Capitulo 01

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Justin Bieber - Mistleoe

Camila P.O.V

Os preparativos para as festas de fim de ano começam a correr rapidamente, preciso ajudar meu pai nos trabalhos voluntários. Todo Natal em que volto para São Paulo, me visto de palhaça para animar um pouco as crianças do hospital principal. Sempre estou viajando para lá e para cá. Desde os meus 14 anos é assim, cruzo céu à céu para tentar continuar meu sonho de modelo.

Pinto meu rosto com tinta colorida, traçando as marcas de um palhaço. Minha roupa não é diferente, é uma saia rodada e cheia e mediana que vai um pouco abaixo do meio das minhas coxas, suspensórios coloridos, a camiseta do hospital por baixo e também os grandes sapatos pontudos.

Meu pai é fisioterapeuta, dono de uma clínica aqui em São Paulo, onde nasci e fui criada. Meus pais moram juntos e divido a atenção dos dois com o meu irmão um ano mais novo do que eu. Minha mãe não trabalha, a verdade é que ela nunca gostou de soar, a Dona Julia só coloca os pés dentro do hospital de vez em quando e as vezes que está lá é para cobrar algo do meu pai. Eles estão juntos desde sempre, minha mãe foi sua primeira namorada, mas a Dona Julia Senna não pode dizer o mesmo. A mulher que me criou tem uma grande fixa de namorados em sua adolescência, nisso não puxei a ela, meu único e primeiro namorado é Henrique.

Henrique, um garoto que conheci em minha primeira noite em uma boate, onde conheci o sabor do álcool, onde soube como era ser uma "adolescente". Começamos do jeito inverso, Henrique estava bêbado naquela noite e eu estava "alegre" rindo à toa de algo que não tinha a mínima graça. Fomos saber nossos nomes quando acabei quase nua no banheiro da boate, Henrique era tão atraente, nada parecido com os namorados que pensava em ter que eram como os bons moços das novelas de um canal na TV. Onde estava com a cabeça quando perdi minha virgindade na mesma noite com um garoto que nem sabia o nome ao certo? Me lembro que acordei em uma cama de Motel, nem sabia como fui parar ali. Naquela manhã havia mil mensagens da minha mãe em meu celular. Eu estava fodida. Isso aconteceu a dois anos atrás. É até estranho nossa "história de amor".

Em poucos meses vou ter que me mudar para San Francisco, vou entrar para uma universidade. Por um pedido da minha família, vou cursar fisioterapia na SFU. Não estou tão feliz com isso, mas acontece que tenho que continuar a geração de médicos da família Senna. A verdade é que eu gostaria de modelar, andar por passarelas, crescer em minha carreira, posar para grandes revistas do mundo inteiro, mas as coisas não são como planejamos. Porém, adoro me vestir de palhaça nos feriados mais comemorados do ano para poder agradar pelo menos um pouco a criançada. Às vezes me visto super-heroína com meu namorado... eles adoram. Uma vez um menino me disse "Me salve, quero voltar a andar!", isso partiu meu coração, tive que me conter para não chorar frente dele e eu apenas disse "A mulher maravilha, vai te ajudar! ", desde então comecei a participar das sessões de fisioterapia do garotinho. Ele foi melhorando cada dia que se passava, me apaguei tanto a ele que toda vez que eu ia para hospital, tinha que passar em seu quarto e lhe dá-lo um beijo e um abraço.

Uma garotinha de cabelo castanhos me olha um pouco tímida e querendo não aparecer muito me chama atenção, sorrio para ela e tiro do meu saco vermelho de presentes um coelho azul de pelúcia.

"Gosta?" Digo me agachando ao lado de sua cama e ela não me responde nada. Embaixo dos seus olhos caídos pretos como uma jabuticaba estão marcas de uma noite mal dormida.

"Quem não gosta de um coelhinho não é mesmo? " A menina parecia tão reprendida que sentia se eu saísse dali sem vê-la sorrir, iria ficar com a consciência pesada, pois meu trabalho não iria estar cumprido.

Então puxo um pufe e me sento ao lado da sua cama, fui a ganhando aos poucos, a contei as histórias das minhas tatuagens pelo os meus braços, a garota que se chama Isadora disse que também gostaria de ter tatuagens, seu pedido foi uma ordem. Ela deixou desenhar em seus braços brancos como a neve e eu em troca deixei ela pintar as rosas em meu braço. Ela leva jeito com isso apesar de ter apenas sete anos, prevejo uma grande desenhista, quem sabe uma tatuadora.

Random | Zayn MalikOnde histórias criam vida. Descubra agora