O dia começou pálido, as nuvens cobriam o céu como um lençol branco, o sol parecia uma pérola grande e lustrosa, havia uma pequena brisa soprando brincalhona. Sinto um arrepio na espinha ao sentir a gargalhada do vento em minha pele, beijando meus braços descobertos e levando meu cabelo ricocheteando de um lado para o outro, mesmo com o zumbido do vento assobiando em meu ouvido consigo notar as pequenas melodias sopradas de maneira musical, o belo canto dos pássaros e o tilintar de um sino dos ventos bailado ritmado com o vento, interrompendo meus devaneios ouço contra a minha vontade o som de buzinas tocando freneticas, os passos contantes de pessoas apressadas, o cheiro fétido de poluição, urina,fezes e fumaça.
Caminho devagar as pessoas estão com pressa e esbarram em mim e não se dão ao trabalho de pedir desculpas, dou de ombros eu já estava me acostumando com isso, viver em São Paulo uma das maiores cidades do País, ou como eu prefiro chama-la "Formigueiro Humano" não era como viver na Passificalândia dos meus sonhos.
Com o dia pálido assim a única visão são os aranhas-céus erguendo-se diante de meus olhos de uma forma perturbadora, São Paulo a "Cidade Cinza" como as pessoas gostam de chamar, nenhuma cor, parecia que vivíamos em um daqueles filmes antigos em preto e branco, as únicas cores eram as roupas das pessoas tons fluorescentes e muito chamativos feriam meus olhos com tamanha poluição visual, tropeço em alguém e me viro para me desculpar mais não tem ninguém lá para pedir desculpas, dou de ombros e sigo em frente.
Vou andando até o ponto de ônibus e aguardo junto com muitas outras pessoas, desde pequena tenho o hábito de observar as pessoas, antigamente eu os achava fascinante hoje nem tanto, faço isso pra me distrair, uma maneira de ignorar as lembranças de meus pesadelos, o ônibus chega e eu entro na fila para entrar, encontro um lugar ao fundo e aperto o Play no meu MP3 deixando o volume no último, algumas paradas e uma senhora entra no ônibus ninguém se levanta para que ela possa sentar, o motorista do ônibus acelera bruscamente e a senhora perde o equilíbrio me levanto e a seguro a ajudando a chegar onde eu estava e sedo meu lugar a ela, a senhora agradece com um sorriso amarelo e eu aceno com a cabeça incapaz de dizer nada.
Saio do ônibus e caminho solitária até meu apartamento na zona sul, o prédio cheio de pixação, com a pintura descascando, o cheiro de maconha infesteia o lugar junto ao cheiro forte de urina, ignoro o odor que se tornou comum pra mim, quando eu vim morar aqui no inicio eu costumava colocar meu cabelo em frente ao nariz para camuflar esses odores, mais hoje noto que não me importo mais, subo os quatro lances de escada até chegar ao meu apartamento, coloco a chave no buraco da fechadura e exito um pouco, não havia ninguém esperando por mim, giro a maçaneta e entro e dou de cara com várias caixas da mudança de quando vim pra cá a dois anos, algumas coisas eu fui incapaz de desembrulhar, assim que fechei a porta ouço o miado de "Sorte" um gato preto que aparece de vez enquando pra me fazer companhia, o gato caminha até mim de maneira graciosa ele se aproxima e se esfrega em minha perna ronronando era seu jeito de me dar as boas vindas, arranquei o sapato e os deixei na sala, não resisti ao impulso de pegar Sorte e lhe fazer um carinho.
-Por onde você andou seu danadinho? Senti sua falta.-digo para Sorte e ele simplismente lambe minha mão.
-Preciso de um banho e já que minha "sorte" voltou posso dormi com você hoje e não terei pesadelos.-cantarolo sentindo me bem com a volta de Sorte ao apartamento.-E eu comprei sardinha pra você amiguinho.
Vou até o quarto e tiro minhas roupas necessitando de um banho quente, Sorte me acompanha e me observa um tempo com um olhar inteligente ele vira o rosto olhando para o lado, esse gato parece muito humano as vezes e eu não sei se me assusto ou ignoro, gosto da companhia dele.
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No mundo dos sonhos
FantasyAinda me lembro da minha vida antiga, de como ela era comum e sem graça antes dessa confusão de agora. Eu tinha uma vida sem graça trabalhava em uma boate a noite, e voltava pra uma casa vazia durante o dia. Tinha apenas como companhia um gato de ru...