Um conto de fim de namoro

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Já faziam alguns dias que eu queria falar com ela, eu precisava falar e aquilo estava me sufocando. Meu coração se apertava toda vez que estávamos juntos, quando pensava em falar meus olhos marejavam, minhas mãos suavam, as pernas tremiam e minha voz vacilava. Ela me olhava, sorria e mais uma vez eu dizia que a amava, beijava seu lábios e ia embora.

Por algumas vezes ensaiei o discurso de término no banho ou em frente ao espelho. Pensei nas palavras que queria e que deveria usar, mas nada disso fazia efeito. Sempre que a via toda a minha preparação se ia por água a baixo. E mais uma vez eu ia embora e não resolvia aquela situação, me envolvendo cada vez e a fazendo se envolver e me amar mais. E enquanto ela me amava mais e mais, eu me afastava cada vez mais, fazendo-a sofrer, sempre dizendo que era uma fase e que eu ia melhorar e isso ia mudar.

Mas, na verdade, só fazia piorar.

Naquele dia maldito, quente como se o Sol beijasse a Terra. Eu já havia trabalhado como um filho de puta, minha comida havia azedado e tive que comer na rua, gastando meus ultimo trocados. Acabei por sair mais tarde do trabalho por ter q fazer o trabalho dos outros, meu sapato furou e, consequentemente, ainda me atrasei para jantar na casa dela. Pelo menos lá tinha cerveja, quente! Meu futuro sogro me mandava mil indiretas sobre casamento, minha sogra fritava qualquer merda escrota para comermos em alguns minutos, o cachorro latia e a minha cunhada falava alto no telefone sem fio. O ventilados oscilava de um lado para outro, impotente, empurrando um bafo quente na minha cara, fazendo a merda da cerveja esquentar mais ainda.

Até aquele momento, aquele maldito momento. Meu suor escorri em abundância pelo meu rosto, eu me sentia exausto, com fome e com sono. O álcool da cerveja estava fazendo alguns efeito e eu tive que ouvir minha sogra falando em alto em bom tom:

- Fala logo com ele aí! Esse negócio de barba aqui em casa eu não quero, não mesmo!

E meu sogro, num suspiro se volta pra falar comigo:

- Rapaz, to pra te falar isso a um tempo e... Bem, você ouviu ela... Você não fala nada, mas a gente sabe tu a minha menina vão se casar e eu não quero saber da minha menina casando com gente com essa cara de vagabundo comunista barbudo que nem você. Tu não é um mal rapaz, mas essa porra de barba grande pega mal! Sabe... Parece q é contra a lei, parece terrorista ou qualquer merda assim e você entende, né? Eu sou um homem de bem, essa casa é de uma famÍlia de bem e não aceitamos hippies, drogados e coisas assim, e não queremos gente que pareç...

- NÃO PORRA! NÃO, NÃO E NÃO! NÃO FODE!

Nem mesmo eu acreditei quando ouvi minha voz. Num rompante eu falei... Não, gritei muito mais alto do que deveria, mas foda-se! A merda já estava feita e fui em frente! De pé comecei a vomitar tudo em forma de palavras em cima do velho, essa era a minha catarse!

- Não, não vou casar com a sua filha! Na verdade eu não aguento mais ela. Tem meses que eu to afim de me livrar dela e agora mais ainda. Vai tomar no cu, no cu porra! Desde quando barba quer dizer alguma merda! Eu trabalho pra caralho, me fodo e ainda tenho que ouvir essa torneira de merda! Vai se fuder!

Sem esperar resposta do velho, eu peguei minha mochila e já fui saindo daquela sala! Pelo menos na varanda já soprava um vento. Ela saiu chorando atrás de mim, enquanto isso eu ouvia a velha gritando com o velho, dizendo q eu não poderia cagar na honra deles e sair da casa assim!

Minha namorada veio, não falava nada com nada e só me pedia pra não deixar ela e dizia que eu não podia fazer isso! O velho saiu de casa com uma shotgun .12 empunhada. Dizia que ia me matar! E eu vi que ia morrer! Eu havia passado dos limites, eu mesmo mataria qualquer um fizesse isso na minha casa!

Minha (ex) namorada se pôs na frente do pai, gritava histérica na frente do pai enquanto ele engatilhava a arma para me matar. Minha sogra berrava e minha cunhada havia sumido!

Num repente minha sogra se calou e eu só ouvia meu sogro e minha namorada! Quando ele avançou na minha direção, quase passando por cima da minha namorada o irreal aconteceu! Os dois foram empalados por uma espécie de garra que trespassou os dois na altura do torax! Sangue, muito sangue espirrou em mim e eu fiquei sem ação! Eu não queria acreditar no que via. Alguma coisa parecida com um inseto gigante agora mastigava a cabeça do meu sogro e se preparava pra abocanhar a cabeça da minha namorada. Em menos de um minuto o ser já havia se livrado do corpo dele e se entretinha com o corpo dela! Comia tudo, roupas, ossos, pele, tudo pra dentro. Mastigava e olhava para mim, era a minha vez, eu seria o próximo!

Quando essa ideia me assaltou, minhas pernas começaram a se mover independente da minha vontade, dei alguns passos vacilantes para trás, mas logo depois caí, pois minhas pernas pareciam ter a mesma consistência de gelatina!

Eu estava certo, percebendo meu vacilo o inseto descomunal veio pra cima de mim! Eu ainda pude ver as pernas do corpo da minha namorada caindo no chão. Eu tinha que lutar, eu precisava lutar, eu sabia que ia morrer, mas não poderia morrer assim! Sem tirar os olhos daquela besta, tateei o chão e toquei alguma coisa que parecia madeira! Aquilo seria minha arma. Pelo menos tentaria cegar aquela porra ou fazer o máximo de estrago que pudesse antes dele me matar! E quando ele se decidiu por avançar pra cima de mim eu me mijei. E acho que me caguei também! Estava num mix de desespero e alegria. Eu não havia pegado madeira alguma, estava segurando a doze-punheteira do meu sogro e ela já estava engatilhada.

Eu só tive tempo de pensar em apertar a porra do gatilho! O tido de doze acertou bem no meio dos cornos do filho da puta! Arrancou metade da cara daquela merda e mo matou na hora, mas eu me fudi! O corpo dele estava muito em cima de mim e simplesmente desabou me prendendo! Eu estava ali, cagado, mijado e chorando, achando q tinha me safado, mas outros dois daqueles apareceram na porta. Disputavam para ver quem passava primeiro, o da esquerda passou, mas logo assim q passou simplesmente explodiu num mundo de gosma e fedor! Logo depois o segundo, ainda dentro de casa também explodiu!

Os homens de preto chegaram. Limparam todo o local e o próprio "J" conversou comigo. Me explicou toda a situação sobre a invasão dos insetóides, sobre os homens de preto e sobre o que eu tinha passado! Foi muito, muito enfático ao me parabenizar pelo meu ato. Disse que normalmente um ser humano não expressa a menor ação ao se deparar com um insetóide, pois o cérebro não aceita a existência de uma abominação dessas...

E eu mesmo pedi que ele não me apagasse! Não podia! E neste mesmo dia passei a fazer parte dos homens de preto e hoje sou chamado de "T" e luto contra um horda de invasores insetóides que visa invadir a nossa Terra e torná-la uma de suas colônias.


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⏰ Última atualização: Nov 16, 2015 ⏰

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