XIX

29 1 0
                                    


Eu corri para abraçá-la e também comecei a chorar. Apesar de não conhecê-la o bastante, parecia que eu a conhecia há muito tempo.
— Você está com fome? — Por fim perguntou.
Eu neguei e disse que havia comido na casa do homem. Ela então disse que eu precisava de um banho e de uma boa noite de sono.
Eu precisava lavar meu cabelo. Então ela disse que ia me mostrar o que usar no cabelo.
Me olhei no espelho, meus cabelos castanho escuro e minhas sardas estavam lá. Eu tinha olhos escuros e um grande sorriso. O tempo não me mudou.
Luisa me mostrou como usava os produtos. Tomei banho, e senti uma leveza.
Logo estava deitada e subitamente adormeci.
Acordei com uma forte dor de cabeça. Talvez pela exaustão do dia anterior.
Me levantei e fui para sala, Luisa não estava presente. Porém vi um bilhete ao lado da televisão.
"Flora,
Fui ao hospital pegar o resultado de seus exames. Como você estava dormindo, resolvi não te acordar. Tem bolo sobre a mesa e café na cafeteira. NÃO saia sem mim.
Logo estou aí.
Luisa."
Fui em direção a mesa. Havia um bolo muito bom e um café que também estava bom.
Fiquei pensando enquanto comia. No beijo que o "Augusto" havia me dado. Espera. Ele havia falado o seu nome quando ligou para Luisa. Pedro. Isso! Pedro.
Enquanto pensava ouvi um barulho, "TRIIIIM TRIIIIM". Vinha daquele objeto que Pedro usou para ligar para Luisa. Telefone. Exato! Corri e retirei do seu suporte e automaticamente coloquei na orelha, assim como faziam.
Ouvi uma voz semelhante.
— Alô! Aqui é o Pedro.
Fiquei um tempo estática.
— Ahn... Aqui é a Flora.
— Oi, Flora. Como está?
— Tirando uma terrível dor de cabeça, estou bem.
— Então quer dizer que não podemos sair hoje...
— Sair para onde? De casa? — Perguntei confusa.
— Eu gostaria de te convidar para um jantar. Bem clichê, mas eu gostaria.
— Eu aceito. É uma dor suportável, até la estarei melhor. — Falei feliz.
— Então... Passo na sua casa às 20:00.
— Certo. Às 20:00.
— Vou desligar. Tem uma consulta agora. Beijos e até mais tarde.
— Até logo.
E ouvi um " TU TU TU", provavelmente ele havia desligado. Mas nada escondia minha emoção.
Me sentei no sofá e esperei Luisa, porque eu não tinha a mínima noção de como fazer a televisão funcionar.
Acabei adormecendo ali mesmo, talvez pela forte dor em minha cabeça.
Acordei com Luisa me encarando.
— Olá! — Ela lançou um sorriso. — Os exames estão prontos. Aproveitei para marcar com o doutor Moraes, uma consulta para as 15:00. Já são 12:30. Vou correr e fazer o almoço, para depois irmos. — Disse indo para a cozinha.
Permaneci quieta no sofá. Pensando em como eu faria para voltar se ninguém confiava em mim. Eu tinha que voltar.
Me levantei e em passos lentos fui em direção ao quarto, vesti uma saia (que era curta e plissada) e uma blusa que Luisa separou para mim. Em seguida uma sapatilha vermelha.
Voltei novamente para o sofá azul com almofadas amarelas. Encostei a cabeça nas almofadas e adormeci novamente.
— Flora! — Exclamou Luisa. — Você está bem? — Seu olhar demonstrava preocupação.
— Tirando o fato de que minha cabeça está doendo muito, sim. —Falei zonza.
— Estou preocupada. Acabei de fazer o almoço, logo iremos ao consultório. Trate de comer mais e dormir menos.
Fui em direção ao fogão e me servi. Em seguida me sentei à mesa e comi.
— Estrogonofe. — Disse Luisa. — Sua comida favorita.
— Realmente. Muito bom. — Afirmei.

Após terminar, me levantei e fui em direção ao banheiro escovar os dentes. Precisei me apoiar no lavatório, minhas pernas haviam ficado bambas. Minha vista escureceu.

Nada além do depoisOnde histórias criam vida. Descubra agora