Com o Vale Sagrado retomado, uma ponta de esperança alimentava os corações e mentes de muitos. Öfinnel decidiu que era hora de rever sua família. Havia poucos refúgios completamente livres das ameaças impostas pelas hordas, uma delas era a cidade de Tleos, a outra era Illeanur, a cidadela do templo da luz. Eram raras as notícias de lá, mas sabia-se que muitos refugiados de Vellistrë viviam nas proximidades do templo.
Viajar até lá à pé levaria meses. Öfinnel ganhou como presente dos elfos, uma montaria alada, um grifo chamado Ka. Montar e guiar tais criaturas era muito difícil e levaria anos para dominar. Precisaria de outro grifo para liderar o voo de Ka. Öfinnel conseguiu convencer Izguaziir a guiá-lo até Illeanur. Ou talvez o contrário. Eliarta, como sacerdotisa vetmös devota da deusa da luz, ficou excitadíssima com a possibilidade de conhecer o lendário templo nas terras geladas. Izguaziir não queria abandonar as batalhas, mas acabou cedendo.
Encontrar o templo não chegou a ser difícil. Saíram antes do crepúsculo, para depois de algum tempo ver sua luz, além do horizonte. No final do segundo dia de viagem, foi possível avistar o pico que abrigava o templo. Sua luz, como a de uma estrela, iluminou a noite. Avistaram um grupo de vilas na encosta da montanha. Escolheram para pousar uma que estava disposta em torno de um enorme casarão.
A recepção não foi muito calorosa. Foram cercados por homens e mulheres sob a mira de arcos e flechas. Mesmo dizendo quem eram, todos estavam tensos e desconfiados.
— Cuidado! Podem ser demônios sob disfarce.
— Mas que piada! Nós? Demônios? — Öfinnel retrucou.
Um jovem sacerdote pediu — Por favor, olhem para o templo.
Era um pedido estranho, mas o trio obedeceu. Eliarta pensou saber o que o rapaz desejava com aquilo.
— A visão deles ficou firme. — indicou o rapaz e todos os demais baixaram seus arcos e flechas. Receberam o benefício da dúvida.
— Venham, acompanhem-me — o rapaz indicou o caminho. Ele não se parecia com pessoas de Vellistrë. Era baixo, tinha cabelos cor de caramelo e olhos castanhos claros. Vestia um manto de peles grossas de ursos cinzentos.
— Então, rei dos hölmos, o que o trás às terras geladas?
— Vim para ver minha esposa, Larissanle, e também, outros membros de minha família.
Eliarta fazia uma careta fora das vistas de Öfinnel. Seu estômago revirava. Como seria ver seu amante novamente reunido à sua esposa, depois de tanto?
— Certamente, muitos de seus descendentes buscaram refúgio entre nós. — confirmou o sacerdote.
— Eu lhes sou grato por os terem abrigado.
— Illeanur existe desde sempre, mesmo antes da fundação de Umm. — explicou o sacerdote. — E é um lugar de paz e cultivo de nobres sentimentos.
Mandou chamar os parentes de Öfinnel, mas enquanto não vinham seguiu falando sobre seu povo. Disse que antes mesmo da consolidação dos holmös e vetmös, existiu a tribo dos numös. Era uma tribo matriarcal devota à deusa da luz, Leivisa. Foram seus ancestrais que vieram para as inóspitas terras geladas ao sul, no alto da Cordilheira do Eterno Inverno, para viver em sacrifício e devoção à deusa.
O interior do casarão amplo, havendo vários salões aconchegantes, mas bem decorados e desprovidos de luxo. Sentaram-se em cadeiras dispostas em arco, no salão de reuniões. Nos cômodos tudo era muito simples e feito de madeira e de peles. Os móveis eram bem trabalhados com adornos cuidadosamente esculpidos. Havia belas pinturas e tapeçarias em algumas paredes.
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Öfinnel. Rei. Vidente. Guerreiro. Lenda.
FantasyÖfinnel foi o último rei de Vellistrë antes que fosse destruída pelas hordas de demônios invasores. Determinado, forte e imortal. Está vivo há incontáveis gerações e sua memória vai se perdendo aos poucos. Fortes ondas do destino impelem suas açõe...