— Sim — ele afirmou e sem querer me entristeci por dentro, talvez meu semblante também, mas assenti mesmo assim e ele pareceu perceber. Até mesmo ele mudou totalmente a expressão que estava para aflito. Então meu celular tocou e de certa forma aliviou aquela situação desconfortável.
— Alô?
— Oi, filha? — era meu pai ao telefone.
— Pai! Tudo bem?
— Está sim. E como vão as coisas aí no colégio?
— Bem — bem mal na verdade. E o Gustavo apenas observava.
— Que bom. Liguei pra te avisar que vou buscar você no sábado de manhã. Pode ser?
— Claro — respondi feliz, afinal eu me “desligaria” desse lugar por uns dias.
— Então até sábado. Beijos.
— Até. Beijos, pai — me despedi e encerrei a ligação.
— O que foi? — Gus, o possível papai, perguntou.
— Nada. Meu pai vem me buscar no sábado.
— Mas ainda vai ao show comigo né?
— Não sei — falei. E não era tanto pela decepção da notícia dele possivelmente ser o pai da criança, eu só não sabia mesmo já que iria para casa.
— Te mando mensagem então e te busco no domingo — disse ele, olhando para a grama ao meu lado.
— Meu pai iria praticamente te obrigar a entrar em casa e nos fazer um questionário.
— Não ligo de responder a este questionário — completou sorrindo mas ainda fitava a grama à sua frente e brincava com ela.
— Já que faz tanta questão assim — comentei. — Tudo bem.
E surgiu aí um silêncio mas acabei voltando ao assunto.
— De quantos meses ela tá? — fiz a pergunta mesmo havendo um lado de mim que não queria saber de nada daquilo, só queria ir embora logo. Já o outro lado, estava lá perguntando o que não fazia diferença nenhuma pra mim.
— Quase dois — ele também não estava nada contente, normal. Notório.
— E você pediu o exame de DNA? — eu não sabia se estava preocupada ou angustiada ao mesmo tempo.
— Ela disse que só vai fazer quando o bebê nascer. Mas na real mesmo, o que ela realmente queria era abortar o nenê só que eu não deixei. Cara, é uma vida dentro dela.
— Que bom que você entende isso — eu disse entre um sorriso amarelo.
— Se você for mesmo o pai, vai ter que sair do colégio?— Se ela sair contando pra todo mundo, e a diretora ficar sabendo, sim.
Ele não pode ser pai desse bebê.
Ele não pode sair da escola.
Ele não pode. É o meu único amigo.Mas é muito egoísta da minha parte já que não estou me preocupando com ele ou tampouco com a Maya, só comigo mesma.
— E como você tá com tudo isso? — ele respirou fundo e respondeu:
— Sinceramente? Nem eu sei. Se for meu filho mesmo eu vou ter que assumir, logo a mãe da Maya bota ela pra fora, minha mãe não vai aceitar nada disso, tô muito ferrado — a situação estava grave mesmo, hein.
— Mas ainda tem chance de não ser seu, Gus. Se acalma. Vem cá... — eu disse e o envolvi em um abraço. — Vai dar tudo certo — sussurrei e ele permaneceu em silêncio.
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A Volta Por Cima
RomanceEduarda Mendes é uma garota ainda em seu período escolar onde é vítima de bullying e acaba descontando toda a raiva da opressão na comida, o que acarreta mais problemas. Tem vergonha em dividir esse problema com os pais que nem são tão presentes ass...