Capitulo 22

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Eu estava perdida, um homem todo de preto com um pano amarrado na boca, segurava uma faca e corria atrás de mim, minhas pernas já não aguentavam mais tanto movimento, eu precisava parar, mas não poderia me render a morte! Corri mais um pouco, muito pouco, havia um bar na esquina, estava muito escuro, eu estava quase lá... Foi quando eu tropecei e cai no chão..

Acordei num pulo, me sentei na cama e repassei em minha mente tudo que eu tinha sonhado, que sensação horrível.

O dia já estava bastante claro, uma certa luminosidade já invadia um pouco do meu quarto, me deitei novamente e todas as cenas da noite anterior invadiram meus pensamentos, e junto com isso, uma avalanche de lágrimas.

Eu não consigo acreditar, eles eram tão importantes pra mim...

Tento de todas as formas mudar o rumo dos meus pensamentos, com todas as tentativas falhas, eu sinceramente não sei como vou viver, como pude confiar tanto nos dois?

Foi só eu virar o rosto que eles me traíram, eu sinto uma raiva se formando, juntamente com um ódio e uma tristeza, não sei bem como é.

Batidas na porta me tiram dos devaneios.

-NÃO QUERO VER NINGUÉM - grito de dentro do quarto pra quem quer que esteja no outro lado.

-Pequena, você precisa sair - minha mãe falou do outro lado.

-NÃO PRECISO! NÃO QUERO VER NINGUÉM! - falei.

-LINDSAY! - minha mãe me repreendeu.

-Por favor mãe... - pedi baixo.

-Ta bom, ta bom! - ela disse contrariada.

Dormi mais um pouco e acordei com alguém fazendo carinho em meu cabelo.

-Como você entrou aqui? - me virei e vi que era Luna e do lado dela havia uma bandeja enorme de comida.

-Sua mãe saiu e me disse que tinha uma chave reserva caso você não abrisse a porta, eu bati varias vezes e como eu já esperava você não atendeu, então fui até lá e peguei a chave... - ela disse.

-Me ajuda a não ir pra aula nunca mais Luna... - falei e as lágrimas já ameaçavam cair novamente.

-Você ta parecendo uma criança Lindy - ela sorriu, sempre sincera - agora coma.

-Quero ver ninguém. - falei. - E também não quero comer.

-Prazer, ninguém - ela falou e riu.

-Luna! - a repreendi.

-Ok, eu paro - fez uma pausa - mas só se a senhorita me contar tudo o que aconteceu.

Concordei e contei tudo, até os mínimos detalhes a ela, claro, chorei um monte, como se estivesse revivendo os momentos horríveis que vivi.

Em todo o decorrer da história ela me olhava com um olhar que dizia "eu te entendo", eu adorava Luna, pelo fato de ela me ouvir e me entender. E eu que achava que ela seria uma pessoa qualquer...

Ao terminar de contar ela olhou no fundo dos meus olhos e disse - Lindy, eu já passei por coisas terríveis como essa, mas você não pode largar tudo por causa de duas pessoas idiotas. - ela segurou minha mão - amanhã você vai voltar pra escola sim!

-Tá parecendo minha mãe, e eu não vou voltar de jeito e maneira nenhuma, nem adianta - eu disse certa de todas as palavras.

-Vai ser mais difícil do que eu pensava... - ela desviou o olhar pra parede.

-Você diz assim porque nunca passou por nada parecido - eu disse me arrependendo no segundo seguinte.

-E como você sabe se eu passei ou não? - ela voltou a me olhar.

Eu fiquei em silêncio e encarei o chão.

-Eu era casada, meus pais já haviam morrido e boa parte da minha família também, não tinha filho algum, a única pessoa importante pra mim era o meu marido, era Deus no céu e ele na terra, ninguém mais me importava tanto quanto aquele homem, eu realmente o amava muito - ela disse triste.

Voltei o meu olhar a ela - e por que "amava"? Não ama mais? - perguntei.

Lágrimas saltaram dos olhos dela, provavelmente as lembranças tomaram conta de sua mente.

-Eu descobri que ele era feliz sem mim. - ela disse.

-Como assim? - eu estava realmente confusa com isso.

-Ele tinha outra família - ela fez uma pausa - e eu não sabia, eu idolatrava tanto ele que não mantive contato com mais ninguém, muito raramente com meus patrões.

-E como você descobriu? - minha curiosidade era tamanha, eu sabia que era de fato muito ruim para Luna pronunciar essas palavras, mas era bom ela desabafar.

-Nunca estranhei o fato de ele ficar bastante tempo fora de casa, pra mim ele apenas estava trabalhando muito,  porém depois de uns tempos ele começou a pedir meu dinheiro, que já não era muito, eu fui dando sempre achando que era pro bem do negócio. 

-Prossiga - eu disse interessada.

-Eu morava mais no interior, um dia eu estava arrumando algumas plantas no meu jardim e passou o moço do correio, ai ele perguntou como estava o Mauricio - após pronunciar esse nome ela começou a chorar novamente - e eu disse que estava tudo bem, foi então que ele me perguntou como estavam meus filhos, ai eu perguntei, "que filhos?", e ele disse "você não é a Julie?" - ela suspirou - eu fiquei sem reação e minha unica alternativa foi negar e pedir pra ele passar a limpo toda aquela história, foi ai que eu descobri toda a verdade, e estou sozinha nesse mundo desde aquele dia.

-Mas o cara não te conhecia? - perguntei.

-O do correio? Não, ele não me conhecia, ele sabia do Mauricio, e achou que a família real dele morava ali, e não uma mulher qualquer que era traída e enganada todo dia.

-Lamento - eu disse com arrependimento de ter acusado Luna sem saber.

-Está tudo bem agora - ela sorriu forçadamente - tenho uma nova família aqui, não de sangue, mas de coração - ela me abraçou.


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Oii gente, tudo bem? O que acharam do desabafo da Luna?? Espero que estejam gostando!

Estou lendo alguns livros e estou gostando muito! Recomendo!


Garoto Oculto - wltmarinho

Eu odeio esse popular - jadixa14

Acho que te amo! - RjSoouza

Te amo... Morena perigosa - NriaNeto

Cecília - LuizaPortolann

Beijoss

LindsayOnde histórias criam vida. Descubra agora