Maps to You

Prologue

Pense comigo. Você está com um violão em mãos e o poder de fazer mágica na ponta dos dedos marcados pelas cordas. A inspiração vem preenchendo seu peito e não há lugar melhor e mais confortável do que o que você está. Tudo que você precisa é fazer. O impulso parte de você.

A música é dona do seu coração, onde você despeja o que precisar e ela entende, transforma em poesia. O que te mantém em pé. Entretanto, sua forte conexão com ela é dolorosamente quebrada e isso te destrói por dentro. Você precisa correr atrás e reatar tudo que tinham. Mas você é impedido pelo colégio. Pais. Namorada. Faculdade. Noiva. Traição. Um lampejo de desesperança e uma vida amarga colorida de cinza te faz pensar no que você deixou para trás. Em um momento, um acorde, sua vida já se transformou completamente e o rumo se foi. O peso cai nas suas costas e não há satisfação.

Está perdido. Estou perdido.

Porém, é em um exato momento qualquer que a impulsividade lhe alcança e te manda para fora desse pesadelo, tomada por sua ânsia de viver. De encontrar a música, a arte. Encontrar suas raízes. Se encontrar. Em um piscar de olhos, você sumiu para o resto do mundo. Morto para eles, mas finalmente vivo para você. Os segredos nunca contados continuarão assim.

Seu violão está cruzando seu tronco, seus pés não param de acelerar rumo ao desconhecido e você está faminto pelo que vai achar. Os medos e o passado não têm forças e não há nada a perder.

De repente, há uma garota que parece ter o mesmo destino que você, mas ninguém esperaria que fossem se cruzar. Misteriosa, ardente, cheia de segredos. Um fogo no vácuo que consome tudo pela frente. Até mesmo a você.

Às vezes, eu acredito que ela foi minha salvação. Outras, minha completa ruína. Não foi romance, não foi amizade. Foi poesia. Foi intenso, ensurdecedor. Mais do que eu poderia aguentar e saciava desesperadamente ter.

Em uma de suas metamorfoses eu acabei fazendo parte do processo. A vida na estrada era gratificante, sem maiores sonhos ou objetivos. Tudo que eu precisava estava lá. Até não estar mais e eu me encontrar obcecado por outra coisa, tendo que correr novamente atrás. Só que este algo tinha algum prazo e o talvez de nunca ser encontrado.