CAPÍTULO 3

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Fomos até a casa onde estava, pegamos o restante das garrafas de água, enlatados, cereais, frutas secas, conservados. Levamos o que tinha utilidade.

_Carl!? _o chamei baixinho.

_O que!? _respondeu entretido.

_E o papai!? Quando você saiu ele estava bem?

Puxou fôlego, seus olhinhos azuis brilhavam.

_Estava desacordado.

Percebi a tristeza na voz doce dele. O medo corria a nós dois.

_Ele vai ficar bem. Achei alguns antibióticos e gazes. Vou fazer um curativo nele. _sacudi os fracos de remédios sobre minhas mãos.

_Nós vamos. _refez o gesto com as gazes.

Rimos.

_Vamos, temos que voltar. Ele deve ter acordado e está o procurando.

Carl assentiu.

Pegamos as bolsas - nós as achamos nos quartos - com os mantimentos e saíamos cautelosamente.

Passaram algumas horas desde meu reencontro com Carl. Nós vasculhamos o que podíamos e já estava para anoitecer.

Andamos um pouco. Tinha dois zumbis vagando perto da casa.

_Segura. Eu dou conta. _entreguei a mochila. Tirei do coldre a faca. Os matei rapidamente e voltei pegando a bolsa.

_É aqui. _subiu os degraus da casa.

Sorri.

_Mas tá trancado pela frente, temos que ir por aqui. _seguimos para a  porta de trás.

Ao entrarmos, comecei a chamar por papai.

_Silêncio! _chama minha atenção. Põe as mãos sobre minha cintura._Venha por aqui. Acho que ele ainda está dormindo. _ sussurrou.

Me levou a sala. Senti lágrimas invadindo minha face.

Meu pai estava deitado sobre um sofá surrado, com o rosto inchado ferido por completo. A camiseta que o cobria totalmente rasgada. O ver daquele jeito partiu-me ao meio.

Aproximei afagando minhas mãos em seus cabelos louros, enchi seu rosto com beijos e lágrimas.

_Quanto tempo ele está assim?

_Desde ontem. _abaixou até mim. _Não fique assim, Rose.

_Eu achei que tinha perdido vocês dois. A Judith... _chorei novamente e dessa vez, era mais forte.

Nós dois deitamos a cabeça sobre papai. Ficamos ali, quietinhos, esperando papai acordar.

Passou algum tempo. Sua mão começou a mexer. A respiração ficou rápida, barulhenta. Subitamente eu e Carl nos afastamos, fechei os olhos apertando o antebraço de Carl com força.

_E-e-ele virou!? _ perguntou aflito, triste.

Quando a ideia passou pela minha cabeça me desesperei ainda mais.

_Eu não sei... _sussurrei. Ainda com os olhos fechados. Mas um baque me fez despertar e abrir os olhos.

Papai - ou o que foi - caiu no chão. Nos agarramos ainda mais forte. Os ruídos ficavam mais alto.

_C-c-carl, não vá lá fora... _para a nossa alegria, diz papai.

_Pai? _ digo eu, me aproximando para ajudá-lo.

_Rose... querida, é você? _quase não havia voz.

_Sim, sou eu. Papai, fique quieto. Não faça esforço.

_Oh, Rose. Achei que tinha perdido você, amor. _acariciava meu rosto.

_Não perdeu, papai. Estou aqui e bem para cuidar de você. _sorriu para mim.

_Está com fome? _Carl ergueu um enlatado de amoras aberto.

_Estou... _a voz voltou ao normal. Eu peguei a lata e colher.

Juntei com a colher alguns pedaços de amoras, levando a sua boca. Não precisei pedir, ele mesmo a abriu.

De colheradas em colheradas comeu tudo. Peguei uma garrafa de água e o entreguei. Ele já apresentava melhoras. Conseguia se  levantar sem sentir tanta dor.

Carl, já se encontrava dormindo, eu não tinha sono algum. Papai também não. Aproveitei e me perdi em seu abraço - coisa que não fazia desde pequena.

_Como nos achou? _perguntou cheirando meus cabelos.

_Foi por acaso. Estava em uma casa por aqui e vi o demente do Carl afastando dois zumbis daqui.

Ouvi um riso saindo dele. Me apertei ainda mais em seus braços.

_Não fala assim do seu irmão. _novamente cheirou meus cabelos._ Mas se não fosse pela demência dele, você não estaria aqui, querida.

_É tem razão. _rimos. _Papai, para onde nós vamos?

Um breve silêncio se postou sobre a sala.

_Não sei, não sei _disse aos sussurros_ durma, meu amor. Amanhã veremos.

_Boa noite, papai.

_Boa noite, meu amor.

Logo peguei no sono. Ali mesmo, em seus braços.

The Walking Dead: Algo para temer [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora