Capítulo 48

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Algumas horas atrás

- Lhe dou dois minutos para que você esteja aqui. - gritei da ponta da escada

- Já estou indo. - ela devolveu

Bufei e revirei os olhos bebendo uma dose de Jim Beam.

Já que dormir não surtiria nenhum efeito a não ser lembranças, a bebida teria que me salvar.

Os minutos pareciam se arrastar na linha do tempo da eternidade.

- Thalia, se você não... - comecei

Mas ela apareceu na ponta da escada enquanto calçava o seu salto verde esquerdo.

- Já estou pronta. - ela resmungou enquanto pisava para se equilibrar nos saltos e descia

Virei todo o líquido que continha no copo, fechando os olhos e erguendo a cabeça, deixando-o descer queimando pela minha garganta. Respirei fundo e larguei o copo em cima da bancada com um baque. Rosnei um gemido abafado quando fiz pressão e minhas mãos reclamaram de dor.

- Está melhor? - ela perguntou vindo em minha direção com as sobrancelhas franzidas para minha mão machucada

- Não. Mas terei que ficar. - murmurei

- Você pretende melhorar se afogando em bebidas e machucando suas mãos, deixando-as quase em carne viva? - ela apontou para o copo na bancada e em seguida para minha mão

Não esperei que ela chegasse até mim e fui andando em direção a bancada das chaves ignorando sua pergunta.

Ela sabia que essa era a minha forma de resolver meus problemas. E não acho que da noite pro dia isso mudará.

Peguei a chave do carro e segurei-a.

- Você vai dirigir bebendo?

- Por isso você vai comigo. - murmurei jogando a chave para ela

Ela a agarrou no ar e me olhou incrédula.

- Você vai me deixar dirigir seu bebê?

- Pretendo ficar tão bêbada hoje que não lembrarei de nada. Então... - girei a maçaneta da porta de casa - Sim, você dirigi hoje a noite.

Assim que abri a porta, levei um sobressalto pela silhueta que estava com a mão na maçaneta pelo lado de fora. Mas me acalmei assim que vi que foi a mamãe que estava entrando.

- Oi filhas. - ela sorriu

Forcei um meio sorriso, e por instinto afastei minhas mãos para trás.

- Oi mamãe. - lhe dei um beijo rápido na bochecha, e passei por ela mais rápido ainda

Odiava fazer isso com todas as pessoas que amava, mas já era difícil meus irmãos saberem sobre o Ethan e o Jonnhy, e terem se jogado de cabeça uma outra vez nos meus problemas, então a mamãe e o papai saberem já seria demais.

E se eu ficasse ali além dela perceber que eu estava mal, certamente ela veria minhas mãos, e isso seria a maior confusão.

- Oi mamãe. - Thalia a abraçou forte e deu um beijo em sua bochecha

Não parei de andar e desci as escadinhas da varanda.

- Você está linda, querida. Aonde vão? - ouvi ela perguntar a minha irmã

Finalmente cheguei ao carro e me apoiei no capô, mas ainda pude ouvir a resposta dela.

- The blues. - Thalia tentava fazer tudo parecer normal

Condenada à AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora