XI

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- Ela pode ter tido um trauma. Teremos que fazer alguns exames, só assim poderemos ter certeza.
- Obrigada, doutor. - Sorriu a moça de cabelos loiros.
- Irei fazer o pedido de exames. Aguarde um minuto. - Disse o homem sentando-se à mesa e aparentemente escrevia com uma caneta um tanto estranha.
Permaneci em silêncio observando o homem escrever, enquanto a moça me encarava com um olhar de preocupação.
O homem então levantou-se e entregou o papel para a moça loira, que fez um esforço para ler.
- Bom... Faça os exames e quando os resultados estiverem prontos, podem levá-los ao meu consultório para que eu possa vê-los. - Disse o homem para a moça e depois pousou os olhos em mim.
- Obrigada, doutor. Estou muito preocupada, ela aparentemente nunca se comportou assim. - Disse a moça.
- Já vou indo, qualquer novidade. Ou caso ela volte a lembrar de qualquer detalhe, pode me ligar. Meu cartão você já tem. - Sorriu enquanto a moça loira abria a porta. - Até mais, senhoritas. - E assim saiu.
Encarei a porta fechando, e em seguida a mulher, que começou a olhar para mim com um olhar de que havia algum problema, que no caso era eu.
Meus lábios se tornaram uma espécie de linha fina e meus olhos ficaram parados.
- Flora. - Falou a moça se sentando na cama na qual eu estava deitada. -  Deseja comer algo? Deve estar com fome.
- Senhorita, obrigada, mas eu não estou com fome. - Apesar de que minha barriga fazia intensos ruídos de fome.
  - Meu nome é Luisa. Você sabe. Pelo menos, sabia. - Falou preocupada. - Vou fazer uma canja para você, estou ouvindo sua barriga roncar daqui. - E em seguida levantou-se, indo para outro cômodo.
Comecei então a me auto beliscar com a esperança de que fosse um pesadelo. Mas não. Formei vergões em meus braços, mas continuava naquele local estranho, com objetos estranhos.
Pousei minha cabeça sobre o travesseiro e comecei a ter milhares de pensamentos. Eu estou no futuro. Mas como? Ou estou delirando? Meus olhos começaram a expelir lágrimas sem parar, por conta do desespero que infligia meus pensamentos. Em seguida pensei que devia algum jeito para voltar no tempo.
Me levantei da cama com uma fraqueza excessiva e forcei para ficar em pé, apesar de apoiada nós móveis.
Saí do quarto e fui para o que seria o corredor. No corredor, observei quadros e o que seriam pinturas muito mais realistas. Nelas, aparentemente estava eu sorrindo. Mas eu estava com os cabelos soltos, vestidos curtos, saias, calças. Também haviam pessoas ao meu lado, as quais, eu desconhecia.
Fui em direção ao cômodo onde estava a mulher loira, digo, Luisa. Ela virou-se para mim e me encarou enquanto mexia em panelas. Havia um fogão e algumas coisas que eu desconhecia. Todos muito diferentes do que eu já havia visto.
- Senhorita Luisa. - Dei uma pausa para prosseguir, ela continuou me olhando. - Gostaria de saber. - Fiz outra pausa. - Em. Que. Século. Estamos? - Falei pausadamente cada palavra.

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