Prólogo

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  2012

   Andando concentrada na música que escutava em seus fones, algo fez com que parasse em frente uma loja. Ela não sabia porque mas algo a chamou atenção, deduziu que seria a decoração e os milhares corações vermelhos daquele lugar. Ainda era jovem mas adorava feriados relacionados ao amor que tanto lia em livros e assistia em filmes. E apesar de não ter ninguém para presentear naquele dia, ela entrou na loja determinada a comprar um cartão de dias dos namorados e talvez uma caixa de bombom. Procurou atenta ao cartão que despertasse sua atenção e depois de dez ou quinze minutos de procura, vê algo que a fez sorrir e se lembrar do último filme romântico que havia visto.

— Boa tarde, uma caixa de bombom também. — Ela diz ao senhor e aponta em seguida para a caixa com chocolates em formas de coração.

— Claro, aqui está. — Ele entrega o pedido, ela guarda em sua mochila após pagar. — Feliz dia dos namorados, jovem. — O senhor diz lhe entregando o troco mas antes que pudesse dizer algo, um estrondo ensurdecedor na pequena loja fez com que todos parassem, mas o que despertou medo aos olhos da maioria foi o fogo que se alastrou rapidamente pela maior parte do estabelecimento.

  O desespero era quase palpável naquele momento. Ela é jogada no chão quando a maioria das pessoas correm em direção a saída sem nem se preocupar com quem estava a sua frente. E apesar do medo, esperou que todos estivessem fora para conseguir assim se levantar.

— Irmão! Cadê você? — Antes que de fato se colocasse de pé, ela escuta uma voz gritando ao fundo da loja. — Alguém me ajuda!

Ela se perguntou algumas vezes se deveria ir embora ou ir ao encontro do desconhecido que chamava por ajuda, e mesmo que o medo da morte a consumisse, ela se colocou de pé e foi para o interior da loja, desviando cuidadosamente do fogo e de todos os destroços que estavam pelo chão.

— Ei, aonde você está? — Sua voz falha ao dizer aquelas palavras, mas seus passos continuam firme em direção ao choro.

Enquanto caminha em direção ao depósito da loja, finalmente vê alguém em sua frente mas antes que pudesse dizer algo, mais um estrondo ecooa e ela abraça seus joelhos com medo. O choro que escutou foi a única coisa que a fez despertar do medo e abrir os olhos.

— Ei, temos que sair daqui. — Ela diz se aproximando do garoto que estava ajoelhado chorando. Ao notar que havia uma pessoa desacordada e visivelmente machucada, o medo das chamas deu lugar para outro desconhecido.

— Irmão, por favor, levante! — Ele grita com lágrimas escorrendo por seu rosto mas sem sucesso algum.

— Precisamos sair daqui, vamos chamar ajuda para ele. — Ela diz tentando convencê-lo mas foi em vão. O fogo só aumentava e a cada segundo a situação se tornava pior. Seus olhos percorreram o local e procuraram uma janela ou uma porta de saída, mas sem sucesso. Havia muita coisa pelo chão e a maior parte já estava tomada pelas chamas.

— Eu não posso deixá-lo aqui. — Ele finalmente diz ainda em lágrimas, segurando firmemente a mão do outro na esperança de que isso fizesse algum resultado.

— Eu sei, vamos dar um jeito mas precisamos sair daqui agora. Vamos, me ajuda a carregá-lo até saída. — Suas palavras eram firmes mas em sua mente a dúvida permanecia intacta. Desviar de todo o fogo seria difícil carregando alguém de peso maior.

Suas palavras foram obedecidas e ambos o carregaram até o exterior da loja, que agora consumida pelas chamas e fumaça, já era desconhecida as suas lembranças.

Seus passos foram largos e rápidos, talvez o medo tenha servido para lhe dar a força necessária para chegar até a porta.

— Espere. — Ele diz soltando seu irmão assim que percebe que a porta não estava abrindo. Chutes foram depositados com toda força que ele encontrou naquele momento, depois de alguns a porta finalmente se abre e os dois sorriem, finalmente conseguiriam sair dali.

— Vamos, rápido. — Ela diz assim que seus olhos vêem que aquele lugar não aguentaria por muito tempo.

   Era possível sentir a esperança em seu corpo quando ela encontrou os olhos de outros pessoas. Faltavam alguns passos, somente pequenos passos e finalmente aquele terror terminaria, talvez ainda houvesse tempo para eles, talvez não fosse tarde demais. Era o que passava em sua mente. Mas antes que pudessem dizer mais alguma coisa ou que pudessem ser alcançados pelas pessoas que corriam em suas direções, eles são arremessados para longe.

  A última coisa que ela vê é o rosto do garoto desconhecido que ainda derramava lágrimas e gritava pelo nome do irmão.
E então não há mais nada.



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