Letter from a dead man //Newtmas

Dear Thomas

      "Senhor Thomas Teller,

       É com grande pesar que eu, Sargento Opie Winston, regente do pelotão 357 no qual seu marido Newt Teller costumava servir, venho por meio desta carta dizer-lhe que o já citado não retornou junto aos outros Soldados de sua última missão.

       Como procedimento padrão, esperamos que o mesmo voltasse por conta própria por exatas quarenta e oito horas antes que lhe enviássemos as cartas, infelizmente, após longos dois dias fomos obrigados a oficializar a sua falência. Garanto-lhe que o Soldado não é um prisioneiro de Guerra, nem está sofrendo perdido nos campos de combate. Ele de fato se foi. Recebemos a confirmação por um de seus parceiros que retornou esta manhã sozinho. Eu sinto muito.

       Espero que a carta escrita pelo mesmo possa trazer-lhe algum conforto.

       É essencial que lhe seja dito, em nome do nosso país, que Newt Teller nasceu, viveu, morreu e será lembrado como um homem de honra."

       Caro Thomas,

       Tudo sempre foi pior que o inferno aqui.

       Nenhum homem que vem à Guerra volta inteiro. Muitos de nós nem chegamos a voltar. E os que voltam, Thomas, voltam diferentes. Alguns em casos extremos voltam sem uma perna, sem um braço, sem a visão ou com qualquer outro dano físico permanente que se possa imaginar, no meu caso, eu voltaria manco. Outros, bem, outros apenas voltam vazios. A Guerra tem o poder de corromper até o mais corretos dos homens, mas este não é o ponto aqui. Eu só queria te dizer, amor, que se você está com esta carta em mãos é com grande pesar que eu lhe informo que me juntei á aqueles que não vão voltar mais. Nunca mais. Eu agora faço parte daqueles que partiram em sua última missão e não conseguiram retornar. Eu sinto muito, mas talvez seja até melhor assim. Eu não queria voltar sendo um homem o qual você não reconheceria mais.

       Eu estou aqui por quase dois anos agora e a Guerra tem estado pior que antes, por conta disso eu acho, é que o Sargento está obrigando cada um de nós a escrever cartas como estas. Eles não querem ter de ser aqueles a darem a notícia à família do soldado, eles querem que nós façamos isso por nós mesmos. Algo do tipo "Oi, tudo bem? Eu espero que sim, porque eu não estou tão bem. Na verdade, eu não estou nada bem, eu morri e escrevi esta carta meses antes para que lhe fosse enviada caso algo me acontecesse em missão.", isso é ridículo, eu sei, mas é exatamente o que eu estou fazendo aqui.

       É uma despedida. Uma despedida para caso algo dê errado.

       Isso é mórbido para caralho.

       Por mais que isso seja uma despedida Tommy, eu não quero que você a veja como tal, porque enquanto eu estou aqui sentado, em meio ao silencio ensurdecedor, com mais de cem soldados fazendo o mesmo que eu, tudo que me vem à mente é você, e a forma como você costumava cair adormecido em meus braços. Eu espero que na morte, meu semblante seja tão sereno quanto o seu costumava ser enquanto dormia.

       Eu gostava muito de quando dormíamos juntos, não necessariamente pelas coisas que fazíamos antes, mas sim pelo mero prazer de observá-lo cair no sono, pouco a pouco. Eu me lembro perfeitamente da forma como você costumava adormecer, Thomas, tudo ainda é inegavelmente nítido em minha memória; e é nisso que eu me apego todos os dias antes de dormir, é nisso que eu penso segundos antes de me lançar para fora de um carro em movimento e adentrar ao campo de combate mais uma vez. As memórias me vem como flashes sempre que eu me encontro acuado ou em perigo e eu ainda sou capaz de visualizar seus cílios naturalmente longos piscando lentamente enquanto você lutava contra o sono, porque como você mesmo dizia, odiava adormecer antes de mim, agora o porquê disto, eu nunca realmente entendi. Você é lindo dormindo, e mesmo que roncasse baixinho nos primeiros cinco minutos de sono ainda era adorável. O mais adorável dentre todos aqueles que eu já assisti dormir. Acredito que você não saiba disso ainda, mas algumas vezes, eu fingia adormecer antes de você apenas para que você se permitisse dormir também e eu pudesse observá-lo por mais tempo. Porque observá-lo dormir, Tommy, sempre foi uma das minhas atividades preferidas em todo o mundo.