Zembazaru

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    Era uma pintura linda.
    Com tons lilases e de chumbo, de verde, violeta, branco e muito mais. E mostrava uma mulher.
    Não dava para ver quase nada abaixo da clavícula, mas seus ombros estavam nus e seus braços cruzados sobre o peito como para se tampar. O queixo era quadrado, seus lábios cheios e seu cabelo estava preso, mas com muitas mechas soltas. Nada realístico, com contornos simples e quase como rabiscados.
    Era brilhante como com glitter e estrelas pequeninas. Não havia muito movimento no quadro, a moça apenas movia o rosto um pouco como se quisesse se esconder dos olhos que a viam.
    Atrás dela estava pintado uma neblina brilhante e com aparência fofa, porém as coisas nela escritas a faziam perder qualquer atrativo visual. Eram palavras em muitas línguas, escritas em muitas formas e tamanhos diferentes. As palavras que eu entendia estavam em português e inglês, ou em línguas que se assemelhavam as essas duas.
    Aberração, vergonha, inútil, decepção...
    Os olhos da pintura eram cobertos por uma venda negra, onde a palavra escrita caracterizava a moça, "aborto".
    Meu peito pesa um pouco quando entendo a temática do quadro. De como o luxo da pintura brilhante se mesclava com o trágico preconceito contra abortos.
    Em meus poucos anos e mesmo vivendo no meio de tanta gente de opinião, o preconceito contra abortos parecia uma realidade distante, mas muito entrelaçada no caráter bruxo. Nenhuma família queria ter um aborto em suas casas, nem o governo da magia aceitava-os como cidadãos direcionando-os para uma vida longe do ambiente bruxo.
    Eu me lembro de Neville - Ôh, Morgana, a quanto tempo eu não me lembrava de Neville? - ter dito que um parente o havia pendurado de uma janela para que ele tivesse seus poderes despertados. Os Weasley's, os gentis Weasley's, tinham um parente contador e ao me contarem isso pude perceber uma pontada de vergonha em admitir isso.
    O nome do quadro estava em, acredito, japonês. O estranho era que todas as outras obras também tinham seus títulos traduzidos em pelo menos o inglês, e esse não.
    Qualquer que fosse seu nome, a pintura estava pelo menos assinada. Por Lexie Bankhead.

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Esse é um trecho da minha outra fanfic, Como Ser Criado Por Um Maroto. Porém essa parte ainda não foi publicada.
Com todas as tragédias acontecendo no mundo, eu resolvi que era uma boa hora para falar de um dos preconceitos que acontecem no universo de Harry Potter e que quase não foi mencionado nos livros.
Assim como JK (Queen) Rowling usou do preconceito contra lobisomens para fazer uma metáfora para o que pessoas com HIV sofrem, decidi usar o preconceito contra abortos numa metáfora para a homofobia.
Pois assim como as pessoas não escolhem sua sexualidade, um aborto não decidiu não ter magia.
A imagem da capa foi feita pela talentosa Baunilhando, eu mandei a ideia e ela gostou ( \o/ ) e fez essa arte maravilhosa. Por favor, conheçam o trabalho dela [https://www.facebook.com/Baunilhart/]
É tudo muito simplório, mas espero que os leitores gostem da personagem (que, hei!, logo vão conhecer) e da ideia.

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⏰ Última actualización: Nov 15, 2015 ⏰

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