Ainda estava frio, mas logo o sol iria aparecer e Fortaleza voltaria a ser quente como habitual. Pensando no tempo, encolho-me, instintivamente, com o frio e levanto da cama para abrir a janela de madeira pesada. Uma brisa suave começa a circular em meu desorganizado aconchego e resolvo preparar um café. Caminho, então, até a cozinha e ponho a água para ferver. Faço isso todos os dias e não consigo me cansar. Antes, voltava-me continuamente ao exterior e nenhuma das atividades mais enérgicas me trariam verdadeiro contentamento. Hoje, porém, a realidade é outra.
Acostumei-me ao silêncio das madrugadas.
É um silêncio que me conforta, que me confronta. Fico a pensar nas possibilidades que há na vida, no dia, na existência e só confirmo que "não há nada novo debaixo do sol". Paradoxalmente, esses pensamentos me fazem querer viver ao máximo, viver extraordinariamente. "Expurgar tudo aquilo que não é vida". O tempo voa e a chaleira apita. "A vida é trem-bala, parceiro". A vida é ávida para ser vivida... Até esqueço o café por alguns momentos e, quando percebo, já se foram 30 minutos. "É melhor tomar logo o café, antes que esfrie, pois nada é eterno", penso e dou o primeiro gole.
