Born to be happy (One Direction FanFic)

526 3 0
                                    

Levantei-me da cama, vesti-me e atei o cabelo num monho, não estava para o pentear e assim fica melhor, um dia, cortá-lo-ei curto. Dirijo-me para a sala onde me esperavam para iniciar mais uma reunião com o psicólogo e uma psiquiatra.

“Bom dia!”- disse, um pouco em baixo, devastada e seriamente cansada daquele sitio e daquelas pessoas, sentei-me ao lado da minha melhor amiga do sítio, Gemma Styles, que também ficou presa naquele maldito sitio.

“Bom dia!”-Começou o psicólogo, o seu olhar desviou-se para mim e ele sorriu, com preocupação. “Este deve achar que estou doida”, bem, pelos vistos não era o único que o achava, dado que fora o meu irmão que me tinha posto ali. Apenas disse que era o melhor para mim, depois do meu comportamento nos últimos tempos. Ele não queria era aturar-me, os meus pais tinham voltado para Israel, para cumprir uma promessa, teriam de lá ficar desde o momento que o meu avô materno morresse, até eles morrerem também. Nunca percebi essa promessa, mas penso que era para honrar a memória do meu querido e falecido avô.

“Cada um de vocês, hoje, irá falar sobre a sua história, irá dizer o que passou, tudo, contado ao pormenor, até ao mais pequeno e intimo que se lembrarem, ninguém vos irá julgar e fará parte da vossa terapia. Quem conseguir fazer isto, estará praticamente no fim do tratamento. Mas bem feito. Todos os que se encontram aqui estão numa fase crítica do tratamento, ou melhoram ou não sobrevivem. É simples, e não vale a pena mentir-vos sobre isto, é simplesmente algo por que vocês vão ter que lutar, se estiverem determinados a sair desta Clinica, conseguirão. Disso não tenho dúvidas. Para este exercício, começam por se apresentar, como se ninguém vos conhecesse, imaginem que não conhecem ninguém aqui e falem sobre a vossa vida. Começas tu, Donya.” – Acabou apontando para mim e eu, com todas as minhas forças, respirei fundo e levantei-me.

Comecei.

“Sou a Donya Jawad Malik, tenho 18 anos e venho de Bradford. Sou a filha mais velha de 4 filhos, o meu irmão Zayn, tem 17 anos e é ele que supostamente cuida de mim, visto que os meus pais moram em Israel com as minhas duas irmãs mais novas. O Zayn ficou a cuidar de mim porque é o “homem” da casa. Falo dos meus pais assim, a verdade é que não devia. Cresci no seio de uma família muçulmana, a minha mãe é de Israel e o meu pai é inglês mas converteu-se a muçulmano, para o casamento com a minha mãe. Tudo parece bom não é? Irmãos mais novos, pais juntos e apaixonados, amigos (sim porque podem ser poucos, mas são bons), uma casa, avós que me adoram, sem problemas financeiros, sem problemas pessoais… Tudo para uma vida boa, tudo o que é preciso para ser feliz, tudo o que alguém necessita para viver…Não. Não é assim.

Neste último ano tudo mudou… Fez anteontem, dia 18 de abril de 2011 um ano que tudo se desmoronou, mais do que já estava.

      -Dia 3 de abril de 2010-

Nesse dia levantei-me e vesti-me, vesti umas calças justinhas, escuras, enfiei a blusa mais larga que tinha, a dos Ramones, calcei as minhas botas de cabedal pretas  e atei os cabelo, deixando as duas rastas caírem sobre os meus ombros, peguei na mochila, desci as escadas, cumprimentei os meus pais com um beijo, peguei numa maçã e sai de casa. Estava imenso frio, então voltei atrás para pôr o casaco de cabedal preto, desci o elevador do prédio, corri para o autocarro, sentei-me num lugar ao lado da janela e pus os fones nos ouvidos.

Cheguei à escola em 15 minutos e fui ter com a minha melhor amiga, Beatriz Jesus Tomnlinson, Bibz Tomns, mais propriamente, fomos para as aulas, que se passaram naturalmente, até receber uma chamada, estava sempre alerta para com o telemóvel, dado que o meu avô se encontrava internado, devastado pela doença, cancro do estômago.

-Professora, posso ir atender?

-A menina está em aula, devia ter o telemóvel desligado. Não pode.

-A puta que pariu. – Levantei-me e sai da sala, com a mochila na mão, porque não iria voltar ali, sentia um mau pressentimento e sabia o que me esperava com aquela chamada. Quando disse aquilo à professora não pensei, apenas disse… O meu vô internado, a morrer e ela não me deixava ir atender… Eu não aguentava mais, sempre a sorrir, a manter-me forte para com a minha família, nunca chorar, isso era à noite, enquanto rezava ao meu Deus para que o vô melhorasse. Não melhorou.

-Estou, pappy?

-Filha! O teu avô… Ele ia ser operado esta manhã, era a última oportunidade de sobreviver, quando o levaram na maca, do quarto para a sala de operações, ele entrou em paragem cardíaca e… morreu.” – as lágrimas estavam presas em mim e eu fazia para não chorar, o psicólogo olhava-me assim como toda a gente e eu não aguentei e simplesmente comecei a chorar, uma lágrima a seguir a outra e assim continuei, até me recompor e continuar a falar.

“A conversa acabou ali, e eu também. Cai no chão do corredor da escola frustrada e a chorar, a dar murros em todo o lado e a soluçar tão alto… Era o meu vô… Nem sempre fui o mais simpática possível, mas eu amava-o, ele era alguém que eu admirava com todas as minhas forças e agora tinha ido, tinha partido para nunca mais voltar… Nesse momento as recordações começaram a vir ao de cima, até que vi alguém sair de outra sala de aula com um telemóvel na mão, apenas o vi de costas, antes de ele deixar o telefone cair para o chão, ele nem deu pela minha presença, simplesmente caiu no chão devastado por o que tinha acabado de ouvir… E se eu sabia por o que ele estava a passar…!

     -Zay! - Assim o tratava eu, carinhosamente, ele voltou-se para trás, com os olhos lavados de lágrimas e alguma raiva lá carregada. Dirigiu-se para mim e apenas me abraçou e ali ficámos… O vô era como um pai para Zay e ele não ia aguentar, tal como eu…

    -Ei! O que se passa? Porque estão assim, e porque não estão nas aulas?- olhei para o lado e vi o meu director de turma com ar preocupado, olhando fixamente para mim.

   -O nosso vô… Ele… m-o-r-r-e-e-e-u. Morreu. – as lágrimas naquele momento estavam a sair aos molhos, empurravam-se umas às outras para sair e não pediam permissão. –AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH! – Dei o maior grito que pude, o meu irmão caiu do meu lado, chorando, sem se conseguir acalmar. Mais gente apareceu, a directora de turma do Zayn e outras pessoas, que foram afastadas pelos directores de turma.

  -Donya, vem comigo. Zayn vai com a tua professora. – sem dizer nada fomos, ainda chorando.

O professor levou-me para uma sala e deixou-me descarregar a raiva toda, quando acabei, caí no chão a chorar ainda mais, com a cabeça a doer-me e o corpo a tremer, ele sentou-se ao meu lado e abraçou-me, ficámos assim durante uma meia-hora…

Sofri tanto com a morte do meu vô, não consegui ir ao funeral, os meus pais não me acordaram, pensaram que estava a dormir, mas não, simplesmente tinha desmaiado, depois de destruir tudo…

Passei tão mal esses dias… Não fui à escola, a Bibz veio visitar-me, mas nem isso me animou…

   -Dia 18 de abril de 2010-

Parece que foi tudo em carreirinha… Sem descanso… Não pude acreditar quando naquele dia, na aula de Filosofia me ligam do telefone do meu pai, era a minha mãe, e mais uma vez o meu Mundo desmoronou, desta vez por completo… Ele morreu. O meu pai morreu. E quando eu falo que os meus pais moram em Israel, falo apenas da minha mãe, mas é como se ele ainda vivesse entre nós, o meu pai teve um acidente de carro, e o seu corpo não foi encontrado, nem nesse dia, nem nunca, apesar de ele ter morrido, nem que afogado, quando o carro caiu para a água, o meu pai ficou com uma perna presa no vidro e foi esse o único vestígio dele que foi alguma vez encontrado…

Depois disso, eu morri também, mas só por dentro… Isolei-me, deixei de comer, chorei noites sem conta, não falava com ninguém, descarregava em mim… Pensava que a culpa era minha…

A minha mãe, como é islã, foi cumprir a sua promessa em nome do seu falecido pai, e mudou-se com as minhas duas irmãs, eu fiquei com o meu irmão.

Passados 4 meses de puro desespero e luto, o meu irmão pôs-me aqui, após me ter encontrado inconsciente na banheira, cortada e com overdose de comprimidos. Quando acordei estava no meu quarto desta Clinica.”

Born to be happy (One Direction FanFic)Onde histórias criam vida. Descubra agora