3 semanas depois.
Nessas 3 semanas nada mudou muito.
Passava a maior parte do tempo com Maria na escola e depois ficava sozinha em casa.
Se vi minha mãe 4 vezes é muito.
Mal vejo ela, ela sempre está muito ocupada ou não está em casa.
Pouco me importa isso.
Ela nunca esteve presente porquê estaria agora? Nem em apresentações de escola ela ia, porque faria questão de saber do meu bem estar.
Nessas 3 semanas eu me cortei mais umas 4 ou 5 vezes. Sem espaço nos pulsos comecei a cortar minhas coxas. Por ter mais espaço, tem mais cortes.
Maria me perguntou o porquê que estou escondendo os pulsos. Não contei a ela.
Ela está sofrendo um pouco, sua mãe descobriu sua bissexualidade e ela meio que surtou com Maria. Apesar dela não ligar muito para o que as pessoas digam, ela não suporta ver sua mãe xingando ela.
Sei que ela não merece isso, ela é boa pessoa, uma das melhores na verdade.
Nessas 3 semanas, descobri que a 1D vai dar uma pausa.
É meio idiota, mas ele que me deixam feliz, eles eram meu chão e se acabar eu não sei mais o que eu faço.
Nessas 3 semanas também andei conversando com um garoto, o nome dele é Pedro, ele tem olhos castanhos e cabelo preto, ele é bem branco, ele é gente boa, com ele confessei tudo, mais do que com Maria.
Pedro é como eu, um Suicida.
Já vi que ele também é mais que isso, talvez um pequeno psicopata. Ele diz que vai matar todos que um dia me magoaram. Ele é como um refugio para mim. Talvez não seja bom eu me apegar a ele. Não quero ficar magoada por amor. Amor é coisa de gente forte, e eu não sou forte o suficiente para isso.
Nessas 3 semanas eu comi super pouco. Quase desmaiei uma vez aqui em casa quando estava sozinha. E quando comi eu vomitei, me sinto culpada após comer.Bom, hoje é segunda, não fui a aula, simplesmente não quis ir.
Sem motivo algum.
Na verdade tem um motivo, estou cansada daquelas pessoas horríveis.
Sempre falando o que você deve ou não fazer.
Isso é ridículo, vou ficar em casa lendo After que é melhor.
Passo a tarde lendo.
Quando é umas 18:00 eu entro no WhatsApp, tem 20 conversas.
Leio uma por uma.
Algumas falam que é para mim me matar, outras para mim nunca mais sair de casa, umas me xingando.
Muitas lágrimas caem, molhando todo meu rosto.
Vou para o banheiro e me corto, dessa vez corto toda minha coxa e meu braço.
Isso é totalmente bom. Alivia.
Depois de um tempo a dor volta, percebo que nada mudou.
Começo a me cortar cada vez mais para passar mais.
Quando percebo o banheiro está cheio de sangue.
Em desespero começo a chorar mais.
De repente tudo fica preto e caio no chão.4 horas depois.
Acordo numa sala branca, estou numa maca. Hospital.
Meu braço estava enfaixado e minha coxas também.
Estava tomando soro.
Um tempo depois, uma enfermeira entra no quarto.
"Que bom que já acordou, você se cortou muito, e por falta de comida e o estresse fez que você desmaiasse, você ficou 4 horas inconsciente." Como assim? Será que minha mãe descobriu? Ela que me achou?
"Minha mãe que me trouxe?" Pergunto.
"Sim, ela achou você no banheiro."
"Quando vou poder voltar para casa?" Pergunto meio assutada.
"Só depois que você estiver melhor, você terá que ir para um centro de reabilitação."
"Reabilitação? Para que?" Pergunto com raiva.
"Você tem tendência a suicídio, terá que fazer terapia."
"Não... isso não pode estar acontecendo..." Digo a mim mesma em um sussurro. "Minha mãe está aqui?" Pergunto a enfermeira.
"Infelizmente não, ela disse que tinha que resolver alguma coisa e depois voltaria... Eu sinto muito..." Ela diz isso com os olhos cheios de água.
"Não sinta, já me acostumei."
Eu não acredito que ela me deixou aqui mesmo sabendo do que eu fiz.
Digo um tanto seca. Ela me olha com dó, pena.
Eu não preciso da pena de ninguém nessa merda de vida.
"Quando irão me transferir para a reabilitação?" Pergunto sem a olhar.
"Talvez daqui 2 dias, porque você vai ter que ficar aqui pra poder ficar mais nutrida, você está totalmente sem nenhum nutriente e também está com anemia muito forte." Ela diz e uma lágrima cai de seu olho. Ela nem me conhece está com dó de mim? Isso chega até ser engraçado.
Ninguém nunca teve dó, tirando Maria.
Eu sinto uma grande raiva da minha mãe. A quer saber?Foda-se ela.
Ela nunca esteve presente mesmo. Então que se foda.
Agora vou ter que ficar aqui mais de um mês provavelmente para me "curarem" meus pensamentos e "curarem" minha doença física.
Eu vou pirar... certeza.
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A pequena suicida
Teen FictionCamila tem seus 12 anos, apesar de sua postura que aparentemente de mais velha. Sua vida parece uma coisa perfeita, mas só quem a conhece bem sabe como as coisas são.