O acaso parte 2

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Annabella

Hoje teria mais uma outra garota que passaria por aqui, esperava que desse certo dessa vez.

Enquanto eu ia concluindo mais um capítulo do livro, uma voz anuncia a entrada de uma paciente. Elloh já havia me avisado que a estagiária tinha chegado e como hoje foi um dia calmo, os materiais estavam todos prontos para as futuras restaurações dentária.

***

Não sabia ao certo quanto tempo havia se passado desde que ouvi a voz daquela garota que me soou um pouco familiar e eu ainda não conhecia, mas não demoraria muito para isso.

Eu terminava de fazer anotações quando a porta se abriu e nem precisei olhar que para entrar sem bater só poderia ser a minha irmã.
Continuei a anotação e então ouvi minha irmã me apresentando a estagiária. Acabei rindo bem baixo com a piada feito por Elloh. Na semana passada a estagiária tinha derrubado umas coisinhas que, ainda bem, não são tão caras e a maninha daquele jeito dela fez uns comentários entre nós que não agradariam a moça. Foi um breve descuido, mas lhe custou o emprego.

Tirei a máscara e fui levantando conforme acabava a anotação.

Percebo que ainda estou sorrindo quando a surpresa me invade e acho que ficou visível. A garotinha é a Maria Luíza!

Aquela lembrança não teve como ser evitada! Aquela noite com ela...
Tentei me recompor e soltei as primeiras palavras que vieram. Tentei parecer formal e fingir que nada se passou, mas é claro que ser discreta foi algo que ficou para só uma das irmãs. Então a Elloh, Srta Indiscreta e Não Cala a Matraca, perguntou o que estava acontecendo naquele tom como se eu estivesse condenada à prisão perpétua por ter lhe escondido algo.
Como dizer ali para a Elloh, na frente da garotinha, que eu transei com a atual estagiária que se encontra ali na minha frente?
Não contive o pensamento e tentei não ficar sem graça, mas acho que não sou boa nisso. Logo a garotinha se pronunciou, disse que iria ao banheiro, pediu licença e foi-se.

Elloh parecia esperar explicação e eu só precisei dizer:_Ela é a garotinha da noite de Halloween!

Elloh arregalou aqueles olhos esverdeados e simplesmente soltpu uma gargalhada, meio que incrédula com aquilo.

_Eu não acredito, maninha! _Falou meio que sussurrando como se não tivéssemos sozinhas na sala! _Que garotinha, viu? Olha, maninha, de garotinha não tem nada, sabia? Você sabe que ela tem quase 18 anos? Acho que não, né? Não é mais uma garotinha!

Ela se sentou na cadeira à minha frente e eu ainda em pé perplexa!
Então ela não tem 16 anos ... Realmente, não é uma garotinha.
Eu ia falar algo, porque eu sabia que a Elloh esperava que eu dissesse algo, mas ouvimos duas batidas na porta antes que a garotinha (que agora não é mais garotinha) entrou.

Então a Elloh simplesmente levantou-se e disse:_Pois é, maninha, vou ver isso logo para deixar pronto para amanhã, tenho que sair com a sua cunhada hoje então sairei mais cedo. Tenham uma boa tarde! Beijinhos.

Fez um gesto como se tivesse me dando um beijo à distância, acenou com a mão para a garotinha e saiu.

Tenho que parar de chamar ela de garotinha!

_Então ... vizinha? Que... coincidência, hein?

_Sim, Dra Annabella!

_Ahmmm, pode me chamar de Anna. Somos colegas de trabalho agora. Certo?

_Certo, Dra Anna.

Eu não sabia se ela não queria falar comigo ou se estava tão sem graça quanto eu.

_Como você percebeu, hoje não teve um movimento considerável, pelo período da tarde é mais calmo, mas não tanto quanto hoje, então não se acostume, garotinha. _Falei o "garotinha" sem querer, mas ela sorriu e então eu sorri junto.

_Que tal um café já que não há mais nada à se fazer?

_Tudo bem!

***

Garotinha

Eu estava muito desconfortável com aquela situação, quando eu havia entrado na sala da Anna a irmã dela logo saiu e eu nem soube o que dizer, então esperei pela Dra, eu tinha que ser profissional, precisa daquele emprego.

Ela tentou desenvolver uma conversa, mas eu não sabia muito o que dizer, então eu só concordava. Ela me chamou para irmos à um café, não que eu goste de café, mas fui.

Estávamos em seu carro à caminho do tal café, ela pôs músicas super legais que eu nunca havia escutado, ela parecia gostar das músicas nacionais como MPB, fazia comentários a respeito dos cantores e assim eu começava a saber mais dela. Eu olhava para frente quase o tempo todo quando não dava uma olhadela de canto enquanto ela falava ou movimentava a boca conforme a música. Ela é linda!

Comecei a me sentir mais confortável fora do local de trabalho, ali eu não precisava ser profissional, mas mesmo assim ela era minha chefe, então era melhor eu manter a postura ainda assim.

***

Para a minha surpresa ela pediu suco e lá no fundo agradeci por ter essa opção. Conversávamos, enquanto beliscava algum salgado ou bebíamos. Ela era agradável, bem divertida. Falávamos sobre diversos assuntos, ela costumava falar de uma coisa e quando eu notava já estava falando de outra. Eu sempre ria quando ela parava e dizia "Por que mesmo eu estou falando isso?". Me diverti muito e parecia que ela também.

No caminho para casa não falamos nada depois de tantos ruídos no café. Minha garganta dóia um pouco, efeito das risadas daquele fim de tarde. A sorte de ser vizinha da sua chefe é a carona! Tentei não pensar que era sorte também a chefe ser linda e você ter tido a chance de ter ficado com ela por causa de uma loucura da sua parte.

***

Ela me deixou em frente de casa, claro, eu morava em frente a casa dela!

_Obrigada pela carona e pelo "café"!_ E ri baixinho com ela.

_Até amanhã, garotinha. Boa noite!

_Boa noite, Dra Anna!

_Anna!

_Claro ... Anna! _Abri a porta do carro e sai andando, mas na verdade eu queria correr pra casa, entrar no quarto e ligar pra Lari, mas não era muito confiável, eu sei que empolgaria e estaria gritando em questão de palavras!
Continuei andando... Por que a minha casa ficava tão longe da calçada, hein?

Minha mãe me faz perguntas sobre o trabalho e ficou surpresa também ao saber da Anna, gostou da novidade, mas não demorei muito e fui para o quarto, falei que já havia comido. Então eu estava livre!
Mandei sms pra Laris! Tentei dizer muito, mas aquelas sms eram poucas! Eu estava cansada, mas queria logo está na escola e poder dá uns pulinhos idiotas para gastar a energia enquanto contava à Laris!
Dei boa noite à ela, tomei banho e não demorou muito para eu dormir depois que me joguei na cama.

Era uma vez um romance erótico.Onde histórias criam vida. Descubra agora