Capítulo 08 - Baque!

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— Sim — ele afirmou e sem querer me entristeci por dentro, talvez meu semblante também, mas assenti mesmo assim e ele pareceu perceber. Até mesmo ele mudou totalmente a expressão que estava para aflito. Então meu celular tocou e de certa forma aliviou aquela situação desconfortável.

— Alô?

Oi, filha? — era meu pai ao telefone.

— Pai! Tudo bem?

Está sim. E como vão as coisas aí no colégio?

— Bem — bem mal na verdade. E o Gustavo apenas observava.

Que bom. Liguei pra te avisar que vou buscar você no sábado de manhã. Pode ser?

— Claro — respondi feliz, afinal eu me “desligaria” desse lugar por uns dias.

Então até sábado. Beijos.

— Até. Beijos, pai — me despedi e encerrei a ligação.

— O que foi? — Gus, o possível papai, perguntou.

— Nada. Meu pai vem me buscar no sábado.

— Mas ainda vai ao show comigo né?

— Não sei — falei. E não era tanto pela decepção da notícia dele possivelmente ser o pai da criança, eu só não sabia mesmo já que iria para casa.

— Te mando mensagem então e te busco no domingo — disse ele, olhando para a grama ao meu lado.

— Meu pai iria praticamente te obrigar a entrar em casa e nos fazer um questionário.

— Não ligo de responder a este questionário — completou sorrindo mas ainda fitava a grama à sua frente e brincava com ela.

— Já que faz tanta questão assim — comentei. — Tudo bem.

E surgiu aí um silêncio mas acabei voltando ao assunto.

— De quantos meses ela tá? — fiz a pergunta mesmo havendo um lado de mim que não queria saber de nada daquilo, só queria ir embora logo. Já o outro lado, estava lá perguntando o que não fazia diferença nenhuma pra mim.

— Quase dois — ele também não estava nada contente, normal. Notório.

— E você pediu o exame de DNA? — eu não sabia se estava preocupada ou angustiada ao mesmo tempo.

— Ela disse que só vai fazer quando o bebê nascer. Mas na real mesmo, o que ela realmente queria era abortar o nenê só que eu não deixei. Cara, é uma vida dentro dela.

— Que bom que você entende isso — eu disse entre um sorriso amarelo.
— Se você for mesmo o pai, vai ter que sair do colégio?

— Se ela sair contando pra todo mundo, e a diretora ficar sabendo, sim.

Ele não pode ser pai desse bebê.
Ele não pode sair da escola.
Ele não pode. É o meu único amigo.

Mas é muito egoísta da minha parte já que não estou me preocupando com ele ou tampouco com a Maya, só comigo mesma.

— E como você tá com tudo isso? — ele respirou fundo e respondeu:

— Sinceramente? Nem eu sei. Se for meu filho mesmo eu vou ter que assumir, logo a mãe da Maya bota ela pra fora, minha mãe não vai aceitar nada disso, tô muito ferrado — a situação estava grave mesmo, hein.

— Mas ainda tem chance de não ser seu, Gus. Se acalma. Vem cá... — eu disse e o envolvi em um abraço. — Vai dar tudo certo — sussurrei e ele permaneceu em silêncio.

A Volta Por CimaOnde histórias criam vida. Descubra agora