quando eu tinha doze anos eu queria ser uma garota má
o tipo de garota que não fizesse perguntas ("para onde estamos
indo?") que não precisasse de segurança
então eu estive bêbada em banheiros com meninas que
usavam saias curtas no inverno só para serem vistas
& porque eu cresci pálida demais
cresci como aquele tipo de erva
no jardim que os estranho não colhem mas prometem
"um dia essa será a mais bonita,"
porque eu cresci a menina que sabia
como cuidar de crianças
só porque eu nunca seria uma, porque eu cresci
com minhas mãos na boca, cresci a
menina que não falava até alguém dizer "acho que ela não consegue
nos ouvir," cresci
a menina que só os homens tristes e velhos
queriam tocar eu queria
ser a pior de todas, queria ser
a menina que tinha a menor quantidade de
mim mesma para carregar por ai então eu comecei a dar mordidas
de tudo para os meninos
pensei que eu seria menos pesada se eu pudesse
respirar para aqueles que carregavam histórias de horror em livros
que eram mais grossos que o meu o primeiro que eu me lembro tinha olhos
que podiam te ver nua mesmo quando
as mangas compridas do suéter molhadas com ranho escondiam sua pele,
maçante, verde, sonolento & quando eles olhavam para o meu corpo
eles pareciam entediados, eu pensava
então ao invés de "por favor pare" eu disse "traga
seus amigos & eu vou fazer
o que você quiser"
comecei a quebrar coisas como eu fazia quando era pequena,
fiz os mesmos escândalos mas mesmo assim estava arruinada demais para ser uma rainha,
me arrastei aos dezesseis, pedindo pela minha mãe
nos chãos de festas de outras pessoas, dizendo
"mama," já que não havia nenhuma outra palavra
que fizesse sentido quando todo o resto do mundo
se apoiava em algo sólido & eu não,
quando comecei a
apanhar eu dizia isso de novo & de novo mas eu fecho
minha boca mais rápido agora, eu não grito alto,
anos depois do que acontece eu
conseguia conversar em frases reais, como se minha voz precisasse de tempo para a abrir
espaço para algo além do nome dele tomar forma
& estourar
por fora, estourar por dentro, grande, & eu era
virgem, nunca deixei aquilo ir até que eu estivesse sumido
& algumas coisas são roubadas
antes mesmo de você perceber que elas estavam
perdidas, depois de todos os meninos
no parque que me viram eu comecei a sentar
no colo de cada um deles, guardei esse
segredo com uma cabeça decepada que eu mostrava para
os meninos que vieram depois, os que diziam
"para sempre" & eu dizia de volta mas
nunca tinha a intenção, sempre soube desde que
eu era pequena que um menino era gentil até ele ficar duro & distante
sempre soube que meninos correm mais rápido que eu,
não sabia como não ir atrás deles & ossos quebrados
colapsos em valas, sabia
que eu tinha um corpo que não sangrava
& um rosto que não se machucava facilmente então eu continuei
eu sabia que um menino tinha algo a esconder
como uma prece se você crê em
deus & pode ficar de joelhos
mantenha seus olhos secos
tempo o suficiente para fazer com que ele exploda, como fogo ou chuva
você não poderia dizer mas isso cobre seu rosto da mesma forma & se você
sorrir através do que ele traz
se você acha que é feliz, se você acha que ele não vai embora
você vai ver estrelas
como dizem nos filmes,
mas a menina má fica com o mundo inteiro mau, sem lua
sem histórias de ninar, sem papai para conta-las de novo & de novo
& não há homem puro o suficiente para amar
vindo para mim
no final de tudo
algumas meninas crescem como mulheres, se casam em
vestidos brancos, como anjos, são
beijadas, são mortas,
são quentes onde moram
é limpo,
é completo, santo
eu não