Capítulo 8

2.1K 111 32
                                    

Assim que chegaram à casa de Shizuka, Luiz sentiu a mão de Sean apertar a sua com força, mais uma vez temeroso quanto ao evento.

— É apenas nossa família, meu amigo — disse, acariciando a mão bronzeada. — Não tem qualquer motivo para ficar nervoso.

— Preciso de um tempo — pediu, respirando fundo. — Apenas alguns minutos.

Assentindo, ele ajeitou Kazuya no colo do pai e desceu do carro, a fim de preparar a cadeira de rodas.

— Quer que fique aqui com você? — perguntou Marcela, ao vê-lo parado à entrada, lançando um olhar preocupado em direção ao carro. — Pelo jeito como se agarrava à sua mão lá no carro, não me parece que ele se juntará a nós tão cedo.

— Não sei... Não posso deixa-lo sozinho — disse, incomodado com a ideia de abandonar o amigo. — Vou tentar conversar com ele. Pode ir na frente, se quiser.

Luiz encontrou Sean com os braços firmemente apertados ao redor de Kazuya, que parecia tentar consolá-lo acariciando os cabelos negros, como quando tentava coloca-los para dormir. Incapaz de conter-se, ele tirou uma foto.

— Não acredito que fez isso! — protestou Sean, ao ouvir o barulho do flash.

— Preciso registrar esse momento para Zuzu! — defendeu-se, com um sorriso inocente. — Além do mais, vocês ficam perfeitos juntos...

— Eu sou perfeito — corrigiu, tentando se arrastar até ele no carro. — Mesmo que, no momento, esteja apresentando alguns defeitos.

Rindo, Luiz tirou o bebê de suas mãos, entregando-o para Marcela que correra para seu lado assim que os viu começarem a sair. Depois, pegando a figura magra e pequena nos braços, ajeitou-o na cadeira de rodas.

— Às vezes, você me lembra um príncipe. Desses de contos de fadas, sabe?

Para ele, aquela era mais uma prova de que o amigo não estava em seu juízo perfeito no que se referia a ele. Desde quando qualquer uma de suas atitudes podia ser qualificada como principesca? Ele era chato, não praticava atividades físicas, gostava de ficar em casa a maior parte do tempo e não era uma pessoa muito dada a eventos sociais. Por mais que estivesse ajudando o amigo em sua recuperação, tinha certeza de que, se um dia tentassem viver um relacionamento, desistiriam na manhã seguinte.

Mas, fragilizado como estava, era até compreensível que o visse daquela forma, certo?

— Quem sabe nos quinze anos de Kazuya ele não pede que eu seja seu par?

Sean riu, surpreso com a resposta.

— Vou me lembrar disso no futuro, pode ter certeza.

Rindo também, Luiz ajudou o amigo a atravessar a parte mais pedregosa da entrada, antes de deixar que ele girasse a cadeira por si só. O corpo do mais velho vinha mudando com toda a série de práticas e exercícios, despertando sua curiosidade.

— Afinal, o que anda fazendo em sua fisioterapia? Sei que te ajudam a tentar andar, mas... Por que está com tantos músculos assim?

O descendente de chineses lançou ao caçula um olhar divertido, visivelmente feliz com o elogio.

— Pascoal é um exagerado — disse, dando de ombros. — Ele se exercita na mesma clínica em que faço a fisioterapia. E, sempre que meu tratamento termina, me coloca para praticar com ele. Diz que os músculos se recuperarão melhor se estiverem mais tonificados.

— Nunca soube que Pascoal malhava em uma clínica...

Sabia que o agente era praticante assíduo de atividades físicas, mas nunca reparara em qualquer problema que o levasse a precisar de acompanhamento médico.

Em suas mãos (Gay Romance)Onde histórias criam vida. Descubra agora