O caos começa

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POV Cristal-
Hoje em dia, dizem que caos acontece em todo o lugar. Posso confirmar. Meu pai realmente é um idiota. Sempre batendo na mamãe com chicote, cinto e correntes. Sempre que minha mãe fica de saia, vejo as marcas e cicatrizes que meu pai construiu na sua pele pálida e perfeitamente maquiada. Qual é a dele? Ás vezes acho que ele não queria nossa existência. Quando eu digo "nossa" existência, envolvo meus irmãos Tommy e Laila. Os dois sempre foram apegados um ao outro. Nunca gostei muito de melação e essa historinha de abraço e beijinho. Sempre fui fechada, como o idiota e problemático do meu pai. Voltando... Ele criou muita merda desnecessária na nossa família. Quem mandou fazer filhos se ele simplesmente não os queria? Me poupe, né!
Ás vezes ouço do meu quarto os gritos da mamãe. Sempre imagino a cena. Isso acontece com muita frequência.
Como sou curiosa, eu me esgueirei pela porta e abri uma frestinha na parede perfurada(e velha) dos meus pais. Ouço chicotadas, cintadas e correntadas. Eu aproximo minhas orelhas da fresta que abri e ouço:
- Vai ficar de castigo, Arlequina!
- Não Senhor C! Por favor!- minha mãe é calada com um tapa na boca. Na boca! Senti vontade de levantar, e dar um tiro naquela boca cortada dele. Mas sei que se eu tentar fazer UM barulhinho, ele me matará por isso, fecho os punhos e fico bem quietinha. Ouço mais gritos. De repente eu vejo minha mãe amarrada na cama por correntes e uma fita enrolada na boca.
- O que tem a dizer, Arlequina? Ah, é! Você não pode falar! Pois eu a calei, de novo e como sempre calarei sua puta!- vejo lágrimas escorrerem do rosto da mamãe. E sinto vontade de chorar com ela diante daquela cena. Foi a pior que vi em anos! A última que vi, eu estava com Tommy e a mamãe estava tentando tirar a arma da mão do meu pai. Foi ruim, mas não pior que essa!
Eu resolvi voltar para o quarto e tentar esquecer aquilo tudo.
Ao chegar lá, vejo Tommy me olhando pela porta:
- Foi espioná-los de novo Cris?- diz ele todo orgulhosinho.
- Pfff... cala a boca, tapado.
- O que o pai fez dessa vez?- pergunta ele curioso também. Acho que puxei a curiosidade do Tommy.
- Ele...- uma lágrima escorreu de meu rosto, mas para bancar a fortinha eu limpei rápido.- Ele a amarrou na cama com correntes e a silenciou com um tapa na boca. Depois ele começou a dar mas chicotadas, marcando ela psicologicamente e fisicamente.
- Não me surpreende.
- A mim também não.- deitei na cama e adormeci. Laila deitou comigo por que disse que estava com medo. Deixei ela deitar na minha cama, pois eu sabia exatamente como era esse sentimento. Eu acariciava seu cabelo e, como não consegui dormir direito eu chorava. Chorava nos ritmos que os gritos de minha mãe penetravam. "Isso vai acabar logo..." eu pensava, mesmo sabendo que isso aconteceria no dia seguinte, na próxima semana e no próximo mês... Sem acabar um dia. E, amanhã, sofrerei de novo. Chorarei de novo. Por que não morri ainda?

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