A realidade bate à porta

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— Niklaus — chamou Alano baixinho, incomodado. — Todos estão olhando para mim — choramingou.

— Terá que enfrentar isso se quiser ficar aqui. — A voz rouca de Niklaus não demonstrava compaixão, mas Alano não se incomodou, estava acostumado a coisas muito piores.

— Mas eles vão me aceitar depois que eu provar que posso me manter no grupo? — indagou desanimado.

Alano não temia que eles não o aceitassem, porque, para si, só importava que Niklaus permitisse que ele ficasse na mansão. Temia, na verdade, não ter para onde ir. O Esquadrão Zeta era sua última opção se quisesse ficar em Avalanche. E Alano queria.

— Ni. kla. us. — A voz exasperada tirou Alano de seus pensamentos. O rapaz viu mãos possessas segurarem os ombros do General, balançando-o freneticamente. — Como assim o Noah está se arrumando para lutar? Para onde você vai mandar ele?

Todos que estavam no corredor pararam o que faziam para observar a cena de um Vicente descabelado e afoito, um Alano perdido e surpreso e um Niklaus indiferente e altivo como sempre. Era costumeiro ver o General e o Coronel com tanta intimidade um com o outro. Eles estavam mais curiosos sobre a resposta da pergunta de Vicente.

— Quer fazer o favor de me soltar? — indagou Niklaus friamente, sendo solto no mesmo instante. Suspirou, massageando o cenho e pedindo aos deuses paciência — deuses que nem acreditava existirem.

— Noah está se preparando para avaliar um candidato a entrar no Esquadrão Zeta — respondeu, sentindo as mãos de Alano puxarem-no. Virando o corpo na direção dele, sorriu quando o rapaz se pôs a arrumar sua roupa, que o Coronel havia bagunçado em seu ataque de pânico.

— É? Ele não vai ir à fronteira nem nada do tipo?

— Não. — Vicente suspirou aliviado. — Ele não lhe contou nada?

— Ele disse que não tinha permissão para responder minha pergunta — respondeu Vicente, franzindo o cenho.

— Vou avisá-lo que você é uma exceção. — Niklaus ficou orgulhoso por Noah tê-lo obedecido ao ponto de nem contar para seu amante.

Quando Alano terminou de ajustar a farda negra, Niklaus sorriu agradecido e os três caminharam em direção à arena de treinamento, que era preparada para o imprevisto. O lugar, quando não era usado para avaliações, era usado para treinamento de lutas corpo a corpo.

— General Niklaus, a arena já está quase pronta. Noah está se preparando e o pessoal está se questionando se será aberto — comentou Artur ao aparecer repentinamente em frente aos três.

— Ótimo, chame o Levi e o Erick e diga para irem ao observatório da arena. Nós cinco avaliaremos o desempenho do desafiador e veremos se ele está apto a entrar em nosso grupo — ordenou o General, recebendo como resposta uma continência.

Em seguida, Artur sumiu, do mesmo modo estranho como havia aparecido.

— Faz tempo que você não reúne os cinco — comentou Vicente.

— Os cinco? — indagou Alano confuso, fitando o Coronel interrogativamente.

— Os cinco grandes do Esquadrão Zeta: General Niklaus, Coronel Vicente, Tenente-coronel Levi, Major Erick e Capitão Artur.

— Oh, entendo — disse Alano, pensativo. — Mas é necessário reunir os cinco apenas para isso?

— É a opinião dos cinco mais a avaliação de Noah que decide se o candidato será recrutado. E eu preciso conversar com os cinco sobre você e deixar alguns pontos claros, por isso será útil essa reunião — explicou Niklaus, encarando Alano seriamente. — Você já pode se preparar. As regras serão ditadas quando ambos estiverem na arena. Eu estarei observando-o da arquibancada. Dê o seu melhor.

[Degustação] Entre flores e espinhos (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora