Parte 8

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Hoje então seria meu primeiro dia oficial na empresa. Cheguei cedo, para dar exemplo, e fui pra minha sala. Chegando lá, minha secretária, que cuida das minhas coisas, me chama pálida.

-Dra aconteceu uma coisa.

-O que houve?

-É sobre a encomenda de tecidos.

-Eu vou ligar para eles, e por favor, se acalme ok?

Liguei então para eles. E eles estavam estressados, pois a encomenda se perdeu, e não tinham mais tecidos iguais. E o pior: os perfumes de nossa loja acabaram. Ótimo, mais um problema. Vou ter que viajar imediatamente. Chamo então o Breno.

-Oi Breno, você pode vir até aqui?

Em pouco tempo ele vem, e então eu dou a notícia.

-Vá para a casa e arrume suas malas. Viajaremos hoje mesmo para a França.

-Hoje? Mas assim, de repente?

-Houve alguns imprevistos. Por favor, não demore.

Ele saiu e eu o segui. Avisei que o que se passava e o pessoal todo já sabia.

Em casa, subo pro meu quarto e arrumo as malas. Encontro uma foto do Gustavo e eu. Éramos tão felizes, mas porque ele fez isso comigo? Desandei em lágrimas. Solucei. Mas agora ele é meu passado. Já não vai mudar nada. Jogo no chão a foto e sigo preenchendo minha mala. Já reservei as passagens e o hotel. E tudo está em ordem.

Saio, entro no meu carro, ponho meu óculos de sol, e vamos para a França. Após chegar ao aeroporto, Breno me esperando com sua mala.

-Oi Breno, pronto para conhecer a França?

-Estou, vamos lá.

Entregamos as passagens e os passaportes, entramos no avião, e logo ele decolou. Passei toda viagem ouvindo música no meu iPod, e me lembrando de como o Gus e eu éramos felizes. Até hoje, e até sempre no caso, não vou entender o porque da sua decisão.

Após algumas horas, chegamos na França. Que cidade maravilhosa. Porém, temos apenas algumas horas por aqui, logo mais teremos que viajar para a Índia, onde tecidos maravilhosos são encontrados.

Breno e eu, passamos o dia todo, comprando tecidos e aproveitando para nos conhecermos melhor.

-Dra Lu?

-Pode me chamar de Lu, Breno, sem formalidades.

-Ok Lu, porque você não seguiu sendo médica, depois do falecimento do seu pai?

-Bom, porque eu não gosto, foi exigência do meu pai eu seguir essa profissão, e agora que ele foi desta pra melhor, eu assumi o lugar dele na empresa, e confesso que estou gostando muito.

-Eu também fui obrigado a fazer algo que não queria.

-Tipo o que?

-Odontologia. Minha esposa me obrigou, ela queria vida boa, e sabia que dentista era uma profissão prestigiada. Mas a ganância dela acabou matando-a.

-Sem querer ser indiscreta, mas porque a ganância a matou?

-Certo dia ela saiu pra comprar um sofá novo, não que precisássemos, mas ela queria, no percurso, um caminhão bateu no carro dela e detonou. Infelizmente, a atingiu em cheio. E ela não resistiu.

-Sinto muito.

-Já que estamos batendo um papo mais informal, posso pedir uma coisa?

Eu sabia do que se tratava: Gustavo.

-Claro, pode falar.

-Você e o Gustavo eram casados? Vejo o jeito que você olha pra ele, e a maneira que vocês se tratam.

-Bom, ele forjou a morte dele. Pra se ver livre de mim. Porque eu ia para Londres, estudar na melhor faculdade, e ele não gostou disso. E agora que estou de volta, descobri que ele estava vivo, e se não bastasse, casado e com uma filha.

-Nossa Lu, que medíocre. Que homem sem noção. Você é espetacular e ele te perdeu. Eu não queria ser ele.

Rimos um pouco, e fomos ao hotel, descansar uma hora, pra depois partirmos para a Índia. Ele era legal. Mas eu não sei, não posso confundir gentileza e cavalheirismo com amor. 


Frio de MaioOnde histórias criam vida. Descubra agora