Capítulo único - Presa à você.

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A noite parecia estar mais escura do que sempre, as estrelas já não tinham mais aquele brilho que iluminava todos os lugares. As árvores pareciam totalmente sem vida... Ou será que era ela quem estava sem vida?

Todos os anos, no inverno, desde os seus 16 anos ela ia para aquele pequeno canteiro de rosas. O local em que o perdeu para sempre. E em todos esses anos as lagrimas pareciam infinitas. Lara permanecia completamente absorta em pensamentos enquanto sentava na grama, sempre cabisbaixa e sem se preocupar com o horário. Para ela não fazia diferença, não importava se era meio dia ou meia noite, nada poderia amenizar sua dor. Lembranças de sua infância apareciam em sua memória;

"- Rafa olha meu desenho! - dizia a garota sorridente mostrando uma garotinha loirinha, com o vestido rosa. Sem muitos detalhes, típico desenho de uma criança, um desenho muito colorido. O rapaz estava sentado na cama da garota com um de seus ursinhos no colo

- Que lindo Larinha - elogiou Rafael todo sorridente. Logo em seguida a porta foi aberta, uma moça aparentando vinte tantos anos adentrou o quarto e pegou a filha no colo

– princesinha, vamos dormir? - perguntou levando-a até a cama onde minutos atrás Rafael se encontrava. Agora o rapaz estava em pé no meio do quarto observando a mãe colocando a filha para dormir.

- boa noite mamãe! - desejou a garota. A mãe sorriu, beijou a testa da filha e se dirigiu até a porta pronta para apagar a luz – mamãe a senhora esqueceu-se de Rafael - lembrou a garota assim que viu sua mãe saindo do quarto, a mãe parou e olhou para um canto qualquer do quarto:

- boa noite Rafael - sorriu e caminhou para fora do quarto, apagou a luz e fechou a porta.

Ficou parada olhando para a porta branca com algumas figurinhas coladas, imagens de princesas e uma plaquinha com as letras rosas "Princesa Lara" Hanna suspirou, não sabia como contar para sua pequena princesinha, de apenas 8 anos, que seu pai ainda estava tido como desaparecido. Fazia cerca de oito meses que seu pai havia partido para a guerra e ainda não retornara, fazendo com que Hannah criasse sua pequena filha sozinha.

Mas, apesar de tudo, Hanna se sentia feliz por sua filha se distrair com o tal "Rafael", no começo Hanna achou que o garoto era alguém da escolinha da filha, porem percebeu que ele não era nada além de uma criação da imaginação fértil da filha, um amigo imaginário que surgiu como uma segunda figura paterna para a filha"

Lara sorria ao lembrar-se das vezes que sua mãe a olhava estranho sempre que ela conversava com Rafael, na verdade todos a olhavam da mesma forme e só agora podia entender o porquê.

Naquela noite uma chuva muito forte estava por vir, Rafael sentiu uma coisa estranha no peito. Para muitas pessoas ele era apenas um fruto da imaginação da pequena Lara, mas ele era muito mais que isso. Rafael pressentiu que algo de ruim iria acontecer... Na verdade ele sabia. Batidas na porta foram ouvidas, Rafael se aproximou da janela e pôde ver um carro preto, dois oficiais fardados estavam fora do carro com os cap em mãos, em sinal de respeito. Rafael ouviu os passos da mãe na escada, depois ouviu o barulho da tranca da porta da sala. Nesse momento sentiu que a pequena Lara precisaria mais ainda dele.

O tempo parecia ter fechado mais do que já estava, pingos brancos caiam do céu e cobria a garota, era a neve sinal de que o inverno estava cada vez mais perto. A neve que descia parecia estar ritmada com as lágrimas de Lara que se sentia mal a cada lembrança dolorosa que aparecia em sua mente, e uma das piores foi quando ela tinha seus 13 anos. Imagens foram se produzindo na penumbra da noite, frente a garota rodeada de neve.

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⏰ Última atualização: Mar 03, 2021 ⏰

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