Mais um dia, acordando tarde, desempregado, sem dinheiro, bom, pelo menos hoje tem festa, mesmo sabendo que nada de bom acontecerá irei, meus amigos estarão lá pra me fazer companhia. Vou direto pro banheiro escovar os dentes, quando olho no espelho, algo me congela, me deixa pensativo "hoje algo vai acontecer.", ignoro, pois não acredito nessas coisas. Começo a assistir minhas séries, as únicas coisas que me importo de verdade, assisto um pouco e vou ajudar minha mãe a arrumar a casa. Depois volto a assistir. Olho pro relógio, 20:15. PORRA A FESTA, ESQUECI COMPLETAMENTE. Pedro e Larissa estão me chamando loucamente nas redes sociais, digo que ja estou me arrumando. Estou deitado ainda. Começo a me arrumar, pois estava com fome e vontade de beber. Levanto e vou tomar um banho, tiro a roupa, e como de costume olho no espelho, e me vem aquela sensação estranha de novo. Ignoro-a mais uma vez, e vou pro banho. Termino, me visto, e aviso meus amigos que já estou indo. Pego as chaves, dou um beijo em minha mãe, e saio. Vou até o posto de gasolina e compro meu cigarro, e uma tequila pra ajudar na festa. Parcelo tudo no cartão do meu pai, um dia eu o pago, vai demorar mas ele me entende. Subindo a rua da casa da minha amiga, vejo um garoto entrando na festa, moreno, um pouco menor que eu, cabelo pra cima, de calça jeans, camiseta xadrez. Fiquei atraído, muito. Eu precisava ver o rosto dele. Me controlei, respirei e entrei na festa logo depois dele. Assim que entrei na festa, Pedro pula em cima de mim beijando meu rosto "VIADO ACHEI QUE NÃO IA VIR.", Larissa estava agarrando uma menina, nem me viu chegar. Cumprimentei meus amigos, estavam todos lá, eu sentia muita falta deles, estava com tanta saudade que tinha esquecido o menino. Conversei com Rubi. AAAAH RUBI, uma amiga pra vida toda, melhor pessoa. Estávamos conversando sobre o ex namorado dela, que por sinal, era um grande babaca, então Pedro se aproximou com o garoto, quando olhei pra ele, tudo parou... Era como se não existisse mais ninguém em volta, só eu e ele. Então ouço "esse é Gabriel, aquele meu primo que tinha te falado Rubi."... Pera ai, Gabriel, o primo do Pedro que ele vivia me falando sobre o quanto ele era bonito, porém heterossexual. (droga, é hetero, droga, droga, droga.)... "Oi." disse Rubi sem graça. "E ai." disse ele, aquela voz, eu estava cada vez mais apaixonado por esse garoto, não tinha o que não gostar ali, era tudo perfeito. O cabelo, o rosto afinado, seu jeito masculino que me excitava, até demais. E aqueles olhos, grandes olhos verdes/azuis. Eu só pensava em uma coisa. Beija-lo. Não me vinha nada mais em minha cabeça. "eu tenho que beijar esse garoto.". Larissa me puxou do nada, não sei de onde surgiu aquela demonia, começou a me falar das meninas que beijou até agora, eu estava muito interessado no que ela estava falando, mas queria conversar com Gabriel. Então Pedro se aproximou com ele. "Gabriel, Enzo. Enzo, Gabriel.". MEU DEUS ELE TA AQUI. "Oi, tudo bem?" digo. "Ola, tudo sim e você?" responde ele. "Sim.". Então Pedro solta uma. "quantas pessoas pretende beijar essa noite?". Me engasgo com a bebida, e os três riem de mim. Estou vermelho de vergonha. Então Gabriel responde "Quem quiser, estou disponível.", e fixou o olhar em mim. Eu não sabia o que fazer, onde enfiar minha cara? O menino que eu tive uma paixão a primeira vista deu sinal de que quer ficar comigo. Não, ele não quer, não vou me iludir. Então rimos, e fomos beber. Fui até a cozinha pegar a tequila que havia trazido, pego-a na geladeira, quando me viro, esbarro em Gabriel. MEU DEUS, HOJE O DIA NÃO ESTA PRA MIM. Ele sorri, eu peço desculpas "que isso, não foi nada.", e da mais um sorriso, mas dessa vez o sorriso foi mais atraente, acho que não havia reparado aquela boca, que por acaso é maravilhosa. "você fuma?" pergunta. "Sim. Ia levar a garrafa pra vocês e acender um cigarro agora mesmo." ele me encara mais uma vez. "vamos fumar, depois eles bebem." CARALHO, O QUE ESSE MENINO PRETENDE FAZER COMIGO. "era sério aquilo que você disse?", pergunto. "sobre estar disponível?", riu ele me respondendo. "sim, bom, talvez." Perguntei o porque do talvez. "acho que eu não ficaria com um garoto.", acho que ele percebeu minha tristeza ao ouvir ele dizendo aquelas palavras... "bom, não todos os garotos, tem um que eu me interessei." responde ele fixando seu olhar no meu. "Posso saber quem?", e então ele veio pra cima de mim, olhando diretamente pra minha boca. "ENZO QUE DEMORA MEU, CADE A BEBIDA?", era Pedro, entrando correndo na cozinha onde estávamos. Nos separamos, e rimos. Saímos de la com Pedro, e fomos beber.
Eu já estava muito louco, depois de umas quinze doses de tequila, ele também, Pedro já estava vomitando, Larissa como sempre, agarrada com uma garota. Queria ter essa facilidade que ela tem, a maioria eram garotas "hetero", fico impressionado com ela. Estávamos dançando quando Pedro passou mal, fui com ele ao banheiro, tirei a camiseta dele e coloquei ele de baixo do chuveiro "a água tá gelada." "to me afogando." ele não parava de falar besteira, rindo. Larissa entrou no banheiro pra ver como estávamos "vou cagar gente.", esse é o jeito dela de se preocupar com os amigos, Larissa é bem ignorante, seca, mas nos ama muito. Ficamos rindo por uns 5 minutos. "Vamos Pedro, vem deitar." diz Larissa "não to com sono, quero beber." diz ele. "você vai beber dois tapas na sua cara jaja." digo nervoso. Levamos ele pro quarto e o deitei. "agora não levanta daí porra." digo num tom de autoridade. Ele se vira e desmaia. Larissa também desmaiou do lado dele. Fui até onde estava o pessoal, Gabriel estava lá, sentado, fumando um cigarro, era lindo de ver, não queria que aquilo acabasse, só queria passar o resto da noite olhando pra ele. " Vem pra cá." acenou Gabriel para mim. Fui até ele, e sentei em seu lado, peguei o cigarro da mão dele, e ascendi. A cada tragada ele me encarava. "Você é lindo." disse ele num tom safado. "Você também, muito lindo." respondo sem graça. "Vem, vamos fumar um baseado." me chama. "Acabei de ascender a porra do cigarro, porque não disse antes." "Vem logo". Fomos até a varanda, fiquei esperando ele bolar, ele é lindo, a cada movimento, me sentia mais apaixonado. Porra o que esse garoto fez comigo, nunca me senti assim. E ele nem me beijou ainda. Termino meu cigarro, e ele ascende o baseado. "e ai, vai fumar?" pergunta ele olhando pra minha boca. "sim, claro.", peguei da mão dele e fumei, enquanto eu fumava ele me olhava, me olhava muito, com cara de desejo, retribuo os olhares, e pergunto. "Você namora?", ele me ignora. E então ele me beija, deixo o baseado cair. É incrível, aquela boca, o corpo dele colado no meu, (Eu estou completamente apaixonado pelo Gabriel.), penso. Não, acho que é a bebida mesmo, me deixa bem na bad, espero que seja. Quando ele me solta, olhou no fundo dos meus olhos, dizendo que são lindos. Parei e retribui o elogio "os seus também, são... apaixonantes.". Sentamos no chão, encostei na parede, ele abriu a perna e disse, "vem, senta aqui. Quero te abraçar.", sentei entre as pernas dele, e ele me beija de novo. E mais uma vez elogia meus olhos. Começa a chover, e ele diz "agora toda vem que chover você se lembrará de mim, sorriu, e seu sorriso me contagiou, respondo "Sim, com certeza lembrarei.".
Pedro aparece e vê nós dois juntos, "Gabriel?", Gabriel olha surpreso, achou que ele não apareceria. "Oi, ele tava passando mal, vim ajudar ele. Né Enzo?" "Sim, não to me sentindo muito bem." respondo. "Entendi, vem Enzo, vamos ao banheiro. Vou te dar um banho.". Gabriel se levanta, e segura minha mão pra me levantar, "Quer ajuda Pedro?" (SIM, ELE QUER.) meu interior grita pra ele entrar no banheiro com a gente. "Não precisa Gabriel, eu posso fazer sozinho. Vai la, Rubi está te esperando." ele da uma risadinha pra Gabriel. "Tudo bem, vou lá." me olha, e em seguida pisca pra mim. Dou um sorriso e vou para o banheiro com Pedro. "vocês estavam se pegando né?" pergunta Pedro rindo. "Não, eu estava mal de verdade, aliás estou." assim que falo, vomito no chão. Ele tira minha roupa e me coloca no banheiro, eu me sento no chão e ele diz que vai pegar uma toalha. Assim que ele sai, escuto a voz de Rubi. "Gabriel vamos ficar? Te achei muito lindo." diz ela. Meu interior se remexe de tanta raiva, então eu grito. " NÃO!" Gabriel e Rubi se assustam, merda que porra eu fiz. Gabriel entra no banheiro, sorri pra mim e vai ate o boxe, "Não?" sorri de novo. "Não." falo com raiva. "Okay então, Não!" vai até Rubi e diz. "Você ouviu né? Não!" sorri e entra no banheiro de novo. Ela fica surpresa e sai. Rubi nunca levou um fora, é muito bonita, atraente, deve estar arrasada com isso. Ah, ela supera. Ele é meu esta noite. "porque ficou comigo?" "não sei.". PORRA COMO NÃO SABE? Eu sabia que era por causa da bebida. "Entendi." respondo frio. Pedro entra no banheiro rindo, "MANO A LARISSA CAIU JUNTO COM A MENINA QUE ELA ESTAVA PEGANDO." rimos, e eu levanto. "Vamos embora, estou com sono." chamo Pedro. "Vamos, vou chamar a Larissa.". Sai e vai chamar ela. "Vou com você, te levo em casa." "Não obrigado, eu sei o caminho." respondo. "O que foi? O que eu te fiz?" pergunta ele. " Porque ficou comigo?" "Não sei cara, já disse.". VAI SE FODER, grita meu interior. "Okay, amanhã você nem lembrará mais de mim, boa noite.". Saio do banheiro, Pedro estava na porta, "Você tá bem?" "Sim vamos logo.", me despeço do pessoal e vou pra porta, Gabriel esta la. "Tchau Enzo." "Boa noite.", respondo friamente. E fomos pra casa. Pedro e Larissa me deixam no início da minha rua, "Tchau gente, até amanhã." "Tchau." respondem. Ascendo um cigarro e subo a rua. Sento no meu portão, vejo o relógio, cinco da manhã, ai minha cabeça, está explodindo. Termino meu cigarro e entro sem fazer barulho. Tomo um banho e me deito.
Na manhã seguinte não quero levantar, já é domingo, meus pais saíram, estou sozinho graças a Deus. Ainda deitado me vem as lembranças de Gabriel, aquele perfume, aquele beijo, seu abraço, dou um tapa em meu próprio rosto "PARA ENZO.". O medo dos términos é tão grande, que passei a evitar os começos, não sei se posso dizer que isso é um começo, mas se for, já quero o fim. Como pude ficar com alguém que nem conheço direito. E ele, será que gostou? Será que Gabriel esta pensando em mim agora? Paro e fico pensando.
Já são três e quinze da tarde, recebo uma ligação anônima em meu celular, atendo "Alô?", não responde. "ALÔ? Tem alguém ai?", ainda sem respostas, a pessoa desliga o telefone. Ué, quem será? Logo em seguida Pedro me liga. "ENZO CORRE PRA CÁ. AQUI EU TE EXPLICO.", "Meu Deus o que houve?" "Vem rápido.". Desliga o celular na minha cara, vou me arrumar e vou o mais rápido possível. Chegando lá chamo no portão, "PEDRO!". Gabriel sai na porta sem camiseta, e com shorts de futebol. Meu Deus, como não olhar, aquela barriga, aquela bunda, ele abre o portão e vem me dar um abraço, "Oi." digo, "Oi, tudo bem?" responde ele. "Sim, onde está o Pedro?", "Saiu faz um tempo já." "Como assim? Ele acabou de me ligar dizendo pra mim correr pra cá.", ele me encara com aqueles olhos verdes, brilhando em contato ao sol, e diz. "Fui eu quem pedi pra ele te chamar.". Fico paralisado, porque? Por que Gabriel me chamou aqui? O que esse garoto está fazendo comigo? "Eu vou embora, tchau.", ele me puxa pelo braço, "Não vai por favor, preciso te esclarecer umas coisas." "Esclarecer o que Gabriel? Esclarecer que você não sabe porque ficou comigo?!", assim que grito, sai uma garota de dentro da casa, me olhando com os olhos cheios de lágrimas, "Olá, sou Julia, namorada do Gabriel.". Eu não consigo me conter, começo a chorar sem parar, ela vem e me abraça, "Não fique assim, foi uma escolha dele, ele conversou comigo.", ainda chorando digo, "Me perdoa, eu nunca quis fazer isso, se eu soubesse que ele estava namorando, eu não teria ficado com ele. Por favor me desculpa!", imploro suas desculpas, como isso pode acontecer, aquela sensação de que algo ia acontecer estava certa, mas não algo tão ruim. "Não se desculpe, você não teve culpa! Ele não quis falar porque talvez sabia que você não ficaria com alguém que namore, ainda mais uma garota." explica ela. "Agora enxuga essas lágrimas, vocês vão dar muito certo!" diz ela sorrindo, abre o portão e sai. "Espera!" corro e abraço ela, mais uma vez peço desculpa. "Tudo bem, isso passa, vai por mim." sorriu e foi.
Gabriel está parado me olhando no portão, "entra, precisamos conversar." me convida. "Não, eu não quero mais te ver Gabriel, nunca mais!" digo chorando, e saio. "ENZO, por favor, não vai! Eu nunca senti nada igual a isso, não por um garoto.". Olho pra ele uma última vez. "Sinto muito.", e corro pra casa.
Chegando em casa, sento na varanda e ascendo um cigarro, pego meu celular, cinco novas mensagens, é Gabriel dizendo que precisa fala comigo, que vai vir aqui, que precisa de mim. Não, para, eu não quero continuar com isso, aquela garota saiu arrasada de lá, ela estava com o coração partido, quem me garante que ele não fará isso comigo? Quem me garante que ele será fiel a mim? Termino de fumar e entro, me deito e durmo.
Acordo uma e quinze da manhã, vou para a sala e ligo a TV, está passando "Eu Te Amo Renato", começou faz uns dez minutos, choro a cada cena deles juntos, e muito mais no final, esse filme me lembra um pouco o que houve quase agora, quando ela descobre que eles estão juntos, a única coisa é que não chamei ele de covarde. Choro e choro por dias, tudo me lembra esse garoto. Minha mãe me viu chorando, perguntou o que houve, não respondo. "O que aconteceu Enzo?", "Nada mãe, é só dor de cabeça." "Por uma semana? Caralho, que dor, vamos pro médico você tá bem mal." ri, e sai do quarto. Mal sabe ela que a dor é no coração, que aperta todos os dias, me deixa sem ar, sem vontade de nada. Minha mãe avisa que vai sair com minha irmã. Estou sozinho, enfim! Meu pai está trabalhando, meus avós viajaram, enfim sozinho. Ligo o som bem alto, estou ouvindo Fresno, Maré Viva. Eu amo essa musica. Vou ate o banheiro, pego uma tesoura e começo a cortar o cabelo, ele fica curto, meu pai esqueceu um estilete no chão do quarto, pego e volto pro banheiro. Me olho no espelho, algo me diz "Vai, se corta, ele não te quer, ninguém se importa com você, ninguém quer estar contigo! Anda! Corte-se!", me olho mais uma vez no espelho, e desmaio. "ENZO! ENZO!? ACORDA FILHO!", estou com os olho entreabertos, é minha mãe, chorando, desesperada. "Enzo, você está bem meu filho?" "Estou, foi só um mal estar.", ela olha o estilete "Que porra você acha que ia fazer com isso?", ela pega o estilete e joga longe, "Nada mãe.", me levanto e vou beber um copo d'água. Estou desnorteado, quero me matar, não tenho mais motivos pra estar vivo. Deito em minha cama, minha mãe liga para Pedro, explica o que aconteceu, ele diz que vira me buscar pra ir passar um tempo com ele, ela aceita. Pedro chega em casa, "Vamos, vamos pra minha casa, eu sei o que você precisa.", pega meu braço e me puxa pra fora da cama, então me arrasta até o carro do seu irmão. Fomos pra casa dele, chegando lá, passo do lado de Gabriel, mas sem falar com ele, simplesmente o ignoro. Pedro diz, "Não vai cumprimentá-lo?", começo a chorar e corro pro quarto dele. Gabriel tenta vir atrás de mim, mas Pedro o impede, "Espera, não é a hora ainda.", ele faz que sim com a cabeça. "Cuida dele.", Pedro sobe as escadas e entra no quarto, estou sentado olhando pra parede. "Tá, vamos animar um pouco?", ele coloca Beyoncé pra tocar, dança na minha frente, sorrio e faço que não com a cabeça, "Vamos, se anima amigo.", "Como Pedro? Porra ele namorava uma garota, traiu ela comigo, a menina chorando na minha frente, meu Deus o que está acontecendo Pedro? Me ajuda!" digo chorado. "Amigo calma, isso vai passar, ele não é uma pessoa ruim, eles ja estavam pra terminar mesmo, por isso foi pra festa. Ela sabia que isso ia acontecer por isso disse pra você não chorar. Entenda isso.", ele me abraça, e beija meu rosto. "Quer que eu o chame?" diz ele ao me beijar, "Não, deixa eu pensar direito.", digo, "Tudo bem, vou lá tentar acalma-lo, está não come há dias, acho que desde que você foi embora.", diz ele num tom surpreso. "Nunca vi o Gabriel assim, você mexeu com ele amigo." "E isso é bom?" pergunto, "Pra um de vocês sim.", sai e vai ver Gabriel.
Chegando lá, Gabriel está na cozinha, fumando e tomando um café, "Você está bem?" pergunta Pedro, "Eu pareço bem?" diz ele quase chorando "Bom, devia estar. Ele está se acalmando, vocês vão poder conversar pelo menos." diz Pedro. "O que aconteceu Pedro? Será que isso é o famoso "destino" querendo nos unir? Nunca senti o que sinto por Enzo na minha vida. E olha que tenho 19 anos já." "Velhíssimo o senhor." diz Pedro rindo. "Sério Pedro. Para." "Desculpa."
Enquanto isso fico no quarto pensando se converso ou não com Gabriel, se ele fizer o que fez com ela, comigo? E se ele me trais também, eu o amo demais, não aguentaria essa perda. Gabriel abre e escora na porta, "Posso entrar?", faço que sim com a cabeça, me ajeito na cama, e ele senta do meu lado. "Oi, tudo bem?", diz ele meio sem graça. "O que você acha?" respondo friamente. "Desculpa. Eu sei que não, só não quero ouvir isso de você, quero você bem, sempre." "Devia ter pensado nisso antes de fazer o que fez." retruco, "Eu sei, Enzo me perdoa. Eu não quis jamais te magoar, desde que te conheci, vi que você era um cara bacana. Acho que me apaixonei por você antes de entrar na festa, algo me dizia que ia acontecer uma coisa muito boa comigo, mas eu ignorei, não acredito nisso. Quando te vi subindo a rua, já quis te beijar." ele da um sorriso. "Sua boca, seus olhos, tudo em você me encantou" continua ele.
Num piscar de olhos, estou jogado aos braços dele, beijando-o, "Não me deixa, por favor." digo chorando. "Nunca." responde ele com firmeza. Profundo, sem palavras rasas e muito menos sentimentos superficiais, me afogo no teu afago e isso é o suficiente.
Passaram-se cinco meses, estávamos namorando, um sonho meu que se realizou, meus pais aceitaram, os pais dele ainda não sabiam, ele mora com a mãe e dois irmãos, o pai dele não liga muito pra família, Gabriel estava com medo do que a mãe pensaria, como todo garoto gay tem. Eu disse a ele que estaríamos juntos sempre, minha mãe disse que estaria de braços abertos caso qualquer coisa aconteça, como ser expulso de casa, poderia morar aqui em casa, mas dormiria na sala, mães... Um dia resolvemos sair, iamos até o cinema assistir um filme. "Já esta pronto amor?" diz ele em uma mensagem, "Estou quase, vai vir me buscar?" respondo. "Sim, ia sair agora, quer que eu fique ai te esperando?" "Pode ser.", em cinco minutos aqui estava ele, com um arranjo de flores dizendo que me ama muito, "O que você fez?" pergunto rindo, "Nada, só quero agradar você." diz ele espantado. "To brincando idiota.", dou um beijo nele e repito várias vezes, "Eu te amo, eu te amo, eu te amo." "Eu também te amo bobão.", termino de me arrumar, dou um beijo em minha mãe e saio. Quando saio no portão vejo um carro estacionado na porta de casa, "Sua carruagem Mileide." eu dou risada, um selinho nele, e entro no carro. No caminho recebo uma ligação anônima, "Enzo? Lembra de mim?" "Quem fala?", respondo surpreso "A única rainha que você conhece!" solta uma risadinha safada "ALLEX?" "Eu mesma, rainha soberana.". MEU DEUS ALLEX QUE SAUDADE! Ele estava em Londres da última vez que falei com ele. "Amiga to chegando no aeroporto agora! Vem me buscar?" diz ele entusiasmado "Amor eu to saindo com meu namorado agora, tem que ser agora, agora mesmo?", "TA NAMORANDO VIADO? NOSSA QUANTO TEMPO EU DORMI?", escuta aqui querida pare! "To meu amor, e ele é lindo!" dou risada. "Tem que ser mesmo, não quero bofe feio pra minha amiga não!" diz ele "Sem problema, nos encontramos a noite então?" continua. "Sim amiga, pode deixar!" "Okay então be, um beijo! Tchau." "Tchau amor, até.", desliga o telefone, "Quem era? Posso saber?" diz Gabriel me medindo, "Não." brinco, "Claro que pode, era o Allex, um amigo meu que estava viajando, me pediu pra ir busca-lo no aeroporto." explico. "E você vai?" diz ele com raiva "Claro que não né Gabriel, eu vou sair com você não vou?" dou um sorrisinho pra ele, "Bom mesmo." diz ele, e continua dirigindo. Chegamos no shopping, entramos e fomos direto pra bilheteira, "Vamos assistir o que?" pergunta ele. "Não sei, Pixels?", respondo. "Pode ser, tava doido pra assistir." Isso eu já sabia, pra um gamer seria bem provável querer assistir Pixels. Compramos e fomos assistir, estávamos muito bem, ele parecia feliz, e eu então, demais. Eu o amo, me apeguei tanto ao Gabriel que seria bem difícil me acostumar se ele me deixasse. Saímos do cinema, comprei um milkshake e fomos pro carro, "Amor vamos ver o Allex, você precisa conhecê-lo!", digo entusiasmado "Pode ser, onde ele está agora?", expliquei, e fomos. Chegando quase na casa de Allex, vemos uma festa, meu Deus, ele deu uma festa. As festas de Allex são sempre, "extravagantes", vamos dizer. A bicha destrói nas festas, decoração perfeita, bebidas até cair louca no chão, e a animação bem calorosa (faço um sinal de abano com as mãos.) "Ta com calor amor?" pergunta Gabriel, "Um pouco." respondo rindo. Entramos na festa, já tinha gente se pegando, e adivinha quem vem toda trabalhada no salto? Ela mesma, Allex, com umas plumas rosas enormes no pescoço. "E ai viadoooo! Achei que não viria.", "Achei que não faria nada de mais então vim mais tarde." digo surpreso. "Você acha que EU, Allex, não faria uma festa na minha volta ao Brasil? Amiga você se esqueceu de mim?" diz ele rindo. "Verdade, devia ter pensado nisso." sorrio pra ele. Então ele vai dançar, começou a tocar "Work Bitch." já sabe... "Vamos beber alguma coisa?" pergunta Gabriel, "Vamos procurar a cozinha primeiro." sorrio, "Esse seu amigo nem me viu eu acho." diz ele "É, também acho. Já deve estar bem louca." respondo rindo "Sim, eu percebi." ele também ri. Chegamos na cozinha, vimos uma garrafa de tequila. "Foi indo buscar isso que nos conhecemos, lembra?" diz ele com um sorriso no rosto. "Como me esquecer?" dou um beijo nele, no meio do beijo Pedro aparece, como sempre. "ENZO VOCÊ AQUI." grita ele da porta, "Eu não perderia nada do Allex né amigo!" sorrio "Verdade, não perderíamos.". Então entra um homem muito bonito, pega Pedro por trás e o beija, "Uau." digo junto com Gabriel, arregalando os olhos. "Oi rick, que susto." diz Pedro sem graça. "Quem é o bofe amigo?" pergunto ainda com os olhos arregalados. "Um amigo meu, Rick, Enzo e Gabriel. Gabriel e Enzo, Rick." apresenta ele, "Oi" diz Gabriel rindo. "Oi gato" diz Rick, e pisca pra Gabriel. COMO É QUE É AMIGO? VOCÊ PISCOU PRO MEU NAMORADO? "Prazer Enzo, namorado do Gabriel." aperto a mão dele, e beijo Gabriel. "Relaxa Enzo" diz Gabriel rindo. Relaxa um caralho, ninguém mexe com o que é meu. "Prazer Enzo, que olhos lindos." diz Rick. MAS QUE AUDÁCIA DESSE CARA. "Lindos, e tem dono." diz Gabriel "Relaxa Gabriel." digo e viro as costas. "Vamos Pedro dançar." puxo Pedro e vamos pra pista. Dançamos e bebemos muito, até eu ficar tonto, fui pra cozinha ver se Gabriel estava lá, quando cheguei ele estava, mas estava acompanhado, até demais. Julia estava lá, beijando-o. "Gabriel?" digo surpreso, "Enzo, eu posso explicar, não é o que você está pensando." diz ele, "Então eu to muito bêbado porque vi vocês se beijando. E você? Não disse que estava tudo bem? Porque voltou? Depois de todo esse tempo?" digo nervoso, "Você roubou o Gabriel de mim! Você não gosta dele como eu gosto, seu viado de merda!" grita ela, "Filha você está alcoolizada, sai daqui antes que eu dê na sua cara." respondo. "A é? Então vem, bate!" diz ela batendo no próprio rosto. "Você já está fazendo isso por mim, obrigado." digo rindo. "Enzo vamos embora." Gabriel me pega pelo braço, "Não, você vai embora." vejo Rick passando, vou na direção dele, e o beijo. Gabriel fica espantado com o que vê e corre pra cima de mim, me empurra "VOCÊ TA LOUCO? PORQUE FEZ ISSO?" grita ele, "Desculpa não é isso que você esta pensando." digo, e saio da festa. Gabriel tenta vir atrás, mas Allex o empurra, "Já fez o suficiente, agora vai embora e não volta!" diz ele com raiva, "ANDA!" continua. Gabriel sai correndo, pega o carro, e vai. Antes de sair, Allex vai até a cozinha e vê Julia, "Garota eu não te conheço, nem sei porque você está aqui, e como eu sou mulher também, posso fazer o que Enzo não fez!" Allex da um tapa no rosto de Julia, e sai.
Saio correndo, chorando no meio da rua, me sento num banco em uma praça, e choro, como se nunca tivesse chorado na vida. Aquilo estava me corroendo, estava doendo demais, eu o amava tanto queria tanto constituir uma família com ele, Gabriel estava se fazendo de feliz, ele nunca deixou de ama-la, ele me fez de troxa esse tempo todo. Olho pra frente e vejo Allex se aproximando, ele se senta do meu lado e me abraça, não aguento, choro mais ainda. Allex sempre me apoiou em tudo. "Eu quero morrer, eu não aguento isso Allex! me ajuda." peço chorando. "Qual é? Morrer é um cliché. Obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém, sem ter dançado com o garoto mais lindo, sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida. Você deixou em casa suas camisas penduradas nos cabides, sua toalha úmida no varal, e penduradas também algumas contas. Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas suas gavetas, a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira. E quanto a nós, seus amigos que te amam? Eu, Pedro, Larissa, Rubi... Pense bem amor, quero o seu bem! você sabe disso, quero estar minha vida inteira te vendo crescer, te vendo evoluir mais, eu te amo muito Enzo. Não faça besteira." diz Allex me emocionando muito. Abraço ele sem mais respostas, apenas breves palavras... "Eu te amo Allex."
(E então ele virou pra mim e disse: "agora toda a vez que chover, você vai se lembrar de mim.". E desde que ele foi embora, só chove.)
