A lua minguante, ao lado de uma única estrela na vastidão negra e deserta do céu, tinha um brilho singular que Molly descreveu para si mesma como melancólico.
Sentada no banco da praça, segurava tolamente um livro que não conseguiria ler naquela iluminação precária. Uma pena, pois se tratava de Noites Brancas, um de seus favoritos. Era apenas uma — péssima — desculpa para estar ali àquela hora, mas ainda assim gostaria de ler mais uma vez.
Tinha esperança de encontrá-lo, aquele homem tão fantástico quanto misterioso. Pouco sabia sobre ele, apenas que era sua companhia favorita — e isso lhe bastava.
Se sentia uma idiota e estava prestes a voltar para casa, onde poderia reler a história do “Sonhador”, quando ouviu passos atrás do banquinho de madeira onde ela aguardava.
— Pontualidade nunca foi um dos motivos de minha fama. — disse a voz jocosa, divertindo-se com sua própria autocrítica.
— Senhor Masato! — Molly virou o corpo sobre o banco com um tímido sorriso. Sua vontade era se levantar para abraçá-lo, mas conteve-se ao sentir o rosto ruborizar. — Fico feliz que tenha vindo.
— O que estava lendo?
Molly se sentiu sortuda por conhecer o livro de capa a capa, o que a livrava de um grande vexame.
— É a história sobre um homem que vivia apenas em seus sonhos, sem nenhum contato com outras pessoas, e acabou encontrando o amor de sua vida.
— Hm. — fez ele postando-se ao lado do banco, olhando para o alto, as mãos cruzadas atrás do corpo. Molly observava os belos cabelos longos e ondulados brincando ao vento. Incomodada com aquele silêncio estranho, a garota tentou puxar assunto.
— De que tipo de livros o senhor gosta?
— De onde vim havia apenas livros sobre guerras. Táticas, técnicas, estratégias. Deve ser interessante ler um livro sobre... bem, sobre isto.
Molly não sabia o que dizer, então baixou a cabeça. Falar sobre o passado parecia doloroso para ele. Ela tinha muita curiosidade... não, a palavra não é correta... tinha um desejo natural de conhecer o homem que arrebatara as batidas do seu coração. Mas não queria invadir seu espaço.
— Quer caminhar comigo? — Perguntou ele, oferecendo o braço.
Envergonhada, Molly levantou-se e, de braços dados, andavam lentamente pelo parque deserto. As cigarras cantavam, emprestando ainda mais melancolia àquela noite que parecia um sonho. Tudo se distanciava, parecendo estar envolvido em um veludo branco... principalmente o “Sr. Masato”. Sempre com o olhar e o pensamento vago, fitava o horizonte.
“Preciso alcançá-lo de alguma forma”
— O senhor já esteve em uma guerra? — perguntou, mais devido aos tipos de livros que ele lera do que por interesse em tais assuntos.
Silêncio. “Masato” fitou a lua demoradamente, como se ela significasse algo dentro naquele assunto.
Droga! Por que eu tinha que ser tão burra e tocar em um assunto desses?
Molly sentia-se mal e seus músculos ficaram tensos. “Masato” percebeu e olhou para a garota.
— “Senhor”, não. Não para você. — disse, sorrindo, com olhar doce.
— Desculpe, sen... Masato.
— Há uma história que ouvi certa vez, e que talvez alguém a escreva. Uma história sobre guerra, mas principalmente sobre amor. Gostaria de ouvir?
— Claro!
“Masato” conduziu sua pequena dama ruiva por entre cerejeiras, que exibiam graciosamente suas flores delicadas.
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Noite Branca
FanfictionMolly quer conhecer melhor o misterioso Senhor Masato e, sem saber, desencadeou um processo de transformação do General do Negaverso. Um pouco da minha versão sobre a Guerra do Milênio e os generais.