Capítulo 1

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Eu me escondo atrás de um arbusto. Não é o melhor esconderijo, mas terá que servir. Há uma mesa com alguns vegetais bem na minha frente. O dono nunca percebe que alguns somem toda semana. É impossível não ouvir a conversa dele com o vendedor ao lado:
-Você leu o jornal de hoje?
-Sim, eu nunca imaginei que estaríamos ganhando.
No começo, eu também não. As criaturas tinham uma grande vantagem, poderes. Mas nós, humanos, somos surpreendente bons em nós adaptar. Um pouco mais de um ano depois do começo da guerra, os cientistas descobriram a fraqueza das criaturas e como usar isso contra eles. Eu não faço a mínima ideia de quem vai ganhar essa guerra e para falar a verdade, não me importo. Eu rapidamente pego alguns tomates, enfio-os na minha mochila e ando para o outro lado da rua. Ouço uma voz:
-Ei! Você!
Eu congelo. Eu conheço essa voz, é o vendedor. Eu dou um paço em sua direção. Eu até poderia correr, mas aí ele estranharia. Ele diz:
-Você não é aquela garota que apareceu no jornal no outro dia?
-Não, você deve estar enganado.
-Boa tentativa, mas eu sei que foi você.
Ele começa a rir e eu continuo a andar. Apenas um texto e uma foto, lá no final. Eu nunca imaginei que alguém perceberia. Eles me chamaram de Garota fugitiva. Eu imaginaria que eles teriam coisas mais importantes do que uma adolescente que não está de nenhum dos lados. Eu imagino como eles descobriram, tenho feito praticamente tudo para ser invisível.
Pego a minha chave e destranco a porta da casa da minha tia. Ela me ofereceu a casa e, como ela nunca está aqui, eu aceitei.
Vou para a cozinha para deixar os tomates na geladeira. Passo em frente da janela quando volto para a sala. A luz do sol bate na minha pele e sinto como se estivesse queimando. Corro para o banheiro e quase não reconheço o meu próprio reflexo. Minha pele está assustadoramente pálida e meu cabelo, que é normalmente castanho claro, está preto. Será que... Não pode ser...
Ouço o barulho da campainha. Nossa! Isso foi rápido. Caminho nas pontas dos pés até la e olho pelo olho mágico.
Uma criatura de pelo menos dois metros, olhos laranjas e pele azulada está do lado de fora. Talvez se eu ficar bem quietinha ele ache que não tem ninguém em casa e vá embora...
-Abra a porta! Já sei que você está aí dentro.
Bem, esse plano foi um fracasso total. Abro a porta e ele entra dizendo:
-Casa bonita.
-Obrigada, mas não é por isso que você está aqui.
A risada dele me faz tremer. Quanto mais rápido ele sair daqui, melhor.
-Verdade. Nós acreditamos que você tem poderes.
-Por que?
-Te diremos quando tivermos certeza e preciso que você venha comigo para isso.
Eu finjo estar pensando. Depois digo:
- Certo. Mas eu preciso de dez minutos para me arrumar.
-Você tem cinco.
Chego no meu quarto e tranco a porta. Eu não vou com ele, disso tenho certeza. Pego a minha bolsa no armário. Se eu não tiver poderes eles certamente iriam me matar. Saio pela janela. Mesmo que eles estejam certos não vou parar de fugir. Começo a correr. Passei minha vida toda ficando fora dessa guerra e não vou desistir agora.

Garota fugitivaOnde histórias criam vida. Descubra agora