Marcas

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Por motivos pessoais, os nomes dos personagens foram trocados. Tambem nao sera publicado o local onde a "historia" se passa.

Pietra abre os olhos vagarosamente. Sao apenas 6:43 da manha. Mal levanta-se da cama e ja ouve barulhos na cozinha. Seu pai, Robert, ainda sobre efeitos de bebidas, procura por um bule pra fazer café. Tao atordoado que nao ve que sua esposa, Agnes, ja havia preparado tudo.
Pietra nao quer sair do quarto. Por ela, seu dia passaria ali, em sua pequena cama, na companhia de seus livros de aventuras e de seu gato que carinhosamente o chamara de Hope.
Seu quarto era pequeno. Havia apenas sua cama, uma comoda velha,com 3 gavetas, sendo uma que estava prestes a cair de tao destruida, uma cadeira onde guardava seus poucos mas incriveis livros e sua mochila, que ficava atras da porta. Pietra tinha 8 anos, era magra, estatura media, cabelos loiros e compridos, e usava uma franja, que ajudava a disfarcar seu olhar triste e uma cicatriz na testa, resultado de uma surra que levara ha dois anos de seu pai, que havia voltado pra casa drogado e bebado.
Mesmo querendo ficar trancada ali, ela sente-se obrigada a se arrumar para ir a escola, apos os berros de seu pai que bate a sua porta aos murros e xingamentos.
- Vamos logo sair desse quarto, sua inutil! Se nao estiver pronta em 5 minutos, eu vou arrebentar essa porta e te trazer pelos cabelos!
Como ela desejava estar longe dali, talvez em um lugar tao distante, que fosse quase impossivel voltar. 
Entra no banheiro para vestir seu uniforme e é quase que impossivel nao olhar para suas marcas em seu fragil corpo. Ematomas e queimaduras de cigarros pelas pernas e barriga, tambem sente o ombro direito e costelas doloridos, resultados de chutes que levara de seu pai, simplesmente por nao "acertar no tempero da comida", ja que ajudava sua mae nos afazeres e tambem na cozinha.
O cafe da manha nunca é como Pietra gostaria que fosse. Assim como le em livros ou ve em filmes. A familia reunida, sempre em paz, felizes e com uma mesa farta. Talvez a comida nem lhe faca tanta diferenca, contando que nao haja brigas, nem a chamem de inutil, ou que a puxem pelas orelhas ou cabelo para que sirva o pai como se fosse sua escrava.
Pietra olha para a mae cabisbaixa e nao entende o porque de ainda estar casada com um homem que as maltratem, que volte bebado e drogado e cheirando a bueiro da rua praticamente todos os dias.
Em resposta, Agnes apenas responde que nao tem pra onde ir e que teme que se um dia forem embora, que sejam caçadas por Robert. Pietra, mesmo inconformada, nada pode fazer.
Ja sao quase 7:10 quando o onibus escolar chega a sua porta, ja nao lhe basta a tortura de viver em sua casa todos dias, entrar naquele onibus, da inicio a seu segundo inferno..

PietraOnde histórias criam vida. Descubra agora