-o na cadeira de rodas.
— Às vezes, você me lembra um príncipe. Desses de contos de fadas, sabe?
Para ele, aquela era mais uma prova de que o amigo não estava em seu juízo perfeito no que se referia a ele. Desde quando qualquer uma de suas atitudes podia ser qualificada como principesca? Ele era chato, não praticava atividades físicas, gostava de ficar em casa a maior parte do tempo e não era uma pessoa muito dada a eventos sociais. Por mais que estivesse ajudando o amigo em sua recuperação, tinha certeza de que, se um dia tentassem viver um relacionamento, desistiriam na manhã seguinte.
Mas, fragilizado como estava, era até compreensível que o visse daquela forma, certo?
— Quem sabe nos quinze anos de Kazuya ele não pede que eu seja seu par?
Sean riu, surpreso com a resposta.
— Vou me lembrar disso no futuro, pode ter certeza.
Rindo também, Luiz ajudou o amigo a atravessar a parte mais pedregosa da entrada, antes de deixar que ele girasse a cadeira por si só. O corpo do mais velho vinha mudando com toda a série de práticas e exercícios, despertando sua curiosidade.
— Afinal, o que anda fazendo em sua fisioterapia? Sei que te ajudam a tentar andar, mas... Por que está com tantos músculos assim?
O descendente de chineses lançou ao caçula um olhar divertido, visivelmente feliz com o elogio.
— Pascoal é um exagerado — disse, dando de ombros. — Ele se exercita na mesma clínica em que faço a fisioterapia. E, sempre que meu tratamento termina, me coloca para praticar com ele. Diz que os músculos se recuperarão melhor se estiverem mais tonificados.
— Nunca soube que Pascoal malhava em uma clínica...
Sabia que o agente era praticante assíduo de atividades físicas, mas nunca reparara em qualquer problema que o levasse a precisar de acompanhamento médico.
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Em suas mãos (Gay Romance)
RomantizmLuiz Aristóteles Felipe Noel era um nome muito grande, mas ser chamado de Lu pelo melhor amigo não era muito melhor, em comparação. Jamais imaginara que, apesar de toda sua implicância, seria nele que o amigo pensaria na hora de deixar a guarda de s...